A festa de independência dos EUA ficou suja de sangue. O atentado de ontem foi uma vergonha.
O Chicago Sun-Times (Chicago, IL) captou o espírito.
Bandeira virada. Vida do avesso.
A festa de independência dos EUA ficou suja de sangue. O atentado de ontem foi uma vergonha.
O Chicago Sun-Times (Chicago, IL) captou o espírito.
Bandeira virada. Vida do avesso.
Virou rotina.
O USA Today (McLean, VA), jornal nacional dos EUA - terceiro em circulação impressa - está gostando de apostar em um tema predominante em suas capas. Mesmo tendo formato standard.
Terça-feira foi assim.
Hoje outra vez.
Boa aposta.
Não há mais qualquer justificativa em se investir pesado em edições impressas e economizar em tecnologia - que favoreceria o digital.
Comprar rotativa, agora, é um primeiro e decisivo passo para o suicídio.
Não é preciso ter bola de cristal, basta olhar os números. O levantamento do NiemanLab e da Press Gazette, que o Poder 360 (Brasília, DF) publica hoje, indica queda de 81% na circulação dos maiores impressos dos EUA desde 2000. Só The Wall Street Journal (Nova York, NY), editado para o nicho de investidores, tem mais de 500 mil exemplares por dia. Em 2000 eram 10 diários superando essa marca.
No Brasil, como já vimos, a maior circulação (em DEZ/21) entre os grandes é a de O Estado de S. Paulo (SP), com pouco mais de 70 mil exemplares/dia. Hoje seguramente está abaixo desse número.
A mensagem é clara: os impressos devem ser vistos - e tratados - não mais como um produto de notícias, mas de análises, opinião, exclusivas. Isso requer maior dedicação, muito mais criatividade, periodicidade não necessariamente diária e um público mais exclusivo - e menor. Mas há um negócio por trás, basta entendê-lo.
O mais importante conselho que se pode dar é: não se deixe morrer pelo passado, pela nostalgia. Os tempos são outros. É preciso cabeça aberta e uma boa dose de ousadia.
PS: colaboração do colega Cláudio Thomas, ex-editor em jornais da RBS, que transformou-se em atento observador da mídia e hoje vive em Florianópolis
Mas mesmo assim é preciso ser criativo, ousar, provocar o leitor. Foi exatamente o que fez o USA Today hoje, com 182 nomes de crianças e adultos assassinados em escolas desde 1989.
Não há fotos, apenas contornos de rostos, dando a ideia do volume. E os nomes, idades e locais das barbáries.
Uma capa precisa contar algo, defender alguma ideia. Bem como fez o gigantes americano.
O dado só não é surpreendente porque há muito a receita digital desbancou as mídias analógicas, no total. Ocorre que entre 70% e 85% ficam nas mãos dos dois maiores intermediários, Google e Facebook. Portanto a disputa restringe-se à verba total de publicidade de um impresso e uma fatia entre 15% e 30% do que entra por via digital. Agora essa fatia será superior à do impresso.
Qual a preocupação? É que segundo o gráfico da PWC a curva da receita em publicidade digital encontra-se estável. O problema é a queda acentuada das receitas de anúncios no impresso. Sem que se recupere esse dinheiro. Foram quase US$ 12 bilhões investidos no papel em 2017. A previsão para 2026 é de US$ 4,9 bilhões.
No Brasil o ponto de inflexão talvez demore um ou dois anos mais - mas vai acontecer. A solução precisa passar por entender digital como negócio principal da empresa, que também oferece outros produtos como o impresso. No The New York Times (Nova York, NY), por exemplo, dois terços das receitas já chegam por meios digitais, principalmente assinaturas. E crescendo
É preciso se mexer, tomar decisões, montar estratégias. Ou depois pode ser tarde demais.
O Brasil nunca esteve tão mal, desde que se medem as liberdades de imprensa e de expressão. Só fica à frente de Nicarágua, Cuba e Venezuela, por motivos obvios. O vizinho Uruguai libera, seguido pelo Chile.
