Imprima essa Página Mídia Mundo: 2013-01-06

sábado, 12 de janeiro de 2013

Quando a chapa é branca demais


A saúde pública em São Luís está em situação de emergência. O novo prefeito da cidade denunciou desfalque de R$ 140 milhões da antiga gestão apenas em verba destinada à saúde, segundo auditoria.

Faltam leitos. Falta material básico. Faltam reformas nos prédios dos hospitais e das UPAs. Faltam médicos. Falta remédio. Falta tudo.

Sobram doentes nas filas, nos corredores.

O que diz em manchete o jornal O Estado do Maranhão (São Luís, MA)? Que o Governo tem disposição para parceria na saúde.

Ora, Roseana Sarney - governadora e acionista do jornal - está no comando do Estado há seis anos. Se tivesse disposição já teria ajudado.

Mas os Sarney, sempre sobre o muro, não querem tomar posição contra o prefeito que saiu - João Castelo, do PSDB - nem a favor do que assumiu - Edivaldo Holanda, do PTC.

Assim a saúde pública continua no buraco, o jornal segue sem informar o que o leitor quer saber. E Roseana ainda prefere se tratar em São Paulo do que em São Luís.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

5 dicas da BBC para webjornalistas


Os conselhos são de Steve Herrmann, editor do site da BBC News (Londres, UK).

O que ele busca nos jornalistas que se candidatam a trabalhar por lá:

1. Habilidades tradicionais - O conhecimento básico que todo jornalista deve ter, em qualquer plataforma, desde curiosidade e boas fontes;

2. Rapidez - A velocidade online é fundamental, o deadline é permanente;

3. Cultura visual para contar histórias - É preciso ter bons conhecimentos de todas as ferramentas disponíveis (áudio, vídeo, grafismo) para melhor contar uma história;

4. Redes sociais - É fundamental conhecer a potencialidade das redes sociais, para buscar conteúdo e divulgar o material produzido;

5. Paixão por dados - É uma característica necessária para jornalistas em qualquer plataforma, talvez mais em online pela facilidade da busca de informação;

Steve Herrmann, porém, exige mais uma qualidade extra: estar aberto a mudanças. Esta, possivelmente, é a mais importante de todas. Sem querer mudar, nada feito.

O link para o texto original está aqui.

PS: Dica do colega e amigo Claude Erbsen.

Cobrindo a posse de Chávez sem Chávez

Quando os fatos já são conhecidos previamente é preciso encontrar um novo viés de cobertura.
Na posse de Hugo Chávez sem Hugo Chávez ganharam os fotógrafos.
A foto de Jorge Siva, da Reuters, nas capas de The Washington Post (Washington, DC) e El Colombiano (Medellin, Colômbia) é sensacional.
A imagem da Agência Efe na primeira página de El Espectador (Bogotá, Colômbia) e de AVN em El Universal (Caracas, Venezuela) também são ótimas.
O resto é o resto.









quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O chefe sempre tem razão



Uma antiga piada dizia que em uma empresa havia um cartaz com três mandamentos:
1) O chefe sempre tem razão;
2) Quem decide se o chefe tem ou não razão é o chefe;
3) Em caso de dúvida, valem os itens anteriores;

A Venezuela de 2013 está bem parecida com esse cenário, com o agravante que a imprensa não desempenha sua função de fiscalizar e cobrar seriedade dos governantes.

Salvo El Nacional (Caracas, Venezuela), o jornal que sempre posicionou-se contra o Chavismo, há pouca contestação inteligente na imprensa da América Latina, que assiste calada ao primeiro golpe branco do ano.

Quem nomeou todos os membros do Tribunal Superior de Justiça da Venezuela? Sim, ele mesmo, Hugo Chávez. Mas isso não está nos jornais.

Na imprensa venezuelana é nítido o temor, provocado pelas ameaças à liberdade de imprensa. El Universal (Caracas, Venezuela) disfarça com o primeiro plano de um cuturno. Últimas Notícias (Caracas, Venezuela) fala do "trem ministerial". São formas tímidas de manifestar algum descontentamento.

Mas no resto do continente o clima na imprensa é de aceitar as notícias sem discuti-las - um grande erro.

