Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-08-02

sábado, 8 de agosto de 2009

Leitura de fim de semana

Ricardo Noblat é um dos melhores jornalistas do Brasil.
Seu talento fez o Correio Braziliense ser respeitado outra vez, por exemplo.
Noblat andou pelo Jornal do Brasil (quando o JB era o JB), Veja e tantas boas redações.
Agora diverte-se no blog.
Por sorte Noblat decidiu repartir um pouco de seu conhecimento.
Contar histórias.
Revelar segredos.
O livro O Que é Ser Jornalista (Ed. Record, 272 páginas) é fundamental para jornalistas, estudantes e fãs do jornalismo em geral.
Boa leitura!


Na Bahia, o pequeno saiu melhor

O assassinato da médica Rita de Cássia Tavares Martinez chocou a Bahia e o Brasil.
Tanto que seu velório é capa dos três principais jornais baianos.
E por mais surpreendente que seja, Tribuna da Bahia saiu bem melhor que os líderes A Tarde e Correio*.
A foto com as flores em primeiro plano é sensacional.
A pergunta com o "quem" é o que todos querem saber.
O pequeno Tribuna deixou os grandes para trás.

Enquanto isso, em Santa Maria...

A situação política do Rio Grande do Sul pega fogo, enquanto a imprensa de Santa Maria, cidade onde os escândalos começaram, parece ser de outro país.
O jornal A Razão acordou para o fato, depois de muitas edições de silêncio. Mas pegou leve.
E o Diário de Santa Maria dormiu.
A manchete do DSM consegue ser copiada do furo de quarta-feira do Correio do Povo.


Época fura os gaúchos II

Zero Hora (Porto Alegre) é o jornal de referência dos gaúchos.
Mas a maneira tímida como o tema dos escândalos envolvendo a governadora aparece na capa é preocupante.
Por que o líder do Estado dedica mais espaço a dinossauros que ao desgoverno do Rio Grande?
Correio do Povo (Porto Alegre) e Jornal NH (Novo Hamburgo) investem no conteúdo das gravações, inicialmente divulgadas pela Época.
O CP tem o cuidado de colocar a resposta inócua de Yeda Crusius, enquanto o NH trabalha com inteligência o grafismo.
Já o Pioneiro (Caxias do Sul), braço da RBS na Serra, publica em manchete, mas destina mais espaço aos dois empresários de maior sucesso da região.
A imprensa do centro do país está ensinando jornalismo no Sul.





Época fura os gaúchos I

Tem sido assim nos últimos meses.
A imprensa gaúcha não consegue avançar um passo nas denúncias de corrupção e formação de quadrilha em torno da governadora Yeda Crusius.
Antes foi a Folha de S. Paulo.
Depois Veja.
Agora a revista Época.
Às 14h15min de ontem o site de Época divulgou trechos de gravações que confirmam o envolvimento de Yeda e gente próxima a ela nos escândalos.
A imprensa gaúcha está sendo sistematicamente furada nesse caso.
Algo de muito sério acontece nas redações do Rio Grande.
Há ótimos repórteres gaúchos. Bons editores também.
Em nenhum outro Estado se lê tanto como no Rio Grande do Sul. Três jornais estão no Top Ten de circulação do Brasil.
Não dá para se entender como a imprensa gaúcha está sendo furada em temas locais por veículos de fora.

