O Brasil está eliminado de forma inacreditável da Copa América e os jornais brasileiros falam em vergonha, fiasco, decepção. Tudo verdade.
No dia seguinte à cobertura de um fato que mais da metade dos brasileiros seguiu ao vivo pela TV, roendo unhas e xingando a mãe de cada jogador que errava um pênalti, o jornal precisa trazer algo diferente. Ou pelo menos tentar.
A única coisa proibida é dizer, em manchete, quanto foi o jogo.
No
Jornal de Jundiaí (Jundiaí, SP) a manchete diz "Seleção erra 4 pênaltis e dá 'adiós' à Copa América". Alguma novidade? Alguém, hoje pela manhã, não sabia?
O
Correio de Uberlândia (Uberlândia, MG) vai pelo mesmo caminho: "Sem pontaria, Brasil perde nos pênaltis". De novo, alguém não sabia?
O Estado de S. Paulo (SP) destaca, ainda que não em manchete: "Brasil perde 4 pênaltis e é eliminado". Mais uma vez, alguém não sabia?
Está é a forma piloto-automático de se fazer uma manchete. Não há criatividade por trás, não há pensamento do leitor, não há comprometimento em se trazer algo novo e desconhecido. Se depender das manchetes, esses jornais não valem o que pedem ao leitor por um exemplar.
A ilha de criatividade nas bancas de hoje está com a
Rede Bom Dia (Sorocaba, São José do Rio Preto, Bauru e Jundiaí, SP), que brinca com a musa paraguaia Larissa Riquelme e seu anunciado strip-tease em função do resultado do jogo.
PS: hesitei muito antes de colocar esse post no ar. Como sou parte interessada - estou trabalhando para a Rede Bom Dia - meu comentário teria todos os pré-requisitos para ser parcial e nada isento. Entretanto o pecado pareceria maior se eu ignorasse o trabalho do Bom Dia e os leitores ficassem sem conhecer a ótima capa de hoje.