Imprima essa Página Mídia Mundo: 2010-01-10

sábado, 16 de janeiro de 2010

Samba do catarinense louco


Aviso aos catarinenses:

O terremoto no Haiti aconteceu na noite de terça-feira.

A notícia da morte da médica Zilda Arns foi dada na manhã de quarta-feira.

Hoje é sábado.

Alguém entende o Diário Catarinense (Florianópolis, SC)?

O apelo irresistível


Passado o alarme maior no Haiti, é hora de reconstruir o país.

Nesse sentido, qualquer ajuda é mais que bem recebida.

O National Post (Toronto, Canadá) soube captar o drama, o sofrimento do povo haitiano, e no retrato do menino há o apelo irresistível: nós precisamos de ajuda.

Uma capa que emociona, inquieta e faz pensar.

A moda do ridículo com maquinário agrícola pegou


Ontem foi o Pioneiro (Caxias do Sul, RS), que dedicou a capa à governadora gaúcha sorrindo em frente a uma série de retroescavadeiras. Uma foto absurda, que não interessa aos leitores, somente à assessoria da governadora e aos familiares de Yeda Crusius.

Mas a moda pegou.

Hoje O Estado do Maranhão (São Luís, MA) coloca um quarteto de peso em pose ridícula junto a um trator: o presidente Lula, a governadora Roseana Sarney, a ministra Dilma Rousseff e o ministro Edison Lobão.

Os familiares do quarteto devem ter gostado. Suas assessorias também.

O leitor, com certeza, não gostou. Mas entendeu, afinal o OEM é da família Sarney, da governadora.

Para o leitor do jornal gaúcho ficou mais difícil entender.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A grande matéria não teve destaque


Poucos jornais brasileiros enviaram jornalistas para o Haiti.

Pior, entre os enviados estão faltando boas histórias, detalhes que justifiquem a presença de um repórter brasileiro.

A boa exceção é a repórter Janaína Lage, que conta o drama da brasileira Eliana Nicolini, funcionária da ONU no Haiti, que caminhou 25 quilômetros em busca de seus filhos.

Só faltou a Folha de S. Paulo (SP) apostar na história e dar mais destaque. Inclusive com a foto de Eliana.

Esse é o diferencial dos jornais.

Ficou faltando em todos os outros.

A barriga do The Times


O tradicionalíssimo The Times (Londres, UK) pisou na bola.

Na ânsia de colocar uma foto inesquecível sobre o Haiti na capa de hoje, o jornal esqueceu de conferir a data da imagem.

Era de quarta-feira, da véspera. E foi capa do Journal de Montreal ontem.

Como dizem os ingleses, o The Times não erra, apenas se equivoca.

Há algo errado na Serra Gaúcha


O mundo inteiro está unido em torno do Haiti.

Os jornais também.

Algumas publicações locais e regionais preferem temas próprios - o que é louvável - sempre que o tema for de relevância local. O desenvolvimento, o assalto, o futebol.

Mas o jornal Pioneiro (Caxias do Sul, RS) parece não entender seu leitor. Em meio a um leque fantástico de opções, publica capa com a foto da governadora gaúcha Yeda Crusius sorrindo em frente a retroescavadeiras. E acrescenta: de bem com a vida.

Yeda é aquela governadora borbardeada por denúncias de corrupção e desvio de verba, que está se safando pela cumplicidade dos deputados da base de seu Governo.

Assim os leitores da Serra vão migrar a outros jornais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O melhor de todos


Quando a distância física impede que o jornal faça uma cobertura presencial, rica em histórias, é preciso ser criativo para se chegar a três objetivos: inquietar, emocionar e fazer pensar.

O Le Journal de Montreal (Montreal, Canadá) foi perfeito pela simplicidade, detalhe, elegância, inteligência.

Apenas uma mão no meio dos escombros.

Não é preciso mais nada.

Brilhante.

Os melhores no Brasil

Poucos jornais tentaram inovar na cobertura do terremoto, falar o que o leitor não sabia.
Dois conseguiram ser diferentes: O Povo (Fortaleza, CE), pelo interessante mosaico (apesar da manchete vazia), e Zero Hora (Porto Alegre, RS), por ter dado uma informação que passou batida nas outras mídias: todo o estrago foi provocado em apenas 34 segundos de tremor de terra.

Quantos mortos, afinal?

Em uma tragédia da dimensão do terremoto do Haiti, os números são tão flutuantes como a poeira levantada pelo tremor de terra. Não se pode afirmar nada com certeza.
Por isso é preciso ter critérios e, de preferência, colocar informações "na boca" de quem deve fornecê-las.
Não se pode ser tão cauteloso como O Estado de S. Paulo (SP), que arriscou apenas 30 mil quando as autoridades do Haiti admitem um número pelo menos três vezes maior, nem tão apocalíptico como o Virgin Islands Daily News (Charlotte Amalie, Ilhas Virgens), que cravou 500 mil.
A informação de 100 mil mortes, como o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) publicou, é, por enquanto, a mais confiável.