O estudo completo está aqui, enquanto a apresentação do trabalho será terça-feira, 14h do Brasil. Inscrições grátis e abertas.
O que não se imaginava era a repercussão que o "vale-tudo" poderia causar. O assassinato do jornalista inglês Dom Phillips (ao lado do sertanista Bruno Pereira) é o absurdo colocado na vitrine, para todo o mundo ver e se espantar.
The Guardian (Londres, UK), para quem Phillips colaborava, dedica meia capa à tragédia. Isso não vai ser esquecido tão cedo.
A boiada passou, mas alguns zebus eram maiores do que aquele ministro imaginava.
Lamentável. E triste.
Algumas informações sobre o Brasil:
* 54% dos entrevistados não estão mais interessados em "notícias". Isso é explicado pelo cansaço de "más notícias" e também pelo momento político-social do país.
*A TV Globo é a marca mais lembrada entre as mídias analógicas, com 44% dos entrevistas admitindo terem assistido pelo menos uma vez por semana. Seguem TV Record (35%), TV SBT (28%), O Globo (24%) e alguma publicação regional/local (23%).
* Entre os digitais quem lidera é Globo.com (44%), UOL (41%), R7 (30%), O Globo (27%) e Yahoo (17%).
* 18% admitem pagar por notícias nos meios digitais.
* A confiança nos meios de comunicação no Brasil caiu de 54% para 48%.
* As marcas de maior confiança entre os entrevistados são SBT (62%), Record (61%), Meios locais/regionais (61%), Band (61%) e UOL (57%).
* Apenas 27% dos entrevistados acreditam que os meios de comunicação no Brasil são independentes de influência polícia, econômica ou governamental.
O Globo venceu na categoria Melhor Ideia para Engajar a Audiência, entre marcas nacionais, com o projeto O Globo LGBTQIAP+, de 28 de Junho de 2021, que até mexeu no logo do diário carioca.
Os brasileiros costumam ganhar reconhecimento no INMA, mas dessa vez só O Globo, Valor Econômico (SP) e Editora Globo (SP) tiveram alguma menção.
Os vencedores aqui.
A primeira conclusão não é boa: proporcionalmente, o volume caiu, em relação ao ano passado (apenas 17,5% do total de 2021). Mas como o investimento em publicidade é sazonal, o número está dentro do esperado para os meses de janeiro, fevereiro e março - quando tradicionalmente o investimento cai, pela ressaca do fim do ano.
Houve um significativo crescimento em mídia exterior e em TV por Assinatura. Mas ainda será preciso esperar os novos balanços, na metade do ano, para se entender o comportamento real.
A comparação do gráfico não é científica. São os valores consolidados de 2021 (apenas os percentuais por mídia) em azul e os percentuais do primeiro trimestre de 2022 - em verde. Mas serve para se tirar as primeiras conclusões.
PS: do Facebook de José Maurício Pires Alves
A mesma frase, repetida após cada tragédia provocada por um atirador maluco nos EUA. Consequência da política armamentista dos Estados Unidos (e copiada em alguns países da América Latina, como o Brasil).
Genial. Para não deixar dúvidas.
PS: contribuição do meu filho Victor, sempre atento às novidades no mundo das comunicações
Justo no dia em que impressos do mundo inteiro prestam homenagem às crianças mortas por um atirador doido no Texas, o diário publica fotos de jovens fortes, bonitos, alegres. São os formandos da universidade local.
OK, é uma tradição do impresso divulgar o rosto dos formandos, mas não precisava ser no dia seguinte à tragédia no mesmo Texas.
Sensibilidade zero em Abilene.
O Ocidente tem dificuldades de entender como algumas atrocidades acontecem. Le Monde explica, para que ninguém tenha dúvidas das barbáries de alguns regimes totalitários.
