Imprima essa Página Mídia Mundo: 2013-03-31

sábado, 6 de abril de 2013

A maior crise da imprensa brasileira



Se há uma grande crise comum aos jornais brasileiros é a crise de criatividade. Falta, literalmente, imaginação aos jornais, boas pautas, pés no chão.


Bastou quinta-feira o Jornal Nacional da TV Globo falar da iniciativa de uma cantina paulistana, que retirou o tomate do cardápio enquanto o preço for exorbitante, para o tomate virar pauta nos jornais.

Hoje pelo menos quatro jornais apostam no preço do tomate na capa. Correio Braziliense (Brasília, DF), A Cidade (Ribeirão Preto, SP), Pioneiro (Caxias do Sul, RS) e Diário do Grande ABC (Santo André, SP).

Sem resolver a crise de criatividade os jornais deixam de ser necessários.





Que petulância!


A manchete do Diário da Manhã (Goiânia, GO) é uma das mensagens mais ufanistas dos últimos tempos, nível "Ninguém segura esse país", muito utilizado pelos militares na ditadura.

Se Goiás sustenta o Brasil, as informações que geraram essa cascata é que não sustentam uma manchete.

Bobagem pura.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Não basta publicar grande números, é preciso conteúdo


O Interior de São Paulo parece querer entrar de cabeça no jornalismo visual. Só que falta competência.

Uma informação, antes de mais nada, precisa ser relevante. Em seguida é preciso planejar a maneira de publicá-la respeitando a curiosidade do leitor.

Jogar solto em vermelho R$ 51 milhões não quer dizer absolutamente nada, na capa de A Cidade (Ribeirão Preto, SP). O mesmo com os números insignificante e soltos em Tribuna Impressa (Araraquara, SP).

Isso chama-se arte pela arte, não jornalismo. É uma maneira de se ver livre de pensar a capa. E, pior, desgasta o jornal, que logo não consegue chamar a atenção quando necessita utilizar uma fórmula semelhante.

Jornalismo é o que está na capa do Estado de Minas (Belo Horizonte, MG).

O surpreendente número de mortos nas estradas vem imediatamente comparado a três tragédias brasileiras. É aí que o leitor se surpreende.




Exagerou


OK, o assunto preocupa e o embaixador é catarinense.

Mas o destaque dado pelo alarmista Diário Catarinense (Florianópolis, SC) a uma entrevista com o representante brasileiro na Coréia do Norte é absurdamente maior que sua importância.

Isso que caiu o maior dilúvio em Santa Catarina ontem e não faltam temas locais.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sintonia Brasília-Bahia


A distância entre Brasília e Salvador é de quase 1.500 quilômetros. Isso não impediu que a criatividade do Correio Braziliense (Brasília, DF) e do Correio* (Salvador, BA) navegassem pelos mesmos mares.

Verdade que são dois dos mais criativos jornais brasileiros, mas o elo entre a revelação de Daniela Mercury e as trapalhadas do Pastor Feliciano coube muito bem nos dois jornais.

Isso é jornalismo contemporâneo, que interpreta o fato do dia anterior e oferece novas informações ao leitor.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O jornalismo moderno do Extra


O Rio de Janeiro chorou ontem as mortes de 7 passageiros de um ônibus urbano. Uma tragédia, ocorrida no início da tarde, vivida minuto a minuto por rádio, TV e mídias digitais.

Qual a informação desnecessária, fora no contexto, no dia seguinte? Aquela que O Globo (Rio de Janeiro, RJ) escolheu. A notícia commodity, que todos já sabem. Mas como o jornal carioca vende quase 90% de sua circulação para assinantes, desdenha inovações e prefere seguir na zona de conforto.

Só que um jornal lançado há 15 anos pela mesma Infoglobo está dia após dia conquistando leitores que já foram de O Globo. O Extra (Rio de Janeiro, RJ) avança - e muito - na cobertura do acidente. A documentação do ônibus estava vencida. Está na capa, para todos verem - inclusive os primos de O Globo.

Extra, que vende nas bancas 6 exemplares para cada cópia de O Globo, está praticando o jornalismo útil e moderno, enquanto vê o líder marcar passo.

