O furo do NYTimes, primeiro digital

TheNew York Times (Nova York, NY) outra vez ensina como se faz bom jornalismo em tempos de realidade digital.

O escândalo da sonegação de impostos do atual presidente - e candidato à reeleição - Donald Trump poderia estar hoje na manchete da edição impressa como um "furaço". Mas a direção do NYT decidiu publicar ainda ontem, nas plataformas digitais. Em primeiríssima mão.

Consequência: uma edição impressa perfeita hoje, onde o grafismo ajuda o entendimento dos detalhes. E a repercussão - com reconhecimento da fonte - de todos os demais grandes jornais dos EUA e do mundo.

 

O moderno e o clichê

The New York Times (Nova York, NY) está a cada dia mais moderno. O tempo serve para que a "velha senhora" do jornalismo entenda as necessidades informativas de seus milhões de leitores (cerca de 4 milhões de assinantes).

Já os concorrentes apelam para o clichê. Aquele jornalismo que não leva a lugar nenhum, apenas repete fórmulas.

Bastava responder a pergunta: o que importa do depoimento do embaixador Sondland, no processo que pode levar ao impeachment de Donald Trump? Seu rosto? Não, o conteúdo de sua fala.

Enquanto The Washington Post (Washington, DC), Los Angeles Times (Los Angeles, CA), Miami Herald (Miami, FL), Chicago Tribune (Chicago, IL) e USA Today (McLean, VA) dão enorme destaque às caras e bocas do diplomata, NYTimes aposta nas revelações. Branco sobre preto. O conteúdo que os americanos querem conhecer.

Mais uma aula de bom jornalismo do Times.

Vencedores e vencidos

O basquete está para os EUA como o futebol está para o Brasil.

Ontem o 76ers da Filadélfia eliminou o poderoso Bulls de Chicago.

A festa está na capa do The Philadelphia Inquirer (Filadélfia, PA).

A decepção no Chicago Tribune (Chicago, IL).

Obama no Brasil. And so what?

O presidente Barack Obama está no Brasil.

Nos discursos de ontem parcerias, amizades e juras de amor.

Nos jornais de hoje nenhuma referência à visita (salvo honrosa exceção do jornal de Miami, até pela quantidade de brasileiros por aqueles lados).

Vale conferir o que falam os principais jornais americanos: The New York Times (Nova York, NY), The Washington Post (Washington, DC), The Miami Herald (Miami, FL), Los Angeles Times (Los Angeles, CA), San Francisco Chronicle (San Francisco, CA), The Atlanta Journal-Constitution (Atlanta, GA), Chicago Tribune (Chicago, IL), The Boston Globe (Boston, MA), The Baltimore Sun (Baltimore, MD), Detroit Free Press (Detroit, MI), The Plain Dealer (Cleveland, OH), The Philadelphia Inquirer (Philadelphia, PA) e The Dallas Morning News (Dallas, TX).

É Líbia, Líbia e Líbia. E nada de Brasil.

Onde está Obama mesmo?

E la neve va

Não para de nevar em Chicago. A imaginação criativa dos jornais está no fim. Mas enquanto isso é possível sentir frio só de olhar para as capas do Chicago Tribune (Chicago, IL), do Red Eye (Chicago, IL) e do Chicago Sun-Times (Chicago, IL).

Irreverência para irreverentes

Red Eye (Chicago, IL) é a amostra viva e vibrante de que o melhor caminho para um jornal é ocupar os espaços, quando não quiser mudar de verdade.

Grátis. Jovem. De bom gosto.

Red Eye pertence ao Chicago Tribune e não canibaliza a audiência.

Soma.

Melhor um jornal do grupo do que permitir a entrada de um concorrente.

Estados Unidos, capital BH. Ou Salvador

Tente adivinhar:
Dois dos cinco jornais abaixo são brasileiros e três são americanos. Quais?
Basta ver quem destacou melhor a suada vitória dos EUA ontem, certo?
Errado.
Para o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) e Correio* (Salvador, BA) nada é mais importante que a façanha da seleção americana aos 45 do segundo tempo.
Para três dos mais importantes jornais dos EUA, The Washington Post (Washington, DC), Chicago Tribune (Chicago, IL) e The New York Times (Nova York, NY) há coisas mais importantes, sim.
A foto principal do Post é da Copa, sim, mas na ordem de prioridades tem muita coisa na frente.

A foto que vale a capa

A imagem do descarrilamento na Áustria é tão impressionante que merece capa inteira, como fez o Neue Vorarlberger Tageszeitung (Vorarlberg, Áustria).
Mas uma imagem curiosa, como a servente limpando os vidros da Casa Branca, pode valer também pelo inusitado, como no The Washington Post (Washington, DC).
E se o assunto é quente, uma boa foto de um ângulo novo, como no Chicago Tribune (Chicago, IL), resolve a capa.
Ou seja, foto não é decoração, é informação de qualidade.

Não há lugar para tanta alegria

O título da Stanley Cup extrapolou os limites da alegria nos jornais de Chicago.

Capa monotemática do sempre sério Chicago Tribune (Chicago, IL).

Capa e contracapa no Chicago Sun-Times (Chicago, IL).

Capa e contra no alegre Red Eye (Chicago, IL).

Não se pode poupar espaço para comemorar com a cidade.

Local, antes de ser global

O Chicago Tribune (Chicago, IL) é um dos principais jornais dos EUA.

Hoje ele ensina que os interesses locais são superiores aos temas da chamada macroeconomia.

As empresas aéreas United e Continental vão se unir. O comunicado será feito amanhã. E apesar do impacto da notícia (a nova empresa será a maior do mundo), o foco do CT é com o efeito em Chicago, um dos hubs da United.

Isso provoca leitura e evita longas e chatas matérias.

O melhor dos iguais

O presidente americano Barack Obama fez ontem à noite o acerto de contas anual com o Congresso, o discurso State of the Union.
Era esperado, se sabia qual seria o tema-chave (empregos) e todos os jornais tiveram tempo para se preparar.
Mas todos - todos - fizeram o mesmo.
Entre os maiores, The New York Times, The Washington Post, USA Today, Chicago Tribune, Los Angeles Times e The Atlanta Journal-Constitution estão praticamente idênticos.
Precisou o pequeno Las Vegas Review-Journal (Las Vegas, NV) ensinar como se faz para não ser apenas mais um. Uma edição de luxo para um tema que todos tinham igual.