Imprima essa Página Mídia Mundo: 2010-05-02

sábado, 8 de maio de 2010

Fatou coragem à Folha


Que situação!

Chegou à redação da Folha de S. Paulo (SP) a foto de Bob Wolfenson de Gisele Bündchen posando para uma marca de lingerie.

A foto é fantástica e mostra que pouco mais de 100 dias depois do nascimento de seu filho Benjamin a top está em forma, mais linda do que nunca.

Só que paira sobre a Folha a ideia de ser um jornal sério, que fala da ajuda à Grécia e outros temas de interesse duvidoso. E foto de modelo não seria para destacar tanto assim.

Azar. A Folha perdeu a chance de brilhar.

O fotaço de Gisele é, sim, interessante e relevante. Mas ficou em 4 colunas, quando merecia 6. Sem qualquer dúvida é o tema que mais chama a atenção na capa de hoje. Faltou coragem.

A busca da originalidade


É difícil ser criativo em datas conhecidas, como o Dia das Mães.

Mas é preciso tentar.

O The Hamilton Spectator (Hamilton, Canadá) conseguiu.

Quem resiste aos desenhos das crianças?

O fato e o personagem

O jornal The Independent (Londres, UK) é a prova de que quando toda a imprensa corre para um lado é hora de ir para o outro.
Deal (acordo) é a palavra do dia.
Está nas capas de The Times (Londres, UK), The Guardian (Londres, UK) e The Daily Telegraph (Londres, UK).
É a tentativa de acordo das oposições para tomar o poder britânico, no lugar dos trabalhistas.
Mas o The Independent viu outro foco na notícia: o personagem Nick Clegg, que de coadjuvante passou a protagonista nessa disputa.
É, como diz o jornal, o homem do momento, que vai selar o futuro na nação.

Para a frente é que se anda


Tá certo que a Copa Davis de Tênis é o grande evento esportivo do ano em Bauru.

Mas por isso mesmo o Jornal da Cidade (Bauru, SP) deveria olhar para a frente, e não para o passado.

Ao dar a manchete ao placar dos jogos de ontem, o JC deixa de promover o jogo de duplas de hoje, que deve determinar a vitória do Brasil no confronto.

Faltou inteligência criativa no Jornal da Cidade. Sobrou visãoatitude de um jornalismo antiquado que não existe mais.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Local, local, local


Sabe qual é a grande aposta de hoje do The Anniston Star (Anniston, AL)?

O molho do cachorro-quente servido pelo The Valley Dog, fornecedor de alimentos no estádio de beisebol.

Local de verdade.

O Minhocão vai ou não vai ser demolido?

O anúncio do prefeito Gilberto Kassab provoca interpretações diferentes.
Para O Estado de S. Paulo (SP) e Jornal da Tarde (SP) desconfiança é a palavra. Trata-se de mais uma proposta com o mesmo fim.
Para o Diário de S. Paulo (SP), é Adeus, Minhocão. Ou seja, assunto encerrado.
Nessa guerra de visões, o melhor de tudo foi a foto que o JT encontrou no arquivo e rasgou na capa. Sensacional!

Tudo se copia

O Pioneiro (Caxias do Sul, RS) utilizou a famosa foto dos Beatles, cruzando a rua na faixa de segurança, para ilustrar matéria sobre a necessidade de atravessar ruas em locais sinalizados.
A ideia é ótima, mas o crédito deve ser dado ao Correio Braziliense (Brasília, DF), que. sob a direção de Ricardo Noblat em 1998, fez uma memorável capa com a mesma foto e o mesmo título "Faça como eles". Logo abaixo uma foto de autoridades atravessando a rua fora na faixa e o título "Não faça como eles".

PS: Obrigado Paula Sperb, por recuperar a capa do Correio (ainda que em PB).

Linguagem visual ao extremo

Bons jornais não têm medo de rasgar gráficos na capa.
Show, don't tell.
Tudo o que puder ser dito em linguagem visual terá maior valor que inúmeras linhas de explicação em forma de texto.
Parabéns a The Washington Post (Washington, DC), USA Today (McLean, VA), Kurier (Viena, Áustria), The Globe and Mail (Toronto, Canadá) e National Post (Toronto, Canadá).

Faltou atenção no fechamento


É impossível olhar a capa de A Tribuna (Vitória, ES) e não imaginar que a vítima de estupro da manchete não seja a bela torcedora de camisa verde, da foto principal.

Pior, sua amiga ao fundo ainda ficou comemorando.

Por mais que os fios separem manchete de foto principal, é fundamental ter um olhar completo sobre a capa antes de enviá-la à rotativa.

Para evitar problemas como esse.

