Imprima essa Página Mídia Mundo: 2010-04-18

sábado, 24 de abril de 2010

Duas grandes capas do Exterior

O jogo de palavras é crítico quando se faz um jornal para jovens.
O Red Eye (Chicago, IL) brinca com a frase de Barack Obama, mas o sentido de "can", nesse caso, é para a lata. Genial.
Já o De Standaard (Bruxelas, Bélgica) utiliza os traços de um ótimo desenhista para discorrer sobre os casos de pedofilia na alta cúpula da Igreja Católica.

A bronca tem fundamento

Desde que a RBS comprou os principais jornais do Estado - Jornal de Santa Catarina, em Blumenau, e A Notícia, em Joinville - surgiu um movimento de empresários insatisfeitos com o monopólio da empresa de raízes gaúchas.
O medo dos empresários é que com a falta de concorrência os anunciantes estariam reféns de uma única política de preços e os leitores órfãos de uma linha editorial diferente da trazida pelo líder Diário Catarinense (Florianópolis, SC), carro-chefe da RBS em Santa Catarina.
A RBS sempre desdenhou a bronca, garantindo não ter fundamento. Alguns empresários ensaiaram a criação de algum veículo alternativo, mas desistiram com medo de concorrer com a gigante. E aceitaram a situação.
Mas manchetes como as de hoje do Diário Catarinense e de A Notícia provam que os empresários têm razão.

O brega e o chique

As mudanças climáticas provocam alterações na flora.
Uma onda de calor em regiões frias dos EUA fez algumas flores desabrocharem antes do tempo.
O The Conway Daily Sun (North Conway, NH) deu uma aula de breguice com uma foto de cartão-postal barato e a expressão "De repente primavera".
Já o The Providence Journal (Providence, RI) tratou o mesmo tema com elegância e dessa forma prestou serviço à população.

Muita pretensão no Interior gaúcho


O jornal A Razão (Santa Maria, RS) tem 75 anos e já foi uma potência entre os gaúchos.

Hoje vive dias mais apagados, embora ocupe ainda um espaço importante no centro do Estado.

A manchete de hoje, porém, deve ter causado risos - e alguma indignação - nas bancas da cidade.

Pretender explicar os motivos do crescimento da China em uma página de jornal (página 13, para ser exato) é demais.

A matéria é correta, mas passa longe de explicar as razões da China ser o país que mais cresce no mundo.

Menos, A Razão, menos.

Melhor foto x Melhor edição

Deu empate no Paraná.
Na cobertura do dilúvio que inundou Curitiba, a grande foto do dia está na capa da Gazeta do Povo (Curitiba, PR), obra do repórter-fotográfico Hedeson Alves. A sensibilidade da imagem do homem retirando a criança nos braços é impressionante.
Mas curiosamente é O Estado do Paraná (Curitiba, PR) quem edita melhor a primeira página, apostando com todas as fichas na imagem, principal, ainda que não tenha a força da foto da Gazeta.
Empatou.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A arte ocupa o lugar da manchete


A capa do DIário Catarinense (Florianópolis, SC) de hoje não tem manchete.

Mas a bem bolada arte do Tio Sam, anunciando reportagem sobre recall de todos os tipos, mereceu tratamento de manchete.

Importante é passar bem a mensagem da aposta. Essa arte é bem mais informativa do que se o DC optasse por uma manchete tradicional, do tipo "72% dos brasileiros já passaram por um recall".

Se não há gráfico, abuse da arte


A matéria do The Fayetteville Observer (Fayetteville, NC) é sobre renda por habitante nos EUA.

Números, números.

Sem querer montar um gráfico de linhas, o jornal optou por uma bem humorada arte, com os personagens encontrados em cédulas de dólares subindo por uma escada rolante.

É difícil fazer a ideia funcionar.

Mas funcionou.

A mesma foto, a mesma capa

Por essa nem o fotógrafo Stefan Rosseau, da Associated Press, esperava.
Sua foto do debate entre os líderes dos partidos da Inglaterra foi parar nas capas do The Guardian (Londres, UK), The Times (Londres, UK), The Daily Telegraph (Londres, UK) e do escocês The Glasgow Herald (Glasgow, UK).