Bonita homenagem nos 75 anos


O Popular (Goiânia, GO) completa 75 anos e quem ganha presente são os leitores. Uma interessante pesquisa revela características do goiano.

Vale ler com atenção os textos e o infográfico que tenta explicar "Por que a gente é assim".

A capa tentou ser uma carta-enigmática, inspirada nos velhos almanaques, mas evitou as charadas para facilitar a leitura.

Parabéns, O Popular.



terça-feira, 2 de abril de 2013

A diferença entre criatividade e piloto-automático


Está nas bancas de todo o Ceará um exemplo prático do que é jornalismo de qualidade e jornalismo descartável.

A capa de O Povo (Fortaleza, CE) é fruto de planejamento. Ideia, execução, design, apoio da direção. Enfim, criatividade em grupo. Ou não funcionaria.

A capa do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE) é apenas o resultado de uma burocrática reunião de temas, como em qualquer dia. A notícia vira manchete e "vamos para casa".

O Povo demonstra que está muito mais preocupado com os problemas do leitor do que seu concorrente. Golaço!

Jornalismo de 1950


O Notícias do Dia (Joinville, SC) cometeu hoje um dos maiores pecados que um jornal não pode cometer: misturou abertamente comercial e editorial.

O "a pedido" na capa é um escândalo do tamanho da bela cidade de Joinville.

1. Qual o interesse para os leitores se o presidente do Sindicato dos Plásticos foi convidado para a posse do Superintendente Regional pelo Ministro do Trabalho? Seria notícia - e grosseria - se o Sindicato não fosse convidado.

2. Quem está interessado em ver fotos do presidente do Sindicato, sempre com seu óculos de sol na cabeça?

Trata-se de uma prática quase medieval, em que aspirantes a autoridade pagam para aparecer. Uma prática que, na verdade, ainda existe em colunas sociais pelo país. Mas não na capa.

1. Capa é espaço nobre. Os anúncios devem ser de bom gosto, jamais publieditoriais.
2. O jornal deve cobrar um preço realmente proibitivo para tanto, de tal modo a desencorajar potenciais anunciantes. Afinal esse anúncio horroroso e mentiroso estragou a capa.
3. Os sócios do Sindicato dos Trabalhadores Plásticos de Santa Catarina têm uma grande missão agora: contestar a gestão do atual presidente, que gasta dinheiro da entidade para se promover.

A vírgula misteriosa


Parece que o saleiro de vírgulas esbarrou na capa do Jornal de Brasília (Brasília, DF).

Qual o sentido da vírgula na manchete?

Talvez seja influência do clima seco do Planalto Central. Só pode ser.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

No jornalismo tudo se copia


No jornalismo a inspiração é livre, mas a cópia é proibida.

Ficou feio para a revista Exame (SP) de abril beber na fonte da Harvard Business Review (Boston, MA) de março.

Se a matéria de capa chama pelos talentos, seria muito conveniente que a Exame prestasse mais atenção em seus talentos internos.

O uso do mesmo elemento gráfico da HBR, os anzóis, acabou fazendo com que a ideia central da arte fosse repetida. Sem tirar nem por. E aí Exame exagerou.

Bola fora. Fora do estádio!

PS: da ótima página Design 2000 (Facebook), da designer Renata Maneschy

Sem emoção, sem revolta


O Jornal da Cidade (Bauru, SP) presta um desserviço a seus leitores.

O Noroeste, equipe mais popular da cidade, perdeu mais uma partida em casa e foi rebaixado para a Série A-3, a terceira divisão do futebol paulista. Uma vergonha.

Mas o JC trata o tema como se fosse "Venda de ovos cresce 13% em Bauru" ou ainda "Lei seca prende 14 motoristas embriagados".

Não, não pode ser assim. As informações têm hierarquia, têm pesos diferentes.

A manchete puramente jornalística, com uma foto nada interessante, não emociona, não inquieta e nem faz pensar. O jornal perdeu uma grande chance de brilhar.

Dia de luto para o Norusca. E para o Jornal da Cidade também.