A diferença entre o antigo e o moderno

Os jornais gaúchos têm uma história maravilhosa no colo.
O empresário Luiz Henrique Sanfelice, acusado de assassinar a mulher em 2004, foi preso há três dias na Espanha, onde vivia escondido.
O que interessa agora ao leitor?
Essa é a pergunta-chave do caso. O leitor quer que Sanfelice seja extraditado e julgado no Brasil, de onde fugiu há dois anos deixando poucas pistas.
A história da fuga do empresário é sensacional e precisa ser contada. Há alguns detalhes curiosos como o revelado por Zero Hora (Porto Alegre, RS), que Sanfelice tirou o passaporte espanhol no Rio de Janeiro, mesmo procurado pela Polícia Federal. Mas é pouco para uma manchete.
A pergunta do momento é se o empresário vai ou não ser extraditado, como publica o Jornal NH (Novo Hamburgo, RS). E se for, quando. É uma interrogação que lembra o caso Cesare Battisti e outros detidos famosos, em luta burocrática com a Justiça.
A visão tradicional do jornalismo, quando os jornais eram "donos" da notícia e deviam publicar o fato, contrasta com o modo moderno de pensar, olhando para o futuro, a explicação, os próximos passos.
Neste caso, o Jornal NH pensou mais no futuro que Zero Hora.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Objeto de desejo

A Cerveja Andes (Mendoza, Argentina) inventou - pelo menos na propaganda - um objeto dos sonhos dos frequentadores de bares.
O comercial abaixo é a versão completa. No YouTube há outros teasers muito interessantes.

Dica do Facebook do colega Rodrigo Buldrini.


Sem palavras


O cartoon de Peter Brookes, na capa do The Times (Londres, UK) é brilhante.

Na eleição que deve marcar a derrota dos trabalhistas, segundo pesquisas, a criatividade dos jornais é impressionante.

Chega de problemas, o leitor quer soluções


Dessa vez foi Natal.

Antes a chuva forte alagou outras capitais, de São Paulo a Salvador, passando por Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte.

É hora de fazer mais do que apenas publicar as belíssimas imagens das enchentes.

Por que a cidade alaga? Por que os bueiros estão entupidos? Por que a prefeitura cruza os braços e não faz nada, além de distribuir panfletos?

Se jornais como o Diário de Natal (Natal, RN) cobrarem mais das instituições, o leitor vai ganhar algo além de boas fotos.

Vai ganhar qualidade de vida. E vai confiar no seu jornal.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O deadline fez o Estadão ser diferente

O reajuste de 7,7% para os aposentados tem a cara de O Estado de S. Paulo (SP).
Curiosamente, Folha de S. Paulo (SP) e O Globo (Rio de Janeiro, RJ) dão a notícia em manchete, mas o Estadão nem cita nada capa.
A resposta está em letras pequenas: a capa foi fechada às 20h30min. A notícia veio depois da meia-noite.
De qualquer maneira o deadline serviu para que o Estadão saísse diferente, com uma manchete forte e que ninguém tem igual.
Pelo menos no clichê que circula pela Internet.

Um quadro com tudo o que é preciso saber


Não é à toa que o The Washington Post (Washington, DC) é um dos melhores jornais do mundo.

Para explicar o frustrado atentado de sábado em Nova York, o jornal monta um quadro com o preciso título de 53 horas, 17 minutos.

Foi o tempo da descoberta do carro-bomba até a prisão de seu mentor.

Em 3 minutos entende-se tudo o que se quer dizer. No resto do jornal, as histórias que revelam o que há por trás dos fatos.

As histórias por trás dos fatos


Olhe o rosto sorridente de Maria Paula Leal na capa de Zero Hora (Porto Alegre, RS).

A professora foi atropelada e morta logo depois de ajudar um cego a atravessar a rua.

O acidente motivou o jornal gaúcho a contar a história genial dessa mulher. Sem drama, sem apelar para o sangue.

Na capa, um título maravilhoso: A última boa ação da professora.

O bom jornalismo, enfim, reapareceu no Rio Grande, ainda que esmagado por uma manchete pra lá de factual.

Comemoração à mexicana


O jornal Provincia (Morelia, México) comemora 8 anos com uma capa-arte muito interessante, mas pouco informativa.

Parece um painel do artista mexicano Diego Rivera.

Mas como informação há apenas o aniversário.

E o leitor compra pelo aniversário, ou por conteúdos novos?

O espião pernambucano

Quem copiou quem?
Quem teve a ideia primeiro?
Fica difícil supor que tanto o Diário de Pernambuco (Recife, PE) como o Jornal do Commercio (Recife, PE) tiraram da cartola a mesma mágica, ilustrar no alto da capa a chamada para a decisão do campeonato pernambucano com uma arte dos mascotes de Náutico e Sport.
Até a chamada é parecida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Nada mais fácil - e interessante - do que uma rua


Essa pauta pode ser feita em qualquer jornal de qualquer cidade brasileira.

Escolha uma rua, ou uma esquina. Um ponto conhecido da cidade, com movimento, que muda de perfil conforme a hora do dia.

Depois acompanhe o ciclo da rua, as pessoas, as aglomerações, as áreas de interesse, e faça um infográfico limpo, como fez o galego Diário de Pontevedra (Pontevedra, Espanha).

