O tradicional diário argentino
La Nación (Buenos Aires, Argentina) anunciou hoje que o exemplar distribuído nesse domingo de páscoa é o último com o tradicional formato standard (56cm x 34cm). A partir de agora
La Nación terá as medidas de um berliner (quase um tabloide), 41cm x 28cm. Aliás, o diário argentino já circula assim de segundas às sextas desde 2016, mantendo o standard apenas aos fins de semana. Mas não mais.
Por mais que a direção do La Nación anuncie tratar-se de uma evolução, está bastante claro que se trata de uma operação de corte de custos. Corta-se o papel para não se cortar cabeças. A economia com a troca de formato pode chegar a 20% nas edições de sábado e de domingo, nada mal.
O jornal argentino tentou conquistar mais audiência na operação de cinco anos atrás. Mantinha o formato tradicional aos finais de semana, para o público que prefere a profundidade, e reduzia o tamanho durante a semana. A ideia parecia genial, mas não deu certo. É motivo de piada o enorme volume de exemplares que encalhava todos os dias nos aeroportos de Buenos Aires, mesmo que a distribuição fosse gratuita para os passageiros, nos portões de embarque. O formato parecia favorecer a leitura a bordo. O conteúdo, não.
La Nación vai sobreviver por mais algum tempo, com artimanhas como essa. Mas não por muito. Rapidamente se tomará decisões mais duras, do tipo reduzir um dia por semana a circulação. Depois, talvez, transformar o diário em semanal. Até sumir das bancas. Para evitar esse quadro seria preciso repensar o produto. E ter coragem de mudar.
A mudança do La Nación é um ótimo aviso aos jornalões brasileiros. É hora de mudar. Ou morrer.