No Granma (Havana, Cuba) até se entende, mas nada justifica o silêncio "sim, senhor" dos demais jornais. ABC Color (Assunção, Paraguai), El Comercio (Lima, Peru), O Globo (Rio de Janeiro, RJ), El Pais (Montevideu, Uruguai), El Tiempo (Bogotá, Colômbia), La Tercera (Santiago, Chile) e Los Tiempos (Cochabamba, Bolívia) estão noticiosos e tímidos demais em um dia chave para a imprensa se manifestar.

Todos dedicam a manchete à Venezuela, mas nenhum vai além do factual.

Perderam a chance.











quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Show, don`t tell


 A informação é a mesma: 2012 foi o ano mais quente nos EUA desde 1936, quando se começou a registrar a temperatura.

Em qual dos três jornais se entende melhor essa informação?

Fácil, no The Boston Globe (Boston, MA), que não inventou moda e apresentou um gráfico simples comparando mês a mês a média histórica e a temperatura do ano passado.

Melhor que The New York Times (Nova York, NY) e bem melhor que The Washington Post (Washington, DC), que colocou fotografias para confundir a informação.

The Sarney Times


Ano vai, ano vem, e a imprensa do Maranhão continua a mesma.

No jornal da família Sarney é só Roseana na capa.

Fica difícil levar a sério O Estado do Maranhão (São Luís, MA).

O que é relevante?


Pergunte a um inglês qual a notícia do dia no Reino Unido.

Nada de política interna, da Rainha, de crise econômica.

O assunto do dia no The Times (Londres, UK) e no The Guardian (Londres, UK) é David Bowie.

Relevante é ser importante e interessante ao mesmo tempo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

E por falar...


...em redes sociais e em buracos de rua, nada melhor do que assistir a este vídeo produzido pelo site Ura.ru (Ecaterimburgo, Rússia).

A campanha foi tão exitosa, que a iniciativa ganhou o prêmio Eurobest de criatividade em mídia 2012.

Simplesmente sensacional!

Em parceria com as redes sociais


O Diário de Santa Maria (Santa Maria, RS) mostra hoje como um jornal pode tirar proveito das redes sociais - e não demonizá-las, como muitos costumam fazer.

O secretário municipal de infraestrutura e serviços, Tubias Calil, pediu à população, via Facebook, informações sobre localização de buracos de rua.

Mais de 200 responderam. O DSM republicou os posts dos cidadãos. O secretário tem agora, publicamente, um Raio-X da buraqueira de Santa Maria.

Cabe ao jornal local a partir de hoje fiscalizar a promessa de Calil de tapar todos os buracos. O leitor agradece.

Cada um no seu quadrado


Em 2007 o então presidente Lula foi muito duro com o mandatário venezuelano Hugo Chávez, que criticou decisão do Senado brasileiro de emitir nota de repúdio contra a censura no país vizinho. Chávez havia vetado a renovação de concessão da RCTV, um canal local alinhado com a oposição.

Lula disse: "Chávez que se preocupe com as decisões do Senado do seu país, não do Brasil".

Agora é o primeiro escalão de Dilma que está se metendo na Venezuela - ainda que pelo lado chavista.

A comparação das capas de El Universal (Caracas, Venezuela) e El Nacional (Caracas, Venezuela) com a Folha de S. Paulo (SP) mostra como pensa cada jornal.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O tamanho de um obituário


Quantas linhas deve medir um obituário?

Depende do morto, é claro.

A coluna de Margaret Sullivan, no The New York Times (Nova York, NY), ensina a entender a lógica do jornal quando se trata de escrever sobre alguém que morreu.

A propósito: o maior obituário dos últimos 30 anos do NYTimes foi o do papa João Paulo II. E apenas 10 tiveram mais de 6 mil caracteres.

Vale a leitura.

PS: para quem gosta de boas histórias - de mortos - recomendo O Livro das Vidas, brilhante coleção de obituários do NYTimes.

O Povo comemora com os leitores


O Povo (Fortaleza, CE) encontrou um jeito diferente de comemorar 85 anos.

Pediu depoimentos, histórias e desejos, a 85 leitores.

Não chega a ser uma ideia inédita - nem tem o peso de um "parem as máquinas" - mas ficou interessante.

Bem melhor que a costumeira foto do prefeito saudando a presidência da empresa.

A França reclama, mas respeita


O ator Gerard Depardieu, ícone do cinema europeu, decidiu virar russo para fugir dos impostos.

Ele sai da alíquota de 75% na sua França para 13% na Rússia.

Isso irrita cada francês, mas os jornais aceitam a manobra fiscal.

Afinal, Gerard "Obelix" é um símbolo nacional.