Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-11-15

sábado, 21 de novembro de 2009

O futuro contra o passado

O Jornal NH (Novo Hamburgo, RS) conseguiu ser útil ao leitor, entendendo o novo perfil de um jornal no século XXI.
Depois de alguns dias de temporais e ventanias, o diário joga suas fichas no futuro. "Ainda corremos riscos?", pergunta, oferecendo as respostas que um gaúcho quer verdadeiramente saber.
Já os tradicionais Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Correio do Povo (Porto Alegre, RS) preferiram o lugar-comum da notícia, notícia e notícia.
Não se trata de erro e acerto, mas de oferecer ao leitor o algo a mais.
Se as imagens da destruição do Litoral Norte já são conhecidas (estavam em todos os canais de TV e na Internet ontem), dizer o que virá pela frente é uma aposta certeira.

A arte de O Povo a cada dia melhor


Excelente idéia na capa de O Povo (Fortaleza, CE).

O coração feito com as camisetas das duas equipes do Estado, que lutam para ficar na Série B (Fortaleza) e para subir à Série A (Ceará).

A arte limpa e inteligente é fator diferencial de O Povo sobre a concorrência.

A confusão de números entre os jornais baianos

O leitor baiano enlouqueceu hoje cedo.
Olhou as capas dos dois principais jornais do Estado e precisou pensar várias vezes para descobrir se não estava ainda dormindo.
O líder A Tarde (Salvador, BA) cravou que a Ford vai criar mil novos empregos na Bahia.
O concorrente Correio* (Salvador, BA) garante que a montadora gerará 11 mil empregos.
Entre o que A Tarde diz e o que o Correio* garante são 10 mil empregos de diferença!
E aí, como é que fica o leitor?
A leitura atenta das reportagens dos dois jornais revela que mil é o número que Ford anuncia. Entre os novos contratados pela montadora, pelos sistemistas, pelo processo de fabricação de automóveis, a empresa espera abrir mil novos empregos.
Só que a alegria do secretário da Fazenda da Bahia, Carlos Martins, respingou no repórter do Correio*. Afobado, como um tradicional político diante de jornalistas sedentos por notícias, Martins saiu dizendo que serão outros 10 mil postos de trabalho na cadeia produtiva. Como assim? Ele tirou o número da cartola, sem qualquer estudo para embasar a informação.
Nesse caso, faltou à reportagem do jornal baiano o atributo básico da profissão: desconfiar.
A diferença entre 1.000 e 11.000 é bem maior que o algarismo 1.
Ganhou o governo baiano, que passou seu otimismo.
Perdeu o Correio*.
Perderam os leitores.


Na Itália, também só dá Brasil


Está na capa de La Repubblica (Roma, Itália).

A morte do travesti brasileiro Brenda, encontrado parcialmente carbonizado em Roma, pode não ter sido um acidente.

Pivô do caso que derrubou o governador local, o travesti poderia ter sido assassinado.

A imprensa brasileira, como no Caso Gatti, não pode ficar de braços cruzados esperando que as informações decisivas cheguem à redação.

Bom repórter investiga, desconfia, vai atrás de indícios.

O caso Gatti não acabou


A misteriosa morte do pugilista ítalo-canadense Arturo Gatti em Porto de Galinhas ainda vai render muitas páginas de jornal.

A polícia local garante que a viúva e principal suspeita, a brasileira Amanda Rodrigues, é inocente.

Só que o Journal de Montreal (Montreal, Canadá) publica hoje uma matéria exclusiva com o advogado da família de Gatti, que anuncia um processo contra Amanda, para provar sua culpa.

A novela ainda terá muitos capítulos. E como há personagens brasileiros, é bom que a imprensa nacional não perca o caso de vista.

Troféu ridículo do ano


O jornal O Sul (Porto Alegre, RS) conseguiu se superar.

Nunca se viu na imprensa gaúcha algo tão absurdo como a capa de hoje.

A manchete chama para as sete mortes em decorrência dos temporais no Estado. Uma tragédia.

