O melhor jornalismo das Américas

O Canadá é visto como um irmão mais jovem - e mais atrasado - dos EUA. As coisas demoram mais a chegar por lá e o que é moda em Nova York hoje será visto em Toronto daqui a um ou dois anos.

Mas no jornalismo o Canadá está surpreendendo. Reportagens profundas e inteligentes, design premiado no mundo.

As capas de hoje dos dois líderes, The Globe and Mail (Toronto, Canadá) e National Post (Toronto, Canadá), não deixam dúvidas.

O Canadá tem hoje o melhor jornalismo das Américas.

Você compraria este jornal?

O Der Standard (Viena, Áustria) é um dos jornais de qualidade de Viena.

Os leitores devem ter levado um susto quando chegaram na banca hoje. Logo abaixo do logo, nenhuma manchete, mas um enorme anúncio de uma loja de moda.

Pelo menos deve ter pago os salários da redação.

Por que A Tribuna é o maior jornal do Espírito Santo?

Os jornais A Gazeta (Vitória, ES) e Notícia Agora (Vitória, ES), apesar do apoio de mídia da TV Globo local, não conseguem chegar aos pés do líder A Tribuna (Vitória, ES).
Aos domingo, por exemplo, segundo o IVC de setembro, A Gazeta tem média de 46.569 exemplares, Notícia Agora 28.157 e A Tribuna arrasa com 87.302 exemplares. É mais que a soma dos dois concorrentes.
A explicação é simples: A Tribuna olha para os problemas da cidade, busca soluções e fala dos personagens da Grande Vitória.
Hoje A Tribuna dedica quase a capa inteira à greve dos motoristas de ônibus, prevista para a semana que vem. A mão de obra de Vitória vem das cidades periféricas e depende fundamentalmente dos ônibus. A greve vai criar um problema impressionante na capital.
Notícia Agora trata o tema como secundário.
A Gazeta sequer traz o assunto na capa.
Por isso A Tribuna é cada vez mais líder.

A melhor matéria do ano é de O Dia

Uma boa reportagem precisa de planejamento. O Dia (Rio de Janeiro, RJ) planejou por 8 anos a fantástica matéria sobre o menino Luiz Inácio Matias da Silva, que completará 8 anos no último dia de governo de seu homônimo Presidente da República.

Lulinha é um personagem urbano descoberto pelo jornal. Sua vida, a melhoria de vida de sua família, é o retrato perfeito de um período em que o Brasil cresceu. Nenhuma estatística é melhor que essa história.

Uma reportagem como essa precisa de inteligência criativa, de apostas, de disposição. Primeiro para achar o personagem, depois para segui-lo por 8 longos anos.

O Dia merece todos os prêmio de jornalismo por essa sensacional matéria. Pena ter dado mais peso na capa à subida do salário mínimo do que à melhor história do ano. Erro de edição logo no dia em que não poderia errar.

Os melhores do ano na Europa

Acaba de ser divulgado o resultado do European Newspaper Award 2010, o prêmio para os melhores da Europa.
Na categoria local o Diário de Notícias (Funchal, Portugal) levou a melhor, em regional o Bergens Tidende (Bergen, Noruega) enquanto o Politiken (Copenhague, Dinamarca) ficou com o prêmio para jornais nacionais.
Fantástica é a façanha do Diário de Notícias. O jornal da Ilha da Madeira luta há muitos anos contra o poder do Presidente da Madeira, Alberto João Jardim. Este político, há mais de 30 anos no poder - como um ditador africano - tem o seu jornal também, ainda que a lei portuguesa não permita. Não importa, ele leva assim mesmo.
Pior, nos últimos 3 anos investiu zero em publicidade no DN e mais de 10 milhões de euros no Jornal da Madeira (o seu, é claro). Um caudilho que daria inveja a Fidel e Chávez, por exemplo.
Ainda assim o Diário investe em jornalismo, com uma equipe competente e um braço executivo e gerencial de primeira qualidade. Dessa forma o reconhecimento do ENA é ainda mais valioso.

PS: coordenei o projeto de novo modelo editorial e gráfico do Diário de Notícias da Madeira em 2007. Esse prêmio, que reconhece o talento do jornal, é a valorização que faltava a esse grande jornal.

O engarrafamento e o Engarrafamento

Volta de feriadão é caos no trânsito em 99,9% das vezes.

