Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-11-22

sábado, 28 de novembro de 2009

O CB aliviou no dia de pegar pesado

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, é acusado de corrupção. A Polícia Federal tem gravações de conversas telefônicas que indicam tal prática.
A notícia é manchete de Folha de S. Paulo (SP), O Estado de S. Paulo (SP) e O Globo (Rio de Janeiro, RJ). Sem qualquer subterfúgio, os três jornais cravam a acusação contra Arruda.
Mas o jornal local, o Correio Braziliense (Brasília, DF), não.
O CB aliviou, em uma manchete que um leitor pode até não entender. "Alvo de investigação" não é o mesmo que "acusado de corrupção".
É preciso ser direto. A menos que se queira proteger alguém, por algum interesse extra-jornalismo.
Na Copa do Mundo do ano em Brasília, venceram os visitantes.
O Correio arrepiou.


Uma estranha comemoração


Se a cidade de Franca completa 185 anos, ótimo. O jornal local precisa se preparar para isso, planejar uma cobertura, algo diferente.

O jornal Comércio da Franca (Franca, SP) até tentou trazer alguns features para justificar o mega-espaço dedicado ao tema na capa, mas ficou devendo uma explicação.

Há vídeos feitos em 40 bairros no site do jornal, mas há pouco mais que isso. A "cidade em transformação" não parece ser uma qualidade que todas as cidades têm?

Ficou estranho o peso da comemoração, afinal não são 200 anos, são 185. Não valeu o espaço.

Se a redação não consegue justificar nas páginas, talvez o departamento comercial consiga.

A melhor foto de sábado


O The Guardian (Londres, UK) é conhecido por ter a melhor edição fotográfica do mundo.

Às vezes o Guardian publica páginas duplas com alguma grande imagem. E as capas costumam ter fotos da melhor qualidade.

Como a de hoje, de Steve Crisp, fotógrafo da Agência Reuters. As nuvens de incerteza que cobrem o mercado financeiro.

Isso é bom jornalismo!

Sábado é dia de governadora em pose ridícula no jornal O Sul


Semana passada foi posando como modelo, ao receber as candidatas a um concurso de beleza.

Agora a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, acusada de liderar um gigantesco esquema de corrupção, desvio de verbas e tráfico de influências, aparece abençoando as regiões destruídas pela chuvarada.

Repare na mão direita de Yeda, como se estivesse enviando mensagens sensoriais aos municípios gaúchos.

A governadora foi de helicóptero, comodamente sentada e olhando a cena como se fosse um filme.

Os jornais mais sérios desdenharam o fato, que evidentemente tem pouco interesse ao leitor.

Mas O Sul (Porto Alegre, RS), o mesmo que escancarou a foto do concurso de beleza, rasga a foto de novo.

Se já tinha conquistado o Troféu Ridículo do Ano, o jornal gaúcho leva agora uma menção honrosa por favorecimento explícito à governadora.

Sábado é dia de O Sul bater palmas para Yeda, que, segundo o Ibope, é quem tem o pior desempenho entre os 27 governadores, de acordo com a avaliação popular.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

As fotos vencedoras do National Geographic's Contest 2009


Para quem gosta de fotografia, essa ao lado, em Foz do Iguaçu, e mais 24 premiadas.

Um presente para os olhos no fim de semana.

Tudo no The Big Picture, o melhor blog de fotografia do mundo.

Um pensa no leitor, o outro no patrão

O que há com o Estadão?
Será que não havia nada mais emocionante sobre a mesa da direção do que o superávit?
O The Washington Post (Washington, DC) ensina, uma vez mais, como se faz um jornal voltado ao leitor. Hoje conta a história de Daverena White, uma das tantas cidadãs que teve o american dream e acabou sem um tostão no bolso. O sonho da casa própria custou todas as economias e o resultado é a rua. Sensacional. É a história mais lida do wpost.com.
Enquanto isso, O Estado de S. Paulo (SP) investe no superávit.
E quem quer saber que ele sobe, mas que a meta está ameaçada? Os acionistas?
Ou o Estadão volta a pensar no leitor, ou seu futuro pode ser como o da personagem do WPost.

