Imprima essa Página Mídia Mundo: 2013-04-14

sábado, 20 de abril de 2013

A pauta oficial Made in USA



Impressionante a importância que os jornais brasileiros deram à caçada ao suspeito do atentado de Boston. Jornalões, jornais e jornalinhos preferiram esquecer o que acontece em suas cidades e cravaram a ação da polícia americana - bem acompanhada de uma dose de marketing - em manchete.

Detalhe: ninguém falou uma vírgula a mais do que já se falava ontem.

Honrosa exceção ao Diário da Região (São José do Rio Preto, SP), que pelo menos deu uma cor local, entrevistando uma cantora paulista que está em Boston.

De qualquer maneira, o que se lê nos jornais brasileiros hoje é uma colagem de histórias ditas e repetidas pela pauta oficial dos Estados Unidos.

E isso não é manchete.









Faltou, apenas, o principal


O Liberal (Belém, PA) tinha todos os ingredientes para fazer uma cobertura sensacional da tragédia do Leão do Norte, que deixou 12 mortos.

O naufrágio aconteceu, segundo o jornal, às 23h de quinta. Hoje é sábado. Qual a informação relevante 36 horas depois do fato, quando as mídias mais velozes já contaram tudo?

O porquê.

Na linha fina aparece a informação que o barco tinha capacidade para 25 passageiros - e carregava 60.

Essa é a grande informação que O Liberal escondeu. Contar na manchete que houve a tragédia, convenhamos, é algo do tempo em que o Remo jogava a Série A.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Foto, nome e sobrenome


O Jornal da Metrópole (Salvador, BA), gratuito semanal da Rádio Metrópole, deu uma aula de jornalismo útil para a cidade de Salvador.

O informativo - de propriedade do ex-prefeito e radialista Mario Kertész - publica na capa da edição de hoje nomes e rostos de cada um dos 25 vereadores que votou pela aprovação das contas do ex-prefeito João Henrique em 2010.

A gestão de JH foi marcada por irregularidades e gastos desnecessários. As contas de 2009 já haviam sido reprovadas.

O Jornal da Metrópole, sem medo, não deixa por menos: A Vergonha da Câmara.

Apesar dos 25 votos a favor do ex-prefeito, as contas foram reprovadas também (seriam necessários 29 votos para aprová-las).

Os exemplares do gratuito soteropolitano estão sendo disputados nas esquinas de Salvador.

Jornalismo de boas histórias II


Hoje é o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) quem traz uma surpreendente história.

O massacre de índios na Bahia em 1967 ficou escondido por 45 anos. Agora chega ao leitor.

Um escândalo, bem contado pelo EM.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Devoção britânica


O funeral da dama de ferro Margaret Thatcher foi ontem, mais de uma semana após o falecimento.

Curioso como a imprensa britânica - cada jornal à sua maneira - ainda se despede da ex-premier com espaço editorial impensável para qualquer outro líder.

Só para a Rainha, é claro.














Jornalismo de boas histórias


O jornalismo vive de boas histórias. Jornalistas não são nada mais que contadores de histórias.

O que muda é a relevância da história para o púbico leitor.

Hoje Jornal de Brasília (Brasília, DF) e Tribuna Impressa (Araraquara, SP) revelam boas histórias que merecem todos os confetes. E por isso estão em espaço nobre na capa.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Agilidade americana



A revista Sports Illustrated (Nova York, NY) deu um banho de agilidade na cobertura da tragédia na Maratona de Boston.

Conseguiu sair com um vasto e inédito material poucas horas depois do incidente.

E no site ainda há mais material.

Os bastidores da cobertura estão aqui.

PS: dica do colega Leandro Pizoni

Bom jornalismo made in Ceará


Bons exemplos pelos lados do Ceará.

O Diário do Nordeste (Fortaleza, CE) começa hoje uma série de reportagens sobre as vítimas do agrotóxico. Um relato profundo soube causas e consequências do uso indiscriminado desse veneno.

O Povo (Fortaleza, CE) se coloca na pele do leitor e testa o serviço de ronda do quarteirão. De 122 ligações, a metade não foi atendida.

O bom jornalismo ainda é um grande negócio.

terça-feira, 16 de abril de 2013

A matemática atrapalhada dos números


A ânsia da precisão e das manchetes no estilo dos jornalões americanos derrumam os jornalões paulistanos.

Não é possível, em uma tragédia, arriscar números de vítimas. É como uma bola de neve que sempre aumenta.

Hoje Folha de S. Paulo (SP) fala em 2 mortos. Foram 3. Mais tarde prepara outro clichê e atualiza o número de vítimas. Mas a primeira rodagem - equivocada - já estava distribuída.

am 3.

O Estado de S. Paulo (SP) aposta em 134 feridos. Já são mais de 140.

A única solução é não bancar números em tragédias.

Sorte é para quem tem sorte


E não é que o editor de esportes do Jornal de Jundiaí (Jundiaí, SP) estava entre os corredores na Maratona de Boston?

O depoimento e a cobertura in loco de André Savazoni acabam sendo um documento precioso no jornalismo brasileiro.

Sorte e competência do JJ.

A boa surpresa


Em meio a uma infinidade de jornais americanos que não conseguem sair do lugar-comum de mostrar uma foto da tragédia, o gratuito Metro (Boston, MA) se superou.

Jornalismo de primeira na capa.

O leitor quer respostas


A audiência compra um exemplar de jornal para obter resposta às suas dúvidas.

Então como devolver as perguntas ao leitor, como fazem hoje San Jose Mercury News (San Jose, CA) e Reno Gazette-Journal (Reno, NV)?

O jornalismo vive de respostas. Ou é desnecessário.

Alguém vai, de sã consciência, pagar por um jornal que só lhe traz mais dúvidas?

PS: observação pertinente de Juan Antonio Giner, via Facebook

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Erro absurdo


O Povo (Fortaleza, CE) conseguiu ir do paraíso ao inferno em apenas 48 horas. Sábado apresentou uma edição de luxo. Hoje, um lixo.

Como é possível misturar na mesma manchete o resultado de um jogo de futebol e dois assassinatos?

O planejamento talvez indicasse a manchete para o clássico do futebol local, mas a partir do momento que as mortes são confirmadas - em briga de torcidas a caminho do estádio - o que menos importa é o resultado daquela partida.

Mortes são mortes. Ainda mais da maneira como foram essas.

Os pesos informativos de uma partida de futebol e de mortes em consequência de briga de torcidas são absurdamente diferentes. Não cabem na mesma manchete.

Erro feio de O Povo