Imprima essa Página Mídia Mundo: 2011-01-09

sábado, 15 de janeiro de 2011

A melhor foto do pós-chuvas

Opinião, cada um tem a sua.
Depois da catástrofe da serra do Rio, qual é a grande foto do dia?
A maioria dos jornais está na mesma linha: caixões, choro, emoção. Não é mais hora de mostrar a tragédia, é preciso um respiro.
Assim Folha de S. Paulo (SP), Extra (Rio de Janeiro, RJ), O Dia (Rio de Janeiro, RJ) e O Fluminense (Niterói, RJ) estão na direção errada.
O Estado de S. Paulo (SP) tem uma maravilhosa foto de Pablo Jacob, que consegue reunir emoção e plasticidade.
O Globo (Rio de Janeiro, RJ) vem com uma imagem de Cléber Júnior que é sentimento do primeiro ao último grão.
Mas está na capa do Jornal NH (Novo Hamburgo, RS) a foto que mais impressiona, da Agência Efe. A interminável sequência de cruzes é o triste resumo da maior tragédia natural da história do Brasil.
É opinião. E opinião cada um tem a sua.


Marcação cerrada

O Diário do Grande ABC (Santo André, SP) está cumprindo uma das obrigações de um jornal: fiscalizar as instituições. Assim se torna útil e necessário.

Depois de revelar que o prefeito de Mauá (SP) não queria sair de seu gabinete para ver os destroços da chuva, agora ficou atento aos passos da primeira-dama e secretária de Assistência Social. Celma Dias também não sujou os pés.

O Diário, assim, ganha pontos em Mauá e cumpre sua missão.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O melhor de todos


Sensível, inteligente, criativo.

O Diário do Comércio (SP) de hoje inquieta, emociona e faz pensar.

É a melhor capa do Brasil.

Quantos mortos?

Jornais - que têm vida útil de 24 horas - insistem em cravar números em manchetes quando deveriam evitar os excessos.
Na ânsia de acertar uma conta imprevisível, Amazônia (Belém, PA) e O Estado de S. Paulo (SP) arriscam mais de 500 mortos. Correio Braziliense (Brasília, DF) diz que são 501. Agora (SP) sacramenta 508. O Tempo (Belo Horizonte, MG) exagera e fala em mais de 600.
Mas às 10h de hoje o site Terra, atualizado minuto a minuto, contava 529.
Em uma situação de tragédia onde o número de vítimas cresce sem aviso prévio, o melhor é não arriscar número algum. Ou o mico vai ficar 24 horas na casa do leitor incrédulo.


Prefeito-Gabinete e Prefeito-Pé-Na-Lama

O prefeito de Mauá (SP), uma das cidades mais atingidadas pelas chuvas, é do tipo acomodado. Oswaldo Dias avisou que não vai até o local da tragédia, como bem destaca o Diário do Grande ABC (Santo André, SP).
Já o prefeito de Franco da Rocha, Márcio Cecchettini, colocou suas botas impermeáveis e decidiu despachar na praça pública, com um metro de água, como mostra o Diário de S. Paulo (SP).
Dois bons exemplos de jornalismo útil. É preciso fiscalizar as instituições, ser duro na cobrança e elogiar quando os méritos aparecerem.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Os jornais não souberam cobrir a tragédia do Rio


Não há uma só capa de jornais no Rio de Janeiro ou em qualquer parte do Brasil capaz de traduzir o que aconteceu na Serra do Rio de Janeiro.

Ninguém foi sensível ou inteligente.

Todas as capas mostram fotos da tragédia ou falam do número de mortos. Exatamente aquilo em que a televisão e a Internet foram muito mais competentes.

Na ausência de uma grande capa, Mídia Mundo mostra a antológica capa do The Independent (Londres, UK), editada pelo vocalista do U2 Bono Vox.

Não há notícias hoje. Só a maior tragédia ambiental e social do país dos últimos tempos.

