#VotaContraMinistro

Se há uma unanimidade no Brasil da sexta 13, é que o país inteiro deseja que o voto do ministro Celso de Mello, que desempatará o imbroglio do Mensalão, seja contra a reabertura do julgamento.

Os jornais brasileiros hoje foram direto personificar o caso no ministro Celso, muitos com a expressão "a decisão está nas mãos dele".

Mas esse é o tipo do caso em que o leitor não é espectador: é torcedor. Quer a derrota dos embargos infringentes. Quer condenação aos mensaleiros.

Por isso a grande capa do dia é do jornal Extra (Rio de Janeiro, RJ).

Que bela sacada! 

Conservador, moderado e criativo

A "pizzaria" STF serviu, pelo menos, para se entender a diferença de enfoque dos principais jornais do Brasil.

O Estado de S. Paulo (SP), extremamente conservador, diz em manchete o que ocorreu ontem.

Folha de S. Paulo (SP), moderada, concorda com seu concorrente e tenta pensar um pouquinho no futuro.

Já O Globo (Rio de Janeiro, RJ), preocupado com a criatividade, estampa os rostos dos juízes e seus votos, bem como já fala da consequência política em caso de aprovação.

Sem dúvidas é o melhor entre os três jornalões.

Chapa-branca na Ilha

Bastou a Prefeitura de Florianópolis anunciar um sistema integrado de ônibus para o Notícias do Dia (Florianópolis, SC) dedicar capa monotemática - algo que não costuma fazer.

A quem interessa? À Prefeitura, claro.

O sistema ainda não está implantado. O jornal não sabe se vai ou não funcionar. E já joga confetes.

Muito estranho.

O sujeito está errado

Há problemas de entendimento dos fatos no Interior Paulista.

Segundo a Folha da Região (Araçatuba, SP), "decisão" livrou políticos.

Como "decisão"? E quem tomou essa "decisão"?

Justiça livra 15 políticos, isso sim. Aliás, entre os políticos que lesaram os cofres da cidade está um ex-prefeito. Pelo jeito para o jornal isso não é relevante.

Priorização equivocada

Em um dia rico em temas locais e nacionais é inaceitável que O Estado de S. Paulo (SP), mais de 90% de circulação em terras paulistas, dedique manchete ao vai-não-vai de Obama.

O número 2 do Ministério do Trabalho caiu. José Dirceu desafia o STF. E ainda tem greve de professores na USP.

Apesar disso, o Estadão vai de Obama.

Difícil entender.

Traduzindo a sopa de letrinhas

O Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) apresenta uma ótima capa que bem diz a confusão política no Brasil.

É muita sigla para pouca política.

O desgoverno de hoje, os escândalos nos ministérios e as maracutaias na Câmara são frutos dessa sopa de letrinhas.

O local e o nacional

Florianópolis é uma cidade linda.

Santa Catarina um Estado forte, em pleno crescimento.

Então por que o jornal líder daquele Estado, o Diário Catarinense (Florianópolis, SC), não coloca sequer uma chamada local ou regional entre as três únicas de sua capa?

Calma lá:

A linda foto de Roberto Scola, da ponte encoberta pela neblina, tem destaque na primeira página. E é 100% local.

O lançamento do iPhone acontece nos EUA, mas é totalmente local, afinal é um gadget universal.

E o suicídio de Champignon também é local, uma vez que a música ultrapassa barreiras geográficas e move uma geração.

Então só mesmo a manchete, que fala em "aumento de tensão", poderia ser outra. Aliás, deveria ser outra. Não há sentido em falar da presidência e de seus atritos.

A mesma foto

OK, a foto é ótima, exatamente quando a bola cruzou o gol de Rogério Ceni.

Mas é curioso que a mesma imagem de Heuler Andrey esteja nas capas de O Estado de S. Paulo (SP) e de Folha de S. Paulo (SP).