Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-08-09

sábado, 15 de agosto de 2009

O sonho não acabou

Pelo menos para o The Conway Daily Sun (Conway, New Hampshire).

Besame Mucho em versão Gripe A

O mau uso da fotografia

A fotografia salva uma capa.
Mas antes de mais nada, a fotografia precisa ser boa.
Foto boa deve ser aberta, foto ruim escondida.
Ou vetada.
O Cruzeiro do Sul (Sorocaba, SP) rasgou a foto de um parque da cidade.
A foto é apenas um postal. Sem qualquer emoção. Foto descartável.
Por que tanto espaço na capa?
O jornal Hoje (Cascavel, PR) aposta em uma foto de pessoas na rua, sem qualquer brilho.
Foto ruim, sem impacto.
Mas esconde no pé na capa uma linda foto de uma jovem utilizando máscara para proteger-se da Gripe A, com os dizeres "Fora Sarney".
Essa é a foto do dia! Seria outra capa, se esta fosse a foto rasgada.
Já o Diário do Pará (Belém, PA) teve a mesma idéia do The Virginia-Pilot no meio da semana.
Mas a foto não ajudou.
A imagem da pista vazia em primeiro plano é muito mais chamativa que o engarrafamento na pista lateral.
Falta cultura visual nos jornais brasileiros.

Para números, tente comparar

Os números muitas vezes trazem informações traiçoeiras.
Se o Brasil tem 191 milhões de habitantes, isso é muito ou pouco?
Difícil afirmar. É muito se comparado ao Chile. É pouco se o modelo for a China.
Por isso a comparação, quando se quer assumir uma posição, é a melhor saída.
Para O Estado do Paraná (Curitiba, PR) basta dizer que o Paraná tem 10,6 milhões de habitantes.
E daí?
O que esse número quer dizer?
Muito melhor fez a Gazeta do Povo (Curitiba, PR) que comparou a população de uma cidade - Curitiba - com outros estados brasileiros.
As mesmas informações, dois modos de publicá-la.
Acertou a Gazeta.

É preciso saber valorizar o conteúdo

O jornal A Tarde (Salvador, BA) soube enxergar a notícia.
A tragédia da Fonte Nova mexe com todo o Estado.
Por isso é preciso sempre valorizar aquilo que toca o leitor.
A não punição dos envolvidos - inclusive o ex-craque Bobô - no acidente que matou sete pessoas e interditou o estádio da Fonte Nova há quase dois anos é o talk of the town.
Não se pode brigar com a notícia.
Acertou A Tarde.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Grito e o vinho

Na Rússia ou nos Estados Unidos, capa precisa ter bom gosto, ser relevante e chamar a atenção.
E não é preciso ter políticos ou empresários.
Isso requer trabalho e criatividade.
Como fizezam o Delovoy Peterburg (São Petersburgo, Rússia) e o Sun Sentinel (Fort Lauderdale, FL).


O cineminha de novo

Fotos em tamanhos iguais, só para cineminha.
Como fez o American News (Aberdeen, South Dakota).
A idéia foi mostra o que acontece com um ovo sobre o capô de um carro.
Com a temperatura subindo.

Viva a guitarra elétrica

Les Paul morreu.
Sua invenção maior, a guitarra elétrica, está bem viva.

Propaganda na capa

A publicidade da Ikea é tão bonita que nem parece anúncio.
Mas é.

O óbvio em manchete

Chico Fraga é ex-secretário municial de Canoas (RS).
Segundo a Justiça, está envolvido em boa parte dos escândalos que rondam o Governo do Estado.
Teria articulado desvio de verbas.
É um dos protagonistas do caos no Rio Grande.
Como todos os envolvidos, diz que é inocente.
Isso seria manchete em algum lugar?
Não.
É tudo o que o leitor não quer.
Errou o Diário de Canoas (Canoas, RS).
Ou decidiu, por algum motivo, apoiar o ex-secretário.

Selvageria em Caracas

Simpatizantes do presidente Hugo Chávez agrediram 12 jornalistas nas ruas de Caracas ontem.
Oito deles receberam atendimento médico.
Detalhe: todos pertencem à Cadena Capriles, que edita o jornal Últimas Notícias.
O UN é considerado o mais chavista de todos os jornais da Venezuela.
Os agressores passaram dos limites.
Muito.