Parece combinado

Pelo menos dois jornais brasileiros pensaram em Caetano Veloso e Gilberto Gil na hora de editar a capa de hoje.
O Diário de Pernambuco (Recife, PE) e o Correio* (Salvador, BA) lembraram dos versos da música Haiti, do album Tropicália 2, para contar a tragédia do Caribe.
Curioso é que o Orlando Sentinel (Orlando, FL) provavelmente não conhece a canção, mas também entrou no embalo das orações pelo Haiti.

Nada mais previsível que a Folha de SP


Às 17h41min de ontem, uma nota publicada aqui no Mídia Mundo pedia para os jornais surpreenderem hoje na cobertura da tragédia do Haiti.

Bastava desligar o piloto-automático e pensar. Se o balanço de mortos já está em todas as mídias mais ágeis (web, TV, rádio), o que fazer?

A solução era buscar histórias, contar algo novo que justifique a compra de um exemplar.

Mas são raros os jornais brasileiros que, pelo menos, tentaram. O símbolo maior da mediocridade vem da líder Folha de S. Paulo (SP), o jornal de maior circulação do país com cerca de 300 mil exemplares/dia.

A Folha deu na manchete o que era mais previsível. Tão previsível que está no post de ontem, das 17h41min.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Busquem algo novo, por favor

O terremoto no Haiti matou Zilda Arns e pelo menos mais 11 brasileiros.

Os jornais desta quinta-feira precisam avançar no assunto. Os sites, rádios e TVs estão cobrindo bem o que é notícia hoje.

Então amanha não vale a manchete "Terremoto no Haiti mata Zilda Arns e mais 11 brasileiros".

Aí vai ser difícil aguentar calado.

O chavão de O Globo


É verdade que o terremoto do Haiti aconteceu quando os jornais já estavam fechados no Brasil, mas sempre é tempo de atualizá-lo, como fez O Globo (Rio de Janeiro, RJ).

O problema é que na pressa comete-se alguns deslizes. Por exemplo, "espalha destruição e morte", como publicou o jornal carioca.

Parece manchete de gaveta: Terremoto no XXXXX espalha destruição e morte. Troque o XXXXX por algum país e pronto!

Chavão só serve para abrir uma porta grande. Mais nada. Seu uso desqualifica um jornal.

O erro depois de outro erro


O Diário do Pará (Belém, PA) está querendo abocanhar mais verbas da prefeitura de Belém, ou então os critérios editoriais precisam ser revisados com urgência.

Nada justificava o Carnaval sobre o aniversário de 394 anos da cidade de Belém ontem. Nada.

E há muito menos motivos para dedicar todo espaço oferecido à foto do bolo da cidade hoje.

Menos, DP, menos.

O verde conquistou a capa


Uma interessante forma de comemorar 30 anos de luta pela ecologia.

A capa verde do Die Tageszeitung (Berlim, Alemanha) não deixa dúvidas.

A resposta do Sul

Um dia após o Nordeste ganhar elogios pela qualidade de suas capas, agora o Sul responde com duas ideias originais.
O Diário do Norte do Paraná (Maringá, PR) fez o mosquito da dengue atravessar a primeira página, marcando espaço entre as estatísticas da doença. Ficou ótimo.
Já o Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC) protesta contra a decisão da prefeitura de cancelar o Carnaval de rua com um anúncio fúnebre. Ótima ideia.
O bom design e a originalidade nas capas estão aparecendo em cidades com menor índice de leitura, em jornais de menor circulação.
Quando é que São Paulo, Rio de Janeiro ou Porto Alegre farão boas capas?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mais duas boas capas do Nordeste

Pouco a pouco o Nordeste está de transformando em vanguarda de design de jornais.
Além de O Povo (Fortaleza, CE) e Correio* (Salvador, BA), com projetos gráficos consolidades, o Diário de Pernambuco (Recife, PE) e agora o Diário de Natal (Natal, RN) também se destacam em ótimos desenhos, grafismo moderno e ousado.
As capas do DN e do DP de hoje são bons exemplos disso.
O Diário de Natal além de achar um bom jogo de palavras para a manchete, preocupou-se em representar uma rachadura - como a provocada por terremortos - no meio da capa. E o jornal pernambucano apresenta com sabedoria a qualidade do solo de Recife.

