As informações públicas estão disponíveis para todos. O que faz o melhor e o pior jornalismo é a maneira como o veículo a trata. Jornais são refinadores de conteúdo, devem agregar valor à notícia.
Por isso
O Globo (Rio de Janeiro, RJ) é hoje o jornal com maior crescimento em assinaturas (digital + papel), leva a sério a missão de melhorar o
breaking news. Há quase duas semanas
editou três páginas que rodaram o mundo, como exemplo de bom jornalismo. Hoje faz um gráfico de capa onde ensina, a um piscar de olhos, que a curva cresce rapidamente e sem controle no Brasil. É fácil entender que 5 mil mortes demoravam 42 dias para se alcançar há um mês. Hoje, em 5 dias, se chega a tal tragédia.
Certamente o diário carioca já tem planejada a edição das 30 mil mortes, algo esperado para a próxima semana.
Extra (Rio de Janeiro, RJ) e
O Estado de S. Paulo (SP) usam números puros e fotos de enterros. Chocam, mas não explicam, não agregam valor.
Correio Braziliense (Brasília, DF) trata o caso como se fosse um número qualquer, enquanto
Correio* (Salvador, BA) faz algo impensável: uma comparação com casos nos Estados Unidos e na Rússia. E no tímido gráfico a conclusão do leitor é que estamos muito bem, já que o número de casos nos EUA é cinco vezes o brasileiro. Não dá para entender.