A foto que faz a diferença

Quando os vereadores de Curitiba decidiram visitar o lixão da Caximba, desejam criar um fato novo.
O aterro sanitário é problema há sete anos. Sem solução.
A única novidade de ontem, além do passeio dos parlamentares, é que a voz oficial disse que ainda há capacidade para recolher entulhos por mais 12 meses.
Uma vergonha para Curitiba.
A Gazeta do Povo (Curitiba, PR) colocou a foto encomendada.
Aquela que as esposas e os pais dos vereadores se orgulham.
Sem impacto. Digna de porta-retrato na mesa de trabalho.
Mas o texto condena os vereadores.
Já o concorrente O Estado do Paraná (Curitiba, PR) publica uma foto genial.
É o retrato do abandono. Até o cachorro dá as costas.
Em compensação o texto é mais oficial que o realease da Câmara.


Altos e baixos nos Associados

Os dois maiores jornais dos Diários Associados precisam conversar mais.
Suas edições de hoje revelam que a distância entre Brasília e Belo Horizonte é bem maior que os 716 quilômetros que aparecem nos guias das estradas.
Enquanto o Correio Braziliense (Brasília, DF) brilha com a história de Benta, que oficialmente já morreu duas vezes mas segue viva no Planalto Central, o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) vem com uma manchete enigmática.
Pobres deixam para trás ricos e classe média?
Isso é piada de mau gosto?
É pegadinha?
Os pobres só deixam os demais para trás em índice de pobreza.
Só nisso.
Bola fora do EM.

A mania de ser jornalão

A Folha de S. Paulo (SP) é o maior jornal do Brasil.
Conquistou essa posição com seriedade, bons artigos e matérias relevantes.
Mas ao insistir em ser mais realista que o rei e esquecer o interesse do leitor poderá levar chumbo.
A grande reportagem do dia não está na manchete, mas escondida no final da capa: os gastos do prefeito com publicidade. Isso motiva leitura, isso vende jornal, isso aproxima o leitor.
Só que a Folha ainda insiste com a mania de ser oficialista e opta por uma manchete sem qualquer repercussão para o leitor.
Manchete vazia.
Falar de bancos só interessa aos banqueiros.
E a alguns políticos.
A síndrome de jornalão pode estar matando a Folha.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Show, don't tell

É só olhar para a capa do The Globe and Mail (Toronto, Canadá) para entender a mensagem.
Simples e eficiente.

É preciso saber usar a boa foto

O jornal O Povo (Fortaleza, CE) apresenta uma excelente foto que bem representa a miséria do interior do Ceará.
A história é ótima, uma família que se nega a sair da casa de taipa que precisa ser desapropriada para obras de uma refinaria da Petrobrás.
Oferecem apenas R$ 23 mil.
A família quer mais.
A foto, com cachorro e tudo, é digna de Vidas Secas.
Faltou apostar mais nessa história, na boa foto.
Ela concorre com a foto de agência do descartável jogo do Brasil.
Já o jornal Correio do Povo (Porto Alegre, RS) preferiu abrir bem uma foto comum, montada, que bem caberia em um album de namorados, em vez de mostrar os alagamentos da região, que ficou como imagem secundária.
Se há investimento em fotos aéreas - e o efeito é chocante - é preciso saber usar a foto.


Apelo gratuito

O jornal O Dia (Rio de Janeiro, RJ) apelou.
A capa de hoje chama a atenção pelo grafismo, mas a informação é vazia.
A pena de 31 anos de cadeia só ganhou esse peso todo porque as vítimas eram profissionais de O Dia.
Mas qual é a pena ao editor que enviou seus profissionais à favela sem segurança?
Qual será a punição a quem acabvou com a carreira de uma repórter e um fotógrafo, que não puderam mais trabalhar pelas ameaças da milícia?
Por decisões editoriais como essa, O Dia hoje perde em circulação no Rio para O Globo, Extra e até para o Meia Hora, da mesma empresa de O Dia.

Sua excelência, a abelha

E se no verão de Lewiston (Idaho) não houver nada mais emocionante que uma abelha pousando em um girassol, qual o problema de dar essa imagem na capa, como fez o The Lewiston Tribune?