Quem fecha por último ri melhor

Os três jornais do Grupo Sinos saíram hoje com o mesmo desenho, mas com informações diferentes.
Para o carro-chefe, Jornal NH (Novo Hamburgo, RS), as chuvas mataram mais de 270 pessoas.
Já para o Jornal VS (São Leopoldo, RS) e para o Diário de Canoas (Canoas, RS), são mais de 250 vítimas.
Possivelmente o NH fechou por último e conseguiu atualizar os números no dead-line.

PS: quando o assinante recebeu os jornais, hoje pela manhã, já se contavam mais de 300 mortos no Rio.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os melhores da chuva

A foto de Rodrigo Coca (Fotoarena), na capa do Diário de S. Paulo (SP), é a grande imagem das chuvas no Brasil. Sensacional sensibilidade do fotógrafo, maravilhosa edição do jornal.
Mas o brilho das fotos também está presente na capa do Jornal da Tarde (SP), na foto de Sergio Neves. A edição inteligente favoreceu as imagens, ainda que à primeira vista o leitor possa não entender a ironia.
Nelson Antoine (Fotoarena) foi brilhante na foto do jipão parado na água, na capa do Agora (SP), bem como Valdir Friolin nas águas gaúchas de Zero Hora (Porto Alegre, RS).
Por último Adriano Vaccari clicou o momento exato para ganhar a capa do Mogi News (Mogi das Cruzes, SP). Assim pegou o velhinho tentando dirigir seu carro em meio à enxurrada, a senhora cuidando para não ensopar o carrinho e ainda outra mulher assustada, com a mão na boca.
Show de imagens.


A confusa capa da Folha


As fotos da Folha de S. Paulo (SP) são ótimas, mas o líder de São Paulo quis dar tudo em apenas uma página.

Errou.

Não dá pra se entender o que a Folha quis mostrar.

Pena.

Bom material, edição errada


Todos esses jornais tiveram um bom material de chuvas nas mãos, mas não souberam usá-lo.
O Estado de S. Paulo (SP) rasgou a foto errada. A Marginal parada não é a melhor imagem - apesar de plasticamente bonita - para acompanhar a manchete de 14 mortes.
O Diário do Alto Tietê (Suzano, SP), o Diário do Grande ABC (Santo André, SP), O Fluminense (Niterói, RJ), O Diário de Mogi (Mogi das Cruzes, SP) e o Jornal de Jundiaí (Jundiaí, SP) abusaram dos templates, mesmo que a ocasião merecesse desenhos inovadores. Ao seguirem os rígidos padrões dos projetos gráficos estabelecidos, perderam a chance.
Enquanto a Folha da Região (Araçatuba, SP) comete o maior de todos os pecados editoriais: estraga a foto principal com a aplicação de nova imagem sobre ela.
Assim não dá.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cadê a chuva?


A chuva que ontem alagou São Paulo foi a maior do ano - equivalente ao volume médio de todo o mês de janeiro.
Mas começou pelas 22h, quando as redações da maioria dos jornais paulistanos já estavam com as luzes apagadas.
Folha de S. Paulo (SP), Diário de S. Paulo (SP) e Jornal da Tarde (SP) ignoraram, possivelmente por problemas de agilidade industrial.
O Estado de S. Paulo (SP) e Agora (SP) registraram na capa, mas talvez ficaram com medo de apostar mais forte. Deixaram como segunda imagem.
Perderam a chance.
Amanhã a criatividade pós-chuva precisa ser quintuplicada.

Editor de arte, urgente


O Jornal da Cidade (Bauru, SP) dá uma aula de como não deve ser desenhada uma capa.

Quando a manchete está sobre uma foto, seguida por um texto que desce ao lado da imagem, não há dúvidas: a foto pertence à manchete.

Mas não é assim no JC. A foto pertence à segunda chamada, de baixo. E a foto abaixo dessa submanchete também não tem relação, é um texto-legenda.

Enfim, tudo errado, aos olhos confusos do leitor.

Faltou sensibilidade ao editor de arte. E atenção ao responsável pela capa.