Já a foto mostra a governadora do Estado, Yeda Crusius, em pose de modelo, acompanhada pelas concorrentes de A Mais Bela Gaúcha 2009. Uma comédia.

Talvez o jornal tenha vendido alguns exemplares a mais, para pais, mães, namorados e avós das meninas de pernas de fora da foto. Mas certamente cai em queda livre na preferência de quem compra jornais em Porto Alegre.


Lamentável.

O casamento do real com o digital

Pranav Mistry é indiano.
Jovem.
Gênio.
Ele é o inventor do SixthSense, uma ferramenta que realmente une elementos reais com o mundo digital.
E o contrário também.
Pranav explica em um dos tantos vídeos do TED algumas de suas idéias.
Imperdível para quem gosta de saber hoje o que vai acontecer amanhã.

Dica do colega Gabriel Sama.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Os procurados de Florence


Os jornais retratam a sociedade em que circulam.

Não adianta querer ser The New York Times em Jundiaí, por exemplo.

O Times Daily (Florence, AL) colocou na capa os criminosos mais procurados do Colbert County, onde também circula, com seus delitos.

Vale a pena ler. Entre os "perigosos bandidos" que quem é procurado por dar um cheque sem fundos no Walmart!

Boas idéias para marcar o dia

Em algumas cidades hoje é feriado. Dia da consciência negra. Lembra a morte de Zumbi dos Palmares.
Alguns jornais decidiram aproveitar o gancho da data para discutir o tema.
O Diário do Norte do Paraná (Maringá, PR) traz uma boa entrevista com uma autoridade local no assunto. Melhor que a entrevista é o corte na foto de capa. Perfeito.
A Tarde (Salvador, BA) apresenta um caderno especial sobre a economia dos negros em Salvador. A foto, produzida, brinca com os búzios e o dinheiro. Não chega a ser um primor, mas serve para o que se pretende.

A aposta certeira de Limeira


Um jornal não vive só de histórias oficiais, atos de autoridades e agenda pública.

O bom jornal descobre histórias na comunidade. Exatamente como fez o Jornal de Limeira (Limeira, SP), que acompanha a história de Andréia, a auxiliar-geral de 24 anos que vai casar amanhã em uma cerimônia coletiva.

A matéria revela a expectativa de Andréia e certamente é assunto hoje nos cafés da cidade.

O leitor agora vai querer saber se tudo deu certo na hora do "sim" de Charles e Andréia.

As coincidências entre concorrentes

Os concorrentes estão a cada dia mais parecidos.
Parece - e há quem garanta que é assim mesmo - que um imagina como o outro vai conceber sua capa para definir suas apostas.
Em vez de buscar o diferente, crava o igual.
Hoje os concorrentes Folha de S. Paulo (SP) e O Estado de S. Paulo (SP) foram idênticos ao abrir suas manchetes: Governo estuda. O tema é diferente, mas a idéia é a mesma.
Entre os gaúchos, a mesma coisa.
Depois da passagem de chuvas e ventos na quinta-feira, os concorrentes Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Correio do Povo (Porto Alegre, RS) receberam a mesma inspiração do além: Devastação.
Dessa forma o leitor fica sem opções.
E cada vez mais volta para casa sem comprar jornais.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A notícia e o algo mais

O caso Cesare Battisti movimentou o Supremo ontem.
E ao final tudo passou para as mãos do presidente Lula.
Até aí, é notícia. Notícia, fato, informação, aquilo que a televisão, o rádio e a Internet comunicaram no dia de ontem.
O talento de um jornal é, a partir do fato, ir mais longe.
A Folha de S. Paulo (SP) conseguiu: prevê o desejo de Lula em manter o italiano no Brasil.
Zero Hora (Porto Alegre, RS) não avança um milímetro: é a repetição do que o leitor já sabia ao assistir os telejornais de ontem.
O Povo (Fortaleza, CE) e O Liberal (Belém, PA), sem grandes informações a adicionar, brincaram com a nova realidade de Lula. E assim justificaram a escolha da manchete.
Desse grupo, só o jornal gaúcho pisou na bola.