O silêncio nos Emirados Árabes

O mundo foi sacudido ontem por uma bomba que poderá fazer desmoronar, outra vez, a economia do planeta. A estatal de investimentos do Emirados Árabes Unidos anunciou moratória.
Caem as bolsas, disparam as moedas, o medo está à solta.
É capa do The Wall Street Journal (Nova York, NY), é capa também do The Times (Londres, UK).
Enquanto isso, em nos Emirados, o Gulf News (Dubai, EAU) prefere falar de outros temas.
A censura do todo-poderoso Emir não permite que se veicule "notícias ruins".

Infográfico rápido e útil


Nada mais importante em Indianapolis hoje do que a reabertura do Monumento à Vitória, com seu observatório.

Basta olhar para a infografia da capa do The Indianapolis Star (Indianapolis, IN) para se entender tudo o que se precisa. A história, o ponto de vista, o que mudou, como e quando visitar.

Mais que isso: uma visita ao site Indystar.com permite a visita em 3D ao monumento.

Genial!

Reféns da agenda oficial

Muitos jornais dedicam espaço exagerado à informação "oficial" e pouco ao que realmente interessa ao leitor.
Esse jornalismo antiquado serve para facilitar a vidas das redações - hoje em dia enxutas - e agradar o grupo de "autoridades" e assessores de imprensa.
O bom jornalismo busca o novo, o diferente, o exclusivo. Jornalismo que gasta sola de sapato nas ruas, que utiliza o maior ativo dos profissionais da equipe: criatividade.
Quando uma entidade anuncia um balanço, um relatório, este serve de início para uma reportagem, jamais como fim. Interpretação de números é um valor agregado, mas de pouca valia. A menos que uma calamidade esteja revelada pelas estatísticas.
Os jornais O Tempo (Belo Horizonte, MG), Jornal NH (Novo Hamburgo, RS), Diário de Taubaté (Taubaté, SP), Diário do Pará (Belém, PA) e O Liberal (Belém, PA) deram manchete para o relatório sobre o avanço da Aids no Brasil.
Nenhum deles conseguiu ir mais além dos números oficiais.
Bastava encontrar um personagem, uma história, um toque humano.
Da maneira como está, é pura agenda oficial.




quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A foto que não exige legenda


A foto do encontro do príncipe Philip com um empresário de Bermudas - em trajes típicos, uma bermuda - não precisa legendas.

Ótima escolha do The Times (Londres, UK).

O moderno e o antigo no Interior paulista

O Interior do Estado de São Paulo é um mundo. Economia forte, universidades de alto nível, tem a força de uma região independente.
Hoje sua imprensa apresenta exemplos de jornalismo avançado e de jornalismo ultrapassado.
O Diário do Alto Tietê (Suzano, SP) faz um editorial de capa digno de quem tem algo a dizer. O jornal se revolta contra as 12 mortes por queima de arquivo em Itaquá. E revela a impunidade na região. Sem medo, sem censura, sem temor de contragolpe.
Já o Correio Popular (Campinas, SP) exibe algo que há muito os bons jornais evitam: a comemoração de aniversário da própria empresa. São 15 anos da RAC, a Rede Anhanguera. Não há motivo para caderno especial, mas o indefectível suplemento está lá, como se fazia há 50 ou 80 anos.
Nunca o moderno e o antigo jornalismo estiveram tão perto.

Oito ideias para comemorar o Thanksgiving

Os americanos adoram o Thanksgiving, o Dia de Ação de Graças.
Comem peru, ficam em família, recebem os amigos.
Os jornais dos EUA, para não entrar no jornalismo-clicê, tentam algumas - pequenas - inovações.
Vale uma leitura atenta no mosaico abaixo para que surjam boas idéias.





Os gaúchos estão iguais, de novo. Mas há algo diferente

Ontem a semelhança era pelo tema e pelo estilo da foto.
Hoje os concorrentes Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Correio do Povo (Porto Alegre, RS) se superaram: publicaram a mesma foto.
Iguais? Sim, mas estranhamente cada foto é assinada por outra pessoa.
A de ZH é de Pato Roberto, a do CP de Paula Kroth.
Tem gato na tuba dos jornais gaúchos?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A não notícia venceu

Quem é a famosa Geisy Arruda?
A dona da minissaia mais famosa das universidades virou celebridade com a rapidez de um cometa.
Agora os portais, em busca de audiência, seguem publicando não notícias da menina.
Ela desistiu da universidade, garante o Globo.com.
Ela vai colocar silicone, rebate o Terra.
E o leitor com isso?
Nesse jornalismo sem critérios e de baixa qualidade, a fama de Geisy já está durando mais que 15 minutos.