Um acertou, o outro errou

O leitor procura em um jornal aquilo que não pode ter em outras mídias: explicações, motivos ou detalhes desconhecidos.
Em um jogo de futebol, qualquer lance de campo é acompanhado pelas câmeras de TV.
E a TV mostra o jogo.
Ao vivo.
Por isso o El Heraldo (Tegucigalpa, Honduras) acertou em cheio com a foto dos torcedores animados, uma vez que os 4 a 0 sobre a Costa Rica já eram bem conhecidos.
E pelo mesmo motivo o Charlotte Sun (Charlotte, FL) erra redondamente ao anunciar uma reportagem sobre como está a região cinco anos após o furacão Charley, que varreu a Flórida.
As imagens da capa do jornal americano são de 2004.
E são ruins.
Ou seja, o leitor não entende nada.



Cartoon na capa? Por que não?

Excelente capa do The Times (Joanesburgo, Áfica do Sul).
Não há limites para a criatividade.
Erra quem apenas segue fórmulas e manuais.

Aposta em boas histórias

O que o Correio Braziliense (Brasília, DF) e o The Washington Post (Washington, DC) têm em comum além de circularem nas capitais de Brasil e EUA?
Os dois jornais apostam em boas histórias.
E deixam bem claro a escolha.
O CB traz hoje a história de Abílio Pinto, aposentado que espera todo ano a chegada da época do Natal, quando trabalha como Papai Noel.
Já o WPost conta o drama de Clarence Primm, desempregado, explicando assim a recessão rural daquele país.
Boas histórias e ótimas fotos.
Mais que tudo, o diretor soube aproveitá-las.



Políticos na capa. De graça

Os políticos adoram estar nas capas dos jornais.
Os leitores odeiam.
Mesmo assim O Estado do Maranhão (São Luís, MA) coloca hoje a governadora e acionista do jornal Roseana Sarney na capa.
E o Jornal de Limeira (Limeira, SP) inventa motivo para, em uma só imagem, agradar o governador do Estado e o prefeito da cidade. Mesmo sem matéria.
São decisões editoriais como essas que provocam a fuga dos leitores, a queda nas vendas e o descrédito no jornalismo.


A Record errou o bote

A Rede Record utilizou 14 minutos de seu noticiário em horário nobre ontem para atacar a Rede Globo.
A Globo teria utilizado 10 minutos para noticiar o processo contra líderes da Igreja Universal - fato que foi capa da Folha de S. Paulo terça-feira.
Mas quem acusa o bispo Edir Macedo e mais oito cúmplices não é Globo, mas a Justiça.
A Record deveria se preocupar em defender-se ante a Lei, não ao telejornal concorrente - que tem muito maior audiência.
Isso não é jornalismo.
Errou feio a Record.
Errou de alvo.
E o processo segue firme e forte.






quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os pêssegos do Chicago Tribune

Um dos mais importantes jornais do mundo não tem medo de colocar pêssegos na capa.
No Brasil muitos diretores torceriam o nariz.
O Chicago Tribune (Chicago, IL) faz uma análise dos pesticidadas sobre a fruta.
E dá a receita para se reduzir os riscos ao comê-la.
Jornalismo puro.
E há quem pense que jornalismo só se faz com políticos e empresários.

Subestimaram o leitor

O jornal El Espectador (Bogotá, Colômbia) fez uma capa muito inteligente.
A foto na sombra do presidente Alvaro Uribe não deixa qualquer dúvida sobre o protagonista.
O tema é quente, a possibilidade de um terceiro mandato.
Mas com tanta criatividade, não dá para entender a palavra Uribe, em letras garrafais.
Isso é reduzir o trabalho do fotógrafo e do editor de arte.
E chamar o leitor de ignorante.

Quem tem razão?

Alguém exagerou.
Ou desdenhou.
Segundo o Jornal da Globo, Cascavel (PR) está fechada à noite, para evitar contaminação por gripe suína.
A notícia abriu o telejornal de ontem.
Já o Hoje, o jornal da cidade, fala da determinação, mas dedica menos espaço que à merenda estocada.
Quem agiu certo?





A gripe pegou

Até no Kosovo (você sabe onde fica o Kosovo?) a gripe suína é notícia.
Tamiflu, Tamiflu, Tamiflu.
É o que mostra a capa do Bota Sot (Pristina, Kosovo).