Quem perdeu foi o leitor.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cadê a fotografia do Estadão?


A equipe de fotografia do Grupo Estado é uma das melhores do Brasil. Repórteres-fotográficos talentosos, cheios de imaginação, sonho da grande maioria dos jornais do Brasil.

Mas onde está o trabalho dessa gente? Por que O Estado de S. Paulo (SP) traz como foto principal hoje um jogo de futebol de Madri? Não há fotos interessantes de São Paulo? Do litoral paulista?

Se o jogo do Real Madrid ainda fosse uma decisão, o gol de Kaká mereceria tamanha importância. Mas da maneira como está, é um soco no estômago de todo o departamento de fotografia do Grupo Estado.

O salvador do grupo


Em dia de luto nas edições dos jornais da RBS, o pequeno Diário de Santa Maria (Santa Maria, RS) é uma ilha de bom jornalismo em um oceano de equívocos.

A capa com as fotos das vítimas do trânsito em 2010 é um tremendo achado.

O mal crônico das dominicais do Sul

Certo dia um gênio da circulação inventou que na Região Sul as bancas não abrem aos domingos. Não se preocupou em conversar com os donos das bancas, em propor pontos de venda alternativos. Apenas decretou que as edições dominicais deveriam circular a partir do meio-dia...de sábado. Com aquela decisão absurda a esmagadora maioria dos jornais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina passaram a ter uma edição dominical apenas com especiais, sem o noticiário quente de sábado.
OK, a circulação venceu a redação. Mas então que os jornais assumam a ausência de noticiário domingo e tratem a edição de segunda-feira como de segunda-feira, e não um recozido de todo o fim de semana.
O absurdo passa recibo quando jornais como Zero Hora (Porto Alegre, RS), Diário Gaúcho (Porto Alegre, RS) e Diário Catarinense (Florianópolis, SC), todos do Grupo RBS, tratam assuntos de sábado na edição de segunda como se o domingo não existisse. Ignoram outras mídias da própria RBS.
O caso Ronaldinho Gaúcho, como bem observou o leitor Everton Maciel, é um tiro no pé. A aposta de Zero Hora deveria ter sido publicada ontem. A chamado do Diário Gaúcho é como se ninguém soubesse do desfecho da novela Grêmio-Ronaldo. E a foto de capa do Diário Catarinense é da chegada do jogador a Florianópolis, sábado. Ninguém foi atrás do craque na noite catarinense ou na praia do Jurerê domingo.
Esse é o jornalismo da preguiça, que começa no mal crônico da Região Sul de transformar as edições de domingo em cozidões gelados. Não fosse pelos classificados e as vendas da dominical, com absoluta certeza, despencariam.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Traído pela velocidade da informação

Imagine a cena:
O palmeirense acordou pelas 11h. Foi até a banca de jornais e comprou o Lance! (SP).
Ali ficou sabendo que o Palmeiras seguia firme no interesse pelo jogador Ronaldinho Gaúcho.
Já em casa, acessa o site do mesmo Lance! na Internet.
Descobre o que? Exatamente o contrário.
A velocidade da informação da web traiu o papel.


Duas boas ideias em SC


Vem de Santa Catarina a matéria mais criativa do domingo.
O Diário Catarinense (Florianópolis, SC) descobriu as únicas 5 solteiras de Linha Narciso, em Bom Jesus. E conseguiu colocá-las em frente à capela local, onde há 17 anos não há casamentos.
Genial. É com histórias desse tipo que o jornalismo brilha e sobrevive.
Pena que o jornal teve medo de abrir a foto de Sirli Freitas. Com tantas chamadas dividindo as atenções na capa, o DC parece um standard. Mas é tabloide. E a matéria ficou escondida.
A Notícia (Joinville, SC) entrou no clima de revisitar quartos vazios de vítimas do trânsito, como o irmão mais famoso - Zero Hora (Porto Alegre, RS) - havia feito em novembro.
A matéria é boa, a foto trabalhada - só com a rosa em vermelho - foi um achado.