Campanha contra o crack em boa hora

Os veículos do Grupo Diários Associados entraram firme na guerra contra o crack.
Os três principais jornais, Correio Braziliense (Brasília, DF), Diário de Pernambuco (Recife, PE) e Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) dedicam enorme espaço em suas capas para o tema.
A RBS, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, já havia começado campanha semelhante no início do ano.
A droga, cujo consumo mais cresce no Brasil, só será vencida com campanhas institucionais de conscientização como essas.
Na audência de uma providência governamental, imprensa neles!


Serviço ao extremo


O The State Journal Register (Springfield, IL) exagerou.

Já que o jantar do Dia de Ação de Graças acontece amanhã - e é hábito nos EUA familiares e visitantes ficarem nas casas de parentes até o fim de semana - o SJR elaborou um rápido guia do que fazer até domingo.

Bem humorado, ele recomanda atrações da cidade e arredores, tudo para não deixar o leitor sem opções.

Muito útil, talvez um pouco exagerado.

É preciso ter motivos para rasgar números


O Diário do Pará (Belém, PA) não entendeu o recurso de destacar alguns elementos na capa para chamar a atenção.

O número "11" hoje mais parece as Torres Gêmeas antes do ataque.

Destacar apenas o "11", quando se quer chamar a atenção para os mortos, não funciona.

É preciso repensar essa capa. Ficou o uso do recurso sem sentido.

Arte de bom gosto na capa


Nada mais importante para a comunidade de Hartfordnessa semana do que a corrida do Dia de Ação de Graças.

Por isso o Hartford Courant (Hartford, CN) não teve medo de publicar com enorme destaque um mapa bem humorado da corrida, prevendo as atrações de amanhã.

Aos chefes de redação que ainda acham que "importante" é só aquilo que vem das "autoridades", a mensagem do HC é clara. Importante é o que é relevante para a comunidade de leitores.

Enquanto isso no Amazonas...


Se as chuvas castigam o Sul, o Norte enfrenta a seca.
A foto de Márcio Silva na capa de O Estado de S. Paulo (SP) é fantástica. Pena que a direção do jornal não tenha rasgado a imagem, que mereceria mais que as quatro colunas a ela destinadas.
O mais curioso é que a imagem não está em A Crítica (Manaus, AM), jornal onde trabalha o repórter-fotográfico Márcio Silva.


A mesma ideia que veio do céu

Os dois concorrentes gaúchos, Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Correio do Povo (Porto Alegre, RS), tiveram a mesma ideia. A foto aérea de alguma região bem alagada, para mostrar do alto o tamanho do estrago.
Curioso é quem nenhum dos dois jornais investiu em enviar algum fotógrafo do seu quadro profissional. As fotos são "especiais", colaboraão de algum terceiro.
Talvez a qualidade das imagens deixe a desejar, mas elas servem para mostrar ao leitor os efeitos da chuvarada que assola os gaúchos.
Mesmo que em pequenas cidades do interior.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O tema é Lula, mas foi o El País quem brilhou

A imprensa brasileira adora seguir a agenda oficial. No máximo faz uma ressalva - desde que pequena, minúscula.
A visita do presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil está nas capas dos grandes jornais brasileiros da mesma forma. Parece até que alguém ditou palavra por palavra para a Folha de S. Paulo (SP), O Estado de S. Paulo (SP), O Globo (Rio de Janeiro, RJ), Correio Braziliense (Brasília, DF) e Zero Hora (Porto Alegre, RS).
É a palavra de Lula por um lado, alguns protestos de outros, mas nenhum posicionamento sério sobre a visita, que é o que se espera de um jornal. Apenas a agenda oficial, aquela que só interessa aos governantes, não aos leitores.
Ahmadinejad, na Europa e nos Estados Unidos, é considerado golpista - elegeu-se em uma apuração recheada de escândalos - e uma ameaça ao Ocidente. Mas os jornais permanecem sobre o muro, ora apludindo a estratégia de política externa de Lula, ora registrando alguns protestos.
Precisou vir da Espanha a voz de sabedoria jornalística: o El País (Madri, Espanha) publica na capa a foto do encontro dos presidentes e garante: Lula se mete no vespeiro do Oriente Próximo.
Veio da Europa a única voz clara para comentar o encontro que pode representar alguns passos atrás para a diplomacia brasileira.