Por isso será manchete- ou melhor ainda foto de capa - quando o material for de primeira. Caso contrário trata-se de piloto-automático.

Hoje o Notícias do Dia (Joinville, SC), pequeno jornal catarinense que vem se destacando pela ousadia nos últimos dias, traz uma ótima imagem de Rogerio Souza Jr - repare na moça com meio corpo para fora do carro. Não é preciso nem legenda para se saber o que houve.

Enquanto isso O Sul (Porto Alegre, RS) publica uma foto feijão-com-arroz da estrada, onde nem há engarrafamento, nem qualquer elemento inesperado.

A imagem tem vida própria. Para o bem e para o mal.

Manchetes sem criatividade

Se é verdade que a Romaria da Medianeira recebeu 280 mil pessoas em Santa Maria, havia histórias e mais histórias para serem contadas.

Mas não. Os dois jornais da cidades, A Razão (Santa Maria, RS) e Diário de Santa Maria (Santa Maria, RS) foram no piloto-automático.

Perderam a chance. Agora só no ano que vem.

A foto da semana

Está na capa do De Standaard (Bruxelas, Bélgica).

As chuvas na região dos Paises Baixos deixaram algumas regiões de Bruxelas intransitáveis.

Alguma dúvida depois de olhar a foto?

A boa ideia pode ser copiada

O Diário de S. Paulo (SP) traz uma fantástica matéria sobre as mulheres que se dividem entre amamentação e profissão. A foto de capa é uma das mais provocantes do ano.

Na verdade as imagens pertencem ao espanhol El Mundo (Madri, Espanha), que provocou seus leitores no mês passado com essa mesma questão. A repercussão foi muito interessante, com espanholas até fazendo protestos na porta do jornal.

Já Zero Hora (Porto Alegre, RS) copia a ideia do The New York Times (Nova York, NY), que fez uma ótima reportagem sobre os quartos vazios dos soldados mortos na guerra. As famílias preservam os dormitórios intocáveis. O jornal gaúcho fez o mesmo, mas com os mortos no trânsito. Faltou coragem do editor para apostar ainda mais no assunto, como fez o Diário de S. Paulo. Mesmo assim valeu.

Cadê o editor de arte?

Alguém consegue enxergar o número 15, naquele tom verde pastel, da capa do Extra (Rio de Janeiro, RJ)?

Não funciona. Definitivamente a arte errou a cor.

Cadê o editor?

Memória rende boas matérias

Pelo menos três jornais brasileiros utilizaram temas de memória para marcar o domingo.

O Estado de S. Paulo (SP) fala de um livro desconhecido - um diário - escrito na década de 40 e que estará no Museu Judaico de São Paulo.

A Notícia (Joinville, SC) lembra um caso de polícia que, 16 anos depois, ainda não tem solução.

E o Jornal da Cidade (Bauru, SP) revisita o crime da menina Mara Lúcia, que prescreveu e não tem solução.

A boa ideia pode chegar por uma boa memória.

Oportunidade perdida no Pará

O aniversário de O Liberal (Belém, PA) serviu de gancho para um perfil do mais antigo gazeteiro do jornal, com 79 anos de idade, 61 deles dedicados a vender O Liberal nas ruas.

Até aí, tudo bem (apesar da foto do "seu" Manuel não colaborar).

Mas para que a entrevista com o presidente do grupo na capa? É algum visionário?

O medo do dono falou mais alto que o bom jornalismo.

Só dá Baêa! E CPMF...

Depois de uma longa espera o Bahia voltou à Série A do Brasileirão.

Dono da mais fanática torcida do Brasil, o Baêa (como os torcedores o chamam) chegou lá.

E os jornais não podem ficar indiferentes.

Isso é tão importante que o Correio* (Salvador, BA) não teve dúvidas em dedicar capa monotemática. Já o conservador A Tarde (salvador, BA) quis dar um menu mais amplo - e desnecessário - e encheu de pequenas chamadas, como se alguém tivesse necessidade de lê-las, ou como se fossem motivos para se comprar o jornal em bancas.

Aliás, já não é tempo de A Tarde retirar da capa, enfim, aquele editorial dos domingos? Falar de CPMF em dia de festa do Baêa é apelar para todos os santos ao mesmo tempo. É a popular pisada na bola. Procura-se um só leitor que leia esse editorial do início ao fim.