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quatro boas ideias do exterior

1. A capa gráfica, com mudança no corpo do texto, do Die Tageszeitung (Berlim, Alemanha).
2. O buraco (do orçamento) do Salzburger Nachrichten (Salzburg, Áustria).
3. A cor apenas na bandeira, na homenagem aos mortos pelo terremoto na China do China Daily (Beijing, China).
4. A ilustração do rosto com alergia do Norwich Bulletin (Norwich, CT).
Todas capas de primeira classe.

Brasília merecia mais


O Correio Braziliense (Brasília, DF) não entendeu o que tinha em mãos.

Os 50 anos da Capital Federal - algo que não aconteceu de repente, que poderia e deveria ter sido planejado pelo jornal - passaram quase despercebidos pelo CB.

Ontem, uma edição discreta, com elementos que se confundiam na capa.

Hoje uma foto de multidão que perde a atenção pela escolha de uma segunda imagem de atletas, logo abaixo.

Foi-se o tempo em que o Correio Braziliense era um colírio para quem queria ver páginas bem pensadas.

Dia da Terra e de fazer pensa

Os jornais não conseguem mudar o mundo sozinhos. Mas podem ajudar o leitor a pensar nas mudanças.
Pelo menos oito jornais americanos, em maior ou menos intensidade, aproveitar o mote do Dia da Terra para uma reflexão a respeito dos problemas de desenvolvimento. Meio ambiente em primeiro lugar.
Alguns são mais dramáticos, como o Times Daily (Florence, AL), o San Jose Mercury News (San Jose, CA) e o The Baltimore Sun (Baltimore, MD).
Mas todos se preocupam com criar consciências.
Isso talvez seja o mais importante.

Dia da Terra e de não dizer nada

Os gratuitos de Nova York têm muita coisa em comum, além do grafismo.
A falta de profundidade é tamanha que os jornais conseguem não dizer nada.
Hoje é Dia da Terra, o ano 40 dessa comemoração.
Nos gratuitos Metro (NY) e AM New York (NY) é isso mesmo. E nada mais.


quarta-feira, 21 de abril de 2010

São Paulo não cabe dentro de Brasília


O Correio Braziliense (Brasília, DF) quis abraçar o mundo com apenas dois braços.

Hoje Brasília comemora 50 anos.

Também hoje o Correio Braziliense completa 50 anos.

E ontem o presidente Lula decidiu dar uma entrevista aos jornais dos Diários Associados.

Com três informações, o que fazer?

É preciso decidir, bancar a escolha, mas jamais tentar colocar tudo, como fez o CB.

A capa de hoje do Correio é uma junção de três informações brigando pelo interesse do leitor. Não funciona. Quem faz um jornal para todos acaba não fazendo para ninguém.

Troca-troca na Bahia

Pelo menos por um dia os jornais baianos estão com perfis invertidos.
O moderno Correio* (Salvador, BA) opta por uma capa puramente informativa, sem utilizar arte ou manchete arrevistada, como vem se caracterizando.
Já o sisudo A Tarde (Salvador, BA) trabalha a ideia de revista, com uma forte aposta além da informação.
A reação de A Tarde ao sucesso do Correio* finalmente parece ter chegado.

Aqui a arte funcionou


O detalhe das gotas na capa do Diário de S. Paulo (SP) vale o exemplar.

Ótima ideia, excelente execução.

Simples, de bom gosto e esclarecedora.

Faltou um editor de arte


A grande aposta do National Post (Toronto, Canadá) é o crescimento dos casamentos entre negros e brancos. Pauta muito boa e atual, recheada de estatísticas.

Mas o jornal errou na concepção da capa. Se o assunto é polêmico, explore a polêmica.

Bastava o NP ter puxado as mãos entrelaçadas para o primeiríssimo plano e deixado os números que agora estão aplicados sobre a foto sobre um fundo branco, como os primeiros acima.

O impacto das mãos, sem os braços e tudo o que sobra na foto, faria desta uma das melhores capas do ano no Canadá.

Faltou editor de arte.

Deu a louca no Maranhão


É verdade que a concorrência do comprometidíssimo O Estado do Maranhão (São Luís, MA) é desleal, principalmente na distribuição de anúncios do governo.

Mas uma capa como a de hoje de O Imparcial (São Luís, MA) passou um pouco do limite do bom senso.

Se pensou muito em política e pouco no leitor.

