Imprima essa Página Mídia Mundo: 2021-03-21

quinta-feira, 25 de março de 2021

Algumas ideias para marcar as 300 mil mortes


A chegada às 300 mil vítimas era uma tragédia anunciada. Ou seja, os impressos tiveram tempo para planejar uma edição que ficasse na memória, como a que O Globo fez para as primeiras 10 mil mortes. Mas poucos aproveitaram a chance.

Folha de S. Paulo (SP) compara em foto aérea a ocupação de espaço de um cemitério. Uma boa ideia, ainda que a informação mais relevante esteja em um gráfico simples abaixo: o tempo para cada 100 mil mortes.

Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) lança nomes de mortos (como O Globo nos 10 mil) e, por falta de espaço, ao final, aparece um "X 1.000". O Globo (Rio de Janeiro, RJ) usa a mesma ideia da Folha, o mesmo cemitério. E um pequeno quadro. Enquanto Metro (SP) faz o simples: um gráfico que escancara a barbárie.

O Estado de S. Paulo (SP) traz a imagem de gente que perdeu familiares, quanto O Dia (Rio de Janeiro, RJ), bem ao seu estilo, faz uma capa-pôster.

Não são capas para "recortar e guardar", embora aqui apareça alguma criatividade e posicionamento - o que é fundamental para os impressos.

 

Pão e Circo no Sul e na Bahia


É simplesmente inacreditável que alguns impressos não respeitem os 300 mil mortos por Covid-19 no Brasil.

Os gaúchos Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Correio do Povo (Porto Alegre, RS) até informam em manchete a dramática marca. Mas "compensam" com foto de um jogo de futebol.

Por que? Para dar "alegria" ao leitor?

Isso é tão inexplicável que torna-se falta de seriedade. Um desrespeito ao leitor, ao ser humano. Não é momento para festas, comemorações. Nem do futebol.

Na Bahia, o Correio* (Salvador, BA) até esconde a chamada das 300 mil mortes, debaixo da foto de...futebol.

Incrível! O jornalismo chegou ao seu momento mais baixo com essas decisões editoriais. Não é à toa que o número de exemplares vendidos dos três diário, há tempos campeões de venda com mais de 100 mil por dia, despencou. Deste trio, quem mais vende mal chega a 40 mil exemplares. Uma tragédia anunciada pelos erros de concepção.


quarta-feira, 24 de março de 2021

Recorde de mortos - Quem foi mal


É impressionante como relevantes impressos brasileiros não souberam solucionar a capa para impactar com os absurdos números de mortos por Covid. A hora é de revolta, é o que se espera de um jornal.

O Estado de S. Paulo (SP) preferiu manter a decisão do STF na manchete. Não conseguiu entender o tamanho da informação que tinha em mãos, que aparece timidamente em uma submanchete. A foto é de um alegre vacinado. Tudo que não deveria ilustrar a capa de hoje.

A Tarde (Salvador, BA) é ainda mais fora do tom, com maior destaque a uma inócua ação rejeitada do presidente. O Popular (Goiânia, GO) fala da fila de leitos, mas nenhuma palavra sobre o recorde. Se fechou mais cedo, deveria ter reaberto, tamanha a relevância da informação. Zero Hora (Porto Alegre, RS), por sua vez, dá o recorde em manchete, mas não muda nada em uma capa planejada. Ou seja, não avança, sequer com um gráfico, prefere uma foto de pouca informação.

O também gaúcho Correio do Povo (Porto Alegre, RS) parece estar em outro mundo. Ou dá chances a que se suspeite que há maracutaia na escolha da manchete. Uma promessa do Presidente - entre outras tantas - não pode ganhar espaço nobre. É uma bofetada no leitor. Como também parece inacreditável o Correio* (Salvador, BA) comemorar 1 milhão de vacinados em dia de mais de 3 mil mortos. Não combina. Assim como O Tempo (Belo Horizonte, MG), que escolhe o pior dia do ano para promover a campanha pela vacinação, que sequer foi lançada ontem.

Para todos os que ficaram devendo, uma dica: o Brasil ultrapassou a nada invejável marca de 300 mil mortos por Covid-19. É hora de marcar presença e posição na capa de amanhã.

 

Recorde de mortos - Quem foi bem


Quando o impresso tem oportunidade de surpreender o leitor, não pode perder a chance.

O fato de chegarmos a mais de 3 mil mortos registrados ontem no Brasil é um triste recorde. E precisa chocar a população, fazer quem ainda se aventura a andar sem máscara a mudar o comportamento, provocar os governantes a adotar postura de combate ao vírus.

Ontem também foi dia de um infeliz pronunciamento do Presidente da República na TV. Alvo do maior panelaço desta gestão.

O Globo (Rio de Janeiro, RJ) tratou de dar números aos estados, em forma de um gráfico bem construído. Folha de S. Paulo (SP) fez o simples: o gráfico de linhas - e, curiosamente, trabalha com números mais conservadores no gráfico do que no título. Correio Braziliense (Brasília, DF) e Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) falam em super manchetes do número de mortos, com um pequeno e simples gráfico no diário mineiro. Extra (Rio de Janeiro, RJ) faz trocadilho com o lema de campanha do Presidente, para lembrar que o Brasil é onde mais se está morrendo por Covid-19.

Todos foram bem. Nenhum foi genial. Talvez pela hora, talvez pelo susto dos números.

PS: aliás, são 2.349 (como no gráfico da Folha), 3.158 (como em O Globo) ou 3.251 mortos (como no Correio)? 




 

terça-feira, 23 de março de 2021

A foto que resume a história


Demorou para O Estado de S. Paulo (SP) publicar a foto que, sozinha e sem legenda, conta a história do que está acontecendo no Brasil. Mas hoje saiu, pela lente de Ueslei Marcelino, da Reuters.

A ideia já apareceu em capas de outros jornais, é verdade, embora a cegueira permaneça - por isso é bom repetir.

Ótima sacada do Estadão foi colocar o título com o verbo "enxergar", logo abaixo. O personagem está vendo tudo, pelo jeito.