Os motivos de Schumacher

Os mesmos jornais que comemoraram o retorno de Michael Schumacher à Fórmula-1 agora explicam sua desistência.
Mas cada um à sua maneira.
Na Áustria e na Alemanha, toda culpa no pescoço.
Na Itália, terra da Ferrari, desilusão.

Fotos iguais, só com cineminha

Uma capa deve, sempre, ter alguma imagem dominante.
Sempre.
Só se deve utilizar imagens do mesmo tamanho quando o objetivo for comparar ou dar movimento.
Como em uma sequência de imagens, um cineminha.
As capas do inglês The Guardian (Londres) e dos canadenses The Globe and Mail (Toronto) e Edmonton Journal (Edmonton) demonstram isso com qualidade.

Cadê a história?

O jornal Diário da Região (São José do Rio Preto, SP) tinha uma grande história na mão ontem.
Mas não soube transformá-la em grande matéria.
A história do passageiro que decidiu fumar no banheiro do avião é ótima.
Só que o leitor precisa buscá-la em qualquer outro local, exceto no Diário da Região.
Nas páginas do Diário, se preocurar, não vai encontrar.
A reportagem do jornal traz apenas o nome do sujeito e as informações oficiais, da companhia aérea e da Polícia Militar.
Faltou, no mínimo:
1. Entrevistar o passageiro;
2. Publicar sua foto;
3. Entrevistar o comandante;
4. Entrevistar outros passageiros, para saber do clima a bordo;
5. Um infográfico contando passo a passo o que aconteceu;
6. Um box lembrando casos famosos de fumo no banheiro, como a queda do Boeing 707 da Varig na chegada ao Aeroporto de Orly, em Paris;
A história do vôo 5608 é daquelas que todo jornal quer ter.
O Diário da Região teve.
E não soube usá-la.


Bairrismo goiano

Foi-se o tempo em que as notícias sobre os donos de jornais ganhavam a capa.
Principalmente nas capitais e grandes cidades, onde o leitor é mais exigente.
A primeira pergunta que um diretor deve fazer quando surge um tema para disputar espaço na capa é "a quem interessa isso?"
Portanto é estranho e inaceitável que um jornal líder, como O Popular (Goiânia, GO) coloque na capa a notícia "Senado destaca Jaime Câmara".
1. Isso só interessa à empresa, à família Câmara e ao senador que fez a homenagem;
2. A foto é tudo aquilo que não se quer: mesa, políticos, pose;
3. O leitor não quer ver rostos de senadores ou do presidente da empresa, isso é coisa de jornal pequeno;
O bairrismo de O Popular consegue ser ainda mais profundo quando se lê o final da legenda da foto: "O senador Marco Maciel disse que O Popular é um dos melhores jornais do País".
Sem comentários.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

JN exemplar

Os interesses da Rede Globo são conhecidos.
A concorrência com a Rede Record também.
Por isso uma cobertura equilibrada sobre a ação que atinge o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus é mais que bem-vinda.




E, seguindo a cartilha do bom jornalismo, abriu espaço para a defesa.

A Folha furou a concorrência

Um grande jornal vive de grandes reportagens.
A exclusiva é tudo o que o jornal pretende ter.
A manchete da Folha de S. Paulo (SP) é um furo que repercutiu durante o dia inteiro.
No Brasil e no mundo.
Detalhe: a Universal é dona da Rede Record e dos jornais Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG) e Correio do Povo (Porto Alegre, RS).

Até o The New York Times

Para quem ainda tinha dúvidas, o The New York Times ensina.
A grande foto deve entrar na capa, mesmo que o tema não seja palpitante.
A foto das enchentes na China é impressionante.

O corte certeiro

Muitos fotógrafos ainda acreditam na teoria arcaica que uma foto não pode ser cortada.
A mesma idéia de repórteres que exigem que seu texto não possa ser mexido.
Editar é correr riscos.
Cortar, acrescentar, melhorar.
Tudo para deixar o conteúdo mais perfeito.
A foto principal da capa do The Virginia-Pilot (Norfolk, VA) mostra exatamente como uma foto pode melhorar se receber o corte adequado.
O trânsito só impacta pela verticalidade da imagem.
Fina e comprida.
Sem medo.