O fato e o algo a mais

Muito se fala do fim dos jornais.
Os jornais não vão desaparecer, isso é conversa dos alarmistas de plantão.
Os jornais precisam, sim, assumir uma nova postura. Mais analítica, menos informativa. O fato público é conhecido. E outras mídias são bem mais rápidas que um jornal, que demora cerca de oito horas entre o ponto final da última página e a mesa do café da manhã do assinante.
Para sobreviver com esse espaço de tempo é preciso dar mais que informação, fato, notícia.
O leilão da Belo Monte foi ontem, cercado de liminares e mandatos. Venceu o consórcio liderado pela Chesf. Tudo isso é conhecido. E é só o que está na manchete de O Estado de S. Paulo (SP).
Mas isso é pouco, é notícia velha. Por isso a Folha de S. Paulo (SP) foi além e já fala do desentendimento entre os integrantes do consórcio, como a Queiroz Galvão.
Antes mesmo de assumir Belo Monte, os vencedores estão se separando.
Isso é o novo jornalismo de jornais.
Ponto para a Folha.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Todos os lados da crise dos aeroportos


Se por um lado milhares de passageiros não conseguem se movimentar, pelas consequências do vulcão da Islândia que interrompeu o movimento de aviões na Europa, por outro há gente pelos quatro cantos do mundo sofrendo com isso.

O The New York Times (Nova York, NY) destaca na capa de hoje uma floricultura do Quênia.

Do Quênia?

Pois é, a crise aerea não permite que as flores sejam exportadas. Não há saída, se não jogar as rosas no lixo. Centenas, milhares de rosas.

O bom jornalismo busca sempre o desconhecido, o surpreendente.

O ângulo desconhecido


O jornalismo precisa descobrir coisas novas.

Não adianta repetir informação. Isso não interessa mais. Isso não deve estar nos jornais, mas em veículos mais rápidos.

O Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC) revelou um ângulo desconhecido de um cavalo de Pomerode.

Só pela audácia do Santa essa atitude já valeu a pena.

Os populares made in EUA

Jornalismo popular não precisa ser sujo.
Jornalismo popular não precisa ter crimes ou mulheres na capa.
Jornalismo popular também tem bom gosto.
Confira nos populares das grandes cidades americanas, como o Chicago Sun-Times (Chicago, IL), Boston Herald (Boston, MA), Philadelphia Daily News (Philadelphia, PA) e New York Post (Nova York, NY).

O Correio paz e amor


O Correio Braziliense (Brasília, DF) já foi um jornal moderno, inteligente, de grandes ideias, vanguarda do jornalismo brasileiro.

Hoje parece ter aderido ao estilo paz e amor.

Colocar o novo governador do DF - um político, no mínimo, comprometido com os dois últimos governadores, Roriz e Arruda - em foto de discurso, com uma afirmação em nome da união, é algo que nem os jornais de escola fazem mais.

Volte a ter pegada, CB!

Desconfie, desconfie.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Faltou novidade no caso do Maníaco


O caso de Adimar Jesus da Silva, o maníaco de Luziânia que teria assassinado seis jovens em um mês e ontem foi encontrado morto, enforcado em sua cela, é assunto de 10 entre 10 mesas de bar em Goiás.

Mas a conversa não é sobre O Fim do Maníaco, como estampa O Popular (Goiânia, GO), mas sobre o que não ficou bem contado.

Ele teria condições de fazer a forca com panos do colchão, como diz a polícia? Alguém teria interesse em matá-lo? Ninguém desconfiou de nada? Se Adimar era tão desequilibrado, não deveria haver uma supervisão em sua cela?

O jornalismo que não desconfia não faz sentido.

Exemplo de jornalismo útil


Nos Estados Unidos, 10% dos estudantes sofrem algum tipo de assédio sexual de seus professores antes do final do ciclo escolar.

O jornal Ledger-Enquirer (Columbus, GA) resolveu entrar no assunto e ensina aos pais oito sinais de que alguma coisa não vai bem e os filhos não conseguem revelar.

Esse tipo de jornalismo também tem futuro em um mundo de novas fórmulas - nem todas bem sucedidas.

O intruso

Responda rápido:
Qual desses jornais não é do Rio de Janeiro?
Ontem o Botafogo sagrou-se campeão carioca, uma notícia bastante óbvia - mas necessária - nos jornais do Rio. Extra (RJ), O Dia (RJ) e O Globo (RJ) seguiram a cartilha.
Mas como explicar a alegria do Diário do Pará (Belém, PA)? Tem até superpôster do campeão...