Apimente com personagens, com pequenas curiosidades, e você terá uma página - ou uma dupla - da melhor qualidade.

Fácil e com alto índice de leitura.

Dica do colega Chiqui Esteban.

Finalmente alguém explica a tragédia


Demorou para que se encontrasse um bom infográfico a respeito do vazamento de petróleo no Golfo do México.

Agora o The News-Press (Fort Myers, FL) explica o que se está fazendo para impedir que a tragédia cresça ainda mais.

A chamada errada compromete a matéria


Não há dúvidas que a tragédia da Kent State University marcou a vida de Ohio.

Mas a chamada para a reportagem que revisita aquele 04 de maio de 1970 não pode ser "40 anos atrás".

Se a matéria não for bem vendida na capa, não funciona. Faltou inteligência criativa ao The Independent (Massillon, OH). Uma chance de brilhar, 40 anos depois, que ficou opaca.

A Copa 2014 é amanhã

Acertaram O Povo (Fortaleza, CE) e Jornal da Tarde (SP).
A Copa 2014 é amanhã. O tempo corre rápido demais e a ausência de obras ameaça, sim, o Mundial no Brasil.
Os jornais devem fazer pressão ou a Copa vai para outro país.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O intruso outra vez


No Diário do Pará (Belém, PA), depois da festa com o Botafogo, agora é com o Santos.

Nem os jornais paulistas dedicaram tanto espaço à Turma de Robinho.

A ajuda à Grécia


Ninguém tratou tão bem - graficamente - a ajuda européia à Grécia como o Kleine Zeitung (Graz e Klagenfurt, Áustria).

Uma capa de primeira.

Local, antes de ser global


O Chicago Tribune (Chicago, IL) é um dos principais jornais dos EUA.

Hoje ele ensina que os interesses locais são superiores aos temas da chamada macroeconomia.

As empresas aéreas United e Continental vão se unir. O comunicado será feito amanhã. E apesar do impacto da notícia (a nova empresa será a maior do mundo), o foco do CT é com o efeito em Chicago, um dos hubs da United.

Isso provoca leitura e evita longas e chatas matérias.

Seja criativo, não conte o óbvio

Há jornais que teimam em não entender que o jornalismo de 2010 é bem diferente do jornalismo de 1970.
As cinco capas desse post poderiam ter sido feitas em janeiro, quando os campeonatos de futebol começaram, e guardadas na gaveta para hoje. No início do ano se sabia que no domingo, 02 de maio, terminariam os campeonatos gaúcho e mineiro. Portanto, haveria um campeão. E estava pronta a capa da segunda-feira.
Sem surpresas, sem qualquer elemento a mais do que as TVs e os sites apresentaram ontem.
Nada mais óbvio no dia seguinte à conquista que o jornal local estampar "É campeão", bastando escrever o nome da equipe como sujeito da frase e escolher uma foto da comemoração.
Uma aula de jornalismo-clichê.
Zero Hora (Porto Alegre, RS), Correio do Povo (Porto Alegre, RS), Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG), Jornal NH (Novo Hamburgo, RS) e Correio de Uberlândia (Uberlândia, MG) erraram feio.
Por que será que nenhum jornal paulista disse hoje "Santos campeão"? Todos buscaram alguma informação a mais que o óbvio.
Pelo jeito o jornalismo de São Paulo está mais evoluído que o gaúcho e o mineiro em cultura visual e em concepção de capas.


domingo, 2 de maio de 2010

Reportagem em ótima hora


Imposto é o tipo de coisa que você paga todos os dias e acha que só paga uma vez por ano, na entrega da declaração.

Por isso é ótimo que um jornal como a Gazeta do Povo (Curitiba, PR) desvende os mistérios das alíquotas de impostos dos produtos do dia-a-dia, amparada em uma pesquisa que revela o desconhecimento do cidadão com a carga tributária.

Para recortar e guardar.

Rostos para todos os gostos

Os jornais brasileiros ainda resistem em publicar rostos, pessoas, personagens.
O Pittsburgh Post-Gazette (Pittsburgh, PA) apresenta hoje 35 closes de pessoas comuns, da cidade, gente que está nas ruas. A matéria é sobre a face, aquilo que você vê todos os dias no espelho.
Já o The Birmingham News (Birmingham, AL) publica uma enorme série de rostos, não de gente comum, mas de criminosos e gente procurada pela política. A matéria é um perfil dos assassinos de Jefferson County.
De todas as formas, rostos.

Duas edições sobre o mesmo tema

É a mesma matéria, um mergulho nas cidades paupérrimas adotadas pelo governo Lula para o lançamento do Bolsa Família, em 2003. Uma brilhante reportagem dos jornais dos Diários Associados.
Mas a edição é diferente. Até na escolha de fotos o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) preferiu focar no personagem, enquanto o Correio Braziliense (Brasília, DF) optou pelo cenário.
Não há certo ou errado nesse caso. A matéria vale a leitura.