Intervenção urgente no jornal dos Sarney


O jornal O Estado do Maranhão (São Luis, MA) sai hoje com essa manchete que, mais que tendenciosa e parcial, é construída para agredir um inimigo político da família Sarney. Família, por sinal, proprietária do EM.

Uma perguntinha: o governo Roseana é transparente?

O Maranhão está muito mal servido de órgãos de comunicação.

Pobre cidadão maranhense.

No tempo das efemérides

Os dois jornais paraenses comemoram os 394 anos de Belém.
394???
E isso é motivo para capa???
Pergunte ao Diário do Pará (Belém, PA) e a O Liberal (Belém, PA).

E quem disse que capa precisa ter foto?


Foto é informação.

Se a informação está toda em texto, nenhum problema.

Não há fórmulas.

É o que mostra a capa do De Standaard (Bruxelas, Bélgica) sem qualquer imagem, apenas textos bem colocados.

O ponto da Gazeta voltou


Ele ainda não tinha dado o ar da graça em 2010. Mas agora reapareceu, meio perdido como sempre.

O ponto no meio da manchete da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) é uma das invenções mais estranhas do jornalismo brasileiro.

E não serve para nada.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Boa ideia, mas não funcionou como deveria


O Diário de Pernambuco (Recife, PE) tem um dos melhores designs entre os jornais brasileiros. É ousado e valoriza a arte como forma de informação, não decoração.

A capa de hoje foi uma tentativa de criar um mosaico sobre futebol pernambucano, aproveitando o gancho do campeonato estadual de futebol que começa quarta-feira.

Uma ótima ideia, mas que na prática nao funcionou como poderia. O problema foi o jogo de imagens. Como as fotos não foram produzidas para esta capa, por vezes elas não combinam e destoam do mosaico. Se as imagens fossem pensadas antes, definidas com antecipação, a capa estaria entre as melhores do ano.

De qualquer maneira é uma página interessante, bem diferente da concorrência.

Um jornal que acompanha a sociedade


O The Washington Post (Washington, DC) é um dos melhores jornais do mundo.

Seu segredo? Estar com olhos bem abertos ao cidadão, não apenas às burocracias administrativas de Washington.

A grande matéria desta segunda-feira é de agenda própria, como não poderia deixar de ser: o "efeito Hillary". Ou seja, a invasão de embaixadoras nos EUA.

Uma interessantíssima matéria que só nasce pela inteligência e criatividade de quem sabe que a pauta não pode ser oficial, que a graça de um jornal é ter temas próprios.

Esqueceram de ligar o desconfiômetro no ABC


A primeira grande missão de um jornalista é separar informação de delírio. O repórter é a ponte entre cada cidadão e a sociedade. Cabe a ele entender o que pode interessar ao coletivo e o que deve ser descartado.

O jornal Diário do Grande ABC (Santo André, SP) investe todas as suas fichas hoje em uma mirabolante história de um padre que teria, em setembro de 2008, previsto a destruição de São Luiz do Paraitinga. Seria uma reação divina ao Carnaval.

O DGABC ainda chama a atenção: exclusivo.

Histórias como essa aparecem todos os dias. É função social de um jornal evitar bobagens deste calibre. Ainda mais em manchete.

Ou será que o Diário do Grande ABC acredita realmente que a catástrofe deParaitinga é uma reação de Deus ao Carnaval?

Bem, aí o problema é ainda maior.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Vai para onde? Para o céu?


Os limites da arte se enxergam pelo bom gosto, pelo entendimento da mensagem.

O jornal A Notícia (Joinville, SC) fez uma matéria sobre sonhos e encomendou à arte a ilustração.

O resultado é um quadro mórbido, pessoas seguindo em direção ao céu com a frase sarcástica: Em 2010 eu vou...

Um domingo para se apagar na redação de AN em Joinville.

Ponto de vista genial


Saiu na capa do Neue Vorarlberger Tageszeitung (Vorarlberger, Áustria).

Nada pior do que olhar para a balança e ver a sentença no visor.

Muito criativo.

Faltou traduzir a ideia


O Correio Braziliense (Brasília, DF) tem uma das boas editorias de arte entre os jornais brasileiros.

Até aí, tudo bem.

Mas hoje a arte não ajudou no que poderia ser uma capa antológica do CB.

O que é R$ 1 trilhão? Alguém consegue imaginar o tamanho disso?

Há duas soluções:

A primeira é montar um gráfico comparando R$ 1 trilhão com outras grandezas. Quantos Boeings 777? Quantas casas no Lago Sul? Que volume ocuparia se colocado uma nota sobre a outra?

A outra é a mais simples: em vez de R$ 1 trilhão bastava o Correio escrever R$ 1.000.000.000.000,00. A sequência de zeros não deixaria dúvidas.