A foto não deixa mentir


Excelente escolha de foto para a capa do Pioneiro (Caxias do Sul, RS).
A estrada, que mais parece um enorme remendo, precisa de reparos. Com urgência.
A foto conta a história inteira do descaso.

Uma reportagem multimídia de verdade





O The Roanoke Times (Roanoke, SC) é um exemplo mundial de inteligência e estratégia multimídia.
Multimídia é utilização de várias mídias como forma de melhor contar uma história.
No Brasil chamam de multimídia os exemplos de muitas mídias. Repete-se informações em jornal e web e ainda afirma-se: nossa cobertura multimídia.
Tolice, isso não é multimídia.
Aliás, no Brasil não há ninguém praticando a estratégia editorial multimídia de verdade.
Mas talvez estudando os exemplos do Roanoke, um pequeno jornal de uma pequena cidade na Carolina do Sul, pode-se aprender algo.
A reportagem publicada esta semana sobre o álcool nas universidades para menores de 21 anos é fantástica.







quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O jornalismo de soluções do i


O jornal i (Lisboa, Portugal) inova em todos os sentidos.

Depois de ser considerado o melhor jornal da Europa 2009, o diário lançado em maio segue surpreendendo.

A capa de hoje é um exemplo de criatividade, expondo o problema e a solução.

Esse jornalismo de coragem e de inteligência, ideal para a era em que a informação corre à velocidade da luz, é que está conquistando Portugal e a Europa.

Parabéns ao i.

Dica do blog Innovations in Newspapers, de Juan Antonio Giner.

Na Espanha, cada um vê o que quer

Terminou ontem o sequestro do pesqueiro espanhol Alakrana, depois de 47 dias nas mãos dos piratas.
Os 36 tripulantes estão salvos.
O governo espanhol pagou resgate de US$ 4 milhões.
Nenhum pirata foi capturado.
Como tudo na Espanha, um enorme debate político nasceu a partir do final do sequestro.
O desfecho foi bom? Não capturar os piratas foi incompetência?
Os jornais, que não escondem suas preferências políticas, tem enorme munição em suas edições de hoje.
Público (Madri, Espanha), pró-governo, rasga a palavra "Livres".
El País (Madri, Espanha), pró-Partido Socialista, que está no poder, mas não tanto ao primeiro-ministro, acrescenta o valor do resgate na manchete. Uma crítica, ma non tropo.
El Mundo (Madri, Espanha), de oposição, vai duro: "O governo paga e não consegue prender os piratas".
Cada um enxerga o que quer.


Matéria rápida e eficiente


Que a alimentação de fast-food dos americanos não é saudável, não chega a ser novidade.

Mas o The Huntsville Times (Huntsville, AL) foi mais longe: fez um de seus colunistas correr duas milhas, em seguida comer 12 dunnets - um biscoito muito popular e bem vendido nos EUA - e depois voltar à pista para tentar correr.

O relato divertido valeu capa do jornal do Alabama. Leitura obrigatória.

O Post foi original. De novo

Outra vez o The Washington Post (Washington, DC) soube optar pelo diferente, surpreendente, enquanto a concorrência vai pelo óbvio.
Ontem o Post já havia mostrado o que o leva a ser o jornal mais influente do Capitólio.
Hoje o jornal da capital escolhe uma foto que tinha tudo para ser burocrática, exceto pelo ângulo. A maneira como o repórter-fotográfico enquadrou a caminhada dos líderes dos EUA e da China, dando destaque às reações curiosas dos soldados chineses, vale a capa.
Já o The New York Times (Nova York, NY), o The Miami Herald (Miami, FL) e o líder absoluto do país USA Today (McLean, VA) preferem imagens absoluamente esperadas.
Sem surpresas.

Jornal Agora publica matéria velha

A história do feirante que foi proibido pela Prefeitura de Franca de gritar é muito curiosa e valeu a capa do Comércio da Franca (Franca, SP) de ontem.
Hoje a mesma história, com a mesma foto, está no Agora (SP).
Nenhum problema em publicar algo que tenha saído em um jornal de outra cidade, outro público, mas talvez sua aposta na capa esteja exagerada, uma vez que não se trata de novidade.