USA Today (McLean, VA) não se organizou a tempo. E a resposta do impresso nacional veio somente hoje, 48 horas depois.
Criativo, é verdade. Trabalha com a bandeira dos EUA. Enche de informações relevantes, como uma linha do tempo e as diferenças demográficas.
Mas chegou depois.
Agora o Clarín (Buenos Aires, Argentina) se anuncia o maior veículo digital em idioma espanhol e também o maior das Américas. Segundo o próprio Clarín, são 521.765 assinantes ativos (dado de sábado, dia 14). Se esse número for real, são mais de 100 mil assinantes de vantagem para os brasileiros O Globo (Rio de Janeiro, RJ) e Folha de S. Paulo (SP) e bem mais que o dobro do que apresenta o líder espanhol El País (Madri, Espanha).
Clarín comemora um suposto estudo co INMA, respeitada associação de veículos de comunicação, que colocaria o argentino entre os 10 maiores do mundo. Mas não há link para tal estudo na matéria do Clarín, nem mesmo em uma busca do Google ou no site do INMA.
Como dizem os argentinos, "a ver".
Só que hoje o NYT quebrou os protocolos e decidiu gritar contra a nada invejável marca de um milhão de mortos em decorrência da Covid nos Estados Unidos. O mapa é um primor: para cada vítima, um ponto preto. Isso faz com que o leitor entenda os núcleos onde a doença se desenvolve mais, mas ao mesmo tempo entende que a Covid não poupa nenhuma região.
Não importa que a vítima um milhão tenha sido conhecida na quinta-feira. O alcance de domingo é maior. A capa do NYTimes vai, certamente, ganhar vários prêmio de jornalismo. Uma aposta de coragem, um grito de revolta.
Para guardar como exemplo de ótimo jornalismo.
A imagem - de Marina Silva - valoriza o diferente, o sangue escorrendo. A manchete faz trocadilho com o bairro onde ocorreu o crime.
Tudo muito bom.
Mas a imagem de capa de O Globo (Rio de Janeiro, RJ) de hoje é fantástica. Conta tudo com um olhar.
A seca e o calor na Índia preocupam. Não há margem para indiferença.
Quando uma foto dessa qualidade chega à Redação, bons jornalistas não têm dúvidas do impacto que ela causará. E, mesmo sendo na Rússia, incita a discussão sobre preservação do meio ambiente.
A foto é de Sajjad Hussein, da Agência France Press.
Seu melhor momento foi em 2010 e 2011, quando se transformou em um jornal da cidade de São Paulo, preocupado com a pós-notícia e com a interpretação das informações. O projeto gráfico atual ainda é daquele tempo. Ganhou espaço, mas acabou definhando por decisão de seus gestores.
O DSP, agora, dá pena. Não é à toa que não tem mais leitores. Não vende, ninguém assina. Basta analisar os conteúdos da primeira página de hoje para se entender os motivos.
A manchete é uma notícia entre o popular e o irrelevante. Sem nenhuma força de chamada principal.
Mas o absurdo vem logo abaixo, na foto de um grupo de advogados defendendo o indulto ao deputado carioca responsável por atos anti-democráticos e punido pelo STF. O Diário transforma um delírio irresponsável de defensores do presidente da República em uma notícia.
Um impresso pode assumir posições, não há problema. Pode mesmo defender em editoriais e em opinião posicionamentos políticos. Mas não pode mentir. Uma carta não é um ato. Os integrantes da reunião - salvo Ives Gandra - não estão entre os "mais renomados do Brasil", como o jornal afirma.
Menos, Diário, menos.
É que os votos determinantes para sua vitória vieram do movimento que não quis a extrema-direita no poder - e não dos apoiadores da plataforma do centrista Macron.
O Libé, de centro-esquerda, não perdoa.
Foram 10 entrevistas, 10 conversas com especialistas em assuntos ligados à prática do jornalismo - e ao negócio das comunicações: 5 brasil...