Comércio da Franca, Terça-feira.................................Agora, Quarta-feira..............

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Post fugiu da lógica e brilhou

Qual a imagem mais previsível da visita do presidente Barack Obama à China?
Fácil, Obama cumprimentando alguns chineses.
Essa é a foto do The New York Times (Nova York, NY). Sem emoções, sem surpresas.
Qual a foto alternativa?
Também é fácil, as bandeiras dos dois países.
É o que está na capa do The Wall Street Journal (Nova York, NY). Curiosa, mas já vista muitas e muitas vezes.
O que ninguém poderia prever é a imagem que domina a capa do The Washington Post (Washington, DC), de Yi Caijing. O ObaMao virou sucesso de vendas na China antes da chegada do presidente americano. E, de repente, sumiu das ruas.
Grande história do Post, grande foto. Dessa forma o jornal se torna necessário.


Comparando concorrentes - Curitiba

A Justiça determinou que a Prefeitura de Curitiba retire das ruas os pardais, que multam automóveis que cometem infrações.
Só que a Prefeitura não cumpriu.
A Gazeta do Povo (Curitiba, PR) deu na manchete. Muito bem.
Só que O Estado do Paraná (Curitiba, PR) publicou a foto de um pardal em ação.
Nesse caso, contra a imagem é difícil competir.
Show, don't tell.
Ponto para O Estado.


Um ótimo exemplo da Dinamarca


Participação cidadã de verdade foi o que fez o Politiken (Copenhague, Dinamarca).

Convidou aleatoriamente 15 pessoas para reivindicarem alguma coisa aos políticos locais. Caneta na mão, cartaz na mesa e uma foto no jornal.

Os 15 instantâneos, verdadeiros, emotivos, fizeram o Politiken ensinar ao mundo uma forma fácil e inteligente de se fazer uma capa.

A manchete dos sem-manchete

Os jornais líderes da Bahia e de Goiás devem ter penado muito em busca de alguma manchete ontem.
A solução de A Tarde (Salvador, BA) e O Popular (Goiânia, GO), apesar dos 1752 quilômetros que separam Salvador e Goiânia, foi a mesma: um balanço de vítimas.
Algo popular, de alto índice de leitura, é verdade. Mas talvez abaixo da expectativa que um leitor fiel a estes jornais pode ter.
Acabou por ser uma coincidência.

Para quanto vai o IPTU de São Paulo?

Se depender da precisão da imprensa paulistana, é difícil dizer.
A Folha de S. Paulo garante que o aumento será de até 60%.
O Jornal da Tarde é mais comedido, diz que será de até 40%.
Já o Diário de S. Paulo, mais didático, arrisca uma margem maior, de 26% a 40%.
O leitor, maior interessado nessa informação, fica completamente perdido.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

i, o melhor jornal da Europa


O i (Lisboa, Portugal) acaba de ganhar o European Newspaper Award, prêmio de melhor desenho e conceito entre os jornais da Europa.

Desde seu nascimento, há seis meses, o i vem acumulando reconhecimentos de todas as instituições internacionais. O desenho - de Javier Errea, diretor de design da Innovation Media Consulting - é surpreendente. E deriva de um projeto capitaneado pelo diretor do i, Martim Ávilez Figueiredo, pelo seu diretor-adjunto André Macedo, e pela equipe do jornal, depois de meses de discussões e estudos com a Innovation Media Consulting.

O i ainda está em pleno crescimento e vai longe. Já repercute no dia-a-dia de Portugal. Já aparece com destaque nos programas de TV sobre mídia (algo muito comum em Portugal).

Parabéns à equipe do i pela ousadia de lançar um jornal quando todos os economistas aconselhavam o contrário.

Nota do editor: Depois de participar da odisséia da concepção e lançamento do i, acabo de voltar a Lisboa para uma revisão no projeto. Felizmente a "cultura i" está se disseminando em todo o grupo, o que garante um jornal de qualidade para o futuro.

PS: mais páginas do i estão no blog de Juan Antonio Giner, Innovations in Newspapers.