Chatos ou medrosos

O senador carioca Paulo Duque (PMDB-RJ), suplente do governador Sérgio Cabral Filho, cometeu uma das maiores barbáries da história de Brasília.
Pior, de forma anunciada.
Amigo pessoal de José Sarney, Duque - agraciado com o Conselho de Ética do Senado - simplesmente
Num toque de mágica, o presidente do Senado, coberto de acusações - com provas - está livre para seguir comandando a nobre casa do legislativo.
As falcatruas existem, é notório, mas as empresas de comunicação não podem ficar à reboque dessas decisões arbitrárias.
Jornais, rádios, TVs, sites, todos são canais de e para a sociedade.
O que a audiência espera de seus jornais e de seus meios de comunicação é decência.
Espera que se mostre os fatos e se considere um absurdo a decisão de Duque.
Espera que se tome partido.
Espera que defenda seus interesses.
Mas a grande imprensa capitulou.
Por incrível que pareça não há nas edições de hoje diferença editorial nas capas de O Estado de S. Paulo (SP) e O Estado do Maranhão (São Luís, MA), jornal da família Sarney.
Nem de O Globo (Rio, RJ), estado de Paulo Duque, ou da Folha de S. Paulo (SP).
Ou mesmo da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).
Só o Diário de S. Paulo (SP), braço popular das Organizações Globo em São Paulo e que vinha conduzindo bem o tema, toma partido.
Mas mesmo assim de forma tão tímida que passa despercebido nas bancas.
A imprensa brasileira errou feio hoje.
Os jornais são chatos. Ou medrosos.




sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tropa de choque

O que estará na capa de amanhã de O Estado do Maranhão?

A nova redação do The Wall Street Journal

Simplesmente fantástica!
As fotos são de Chris O'Brien, editor do blog The Next Newsroom.


Find more photos like this on The Next Newsroom Project

Bastou ter imaginação

Cinco bons exemplos, sendo dois do Brasil.
São formas inteligentes de transmitir o que se quer.
Show, don't tell.
Mostre, em vez de contar.
A linguagem visual tem melhor efeito que a escrita.
As novas gerações têm raciocínio rápido. E não têm paciência.
Os gráficos são sempre bem-vindos.











Como manipular uma informação

A crise do Senado é um desfile de impropérios.
Mas o pior cenário acontece no Maranhão, onde os leitores de O Estado do Maranhão (São Luís, MA) só conhecem uma parte da história.
O jornal da família Sarney edita tanto o que acontece em Brasília que o presidente do Senado, por coincidência do jornal, é visto como vítima.
A comparação com O Estado de S. Paulo (SP) não deixa dúvidas sobre a verdade dos fatos.
Pobre leitor maranhense.
Por sorte existe Internet.





Como ir mais além da notícia

A observação atenta às cinco capas de jornais do Rio Grande do Sul revelam que:
1. A pior opção é a que tomou o Diário Popular (Pelotas). Utiliza uma foto tão oficial que até aparece o logotipo do governo do Estado. E destaca a defesa de Yeda, ainda que a afirmação não tenha qualquer consistência.
2. Pioneiro (Caxias do Sul) fala que Yeda reage. Mas esquece de dizer que reação é essa, Estranho se, acuada, a governadora não reagisse. A reação é absolutamente normal. E a foto é infeliz.
3. Correio do Povo (Porto Alegre) opta pela novidade no caso, que é a criação da CPI. Há muito tempo se buscavam as assinaturas. A confusão gráfica, porém, deixa uma capa poluída e sem apelo.
4. Zero Hora (Porto Alegre), líder de mercado no RS, prefere buscar um fato novo, ainda que de menor impacto. E não aproveita a exclusiva que Yeda deu ao seu canal de televisão, escondendo a governadora.
5. Já o Jornal NH (Novo Hamburgo) mostra exatamente o que os leitores querem ver: a agonia no sense da governadora.
Se um turista que não conhece a imprensa gaúcha encontrar os cinco jornais lado a lado em uma banca não terá dúvidas em escolher seu exemplar.










Mais um acerto de quem soube enxergar o que o leitor quer ler

Os jornais do Grupo Sinos acertaram de novo.
No dia seguinte ao pedido de afastamento da governadora gaúcha, é preciso buscar o novo.
O novo pode ser:
1. Alguma grande novidade que avance sobre o próprio fato;
2. Alguma reação bombástica;
O Jornal NH (Novo Hamburgo), o Jornal VS (São Leopoldo) e o Diário de Canoas (Canoas) utilizaram uma frase que TODOS os jornais receberam.
Sim, TODOS. Foi dita em ambiente público.
Mas os outros não souberam usá-la.
Os jornais do Grupo Sinos optaram por um apelo gráfico que funciona bem.
A brilhante foto retrata o destempero de Yeda Crusius, aliado à frase que soa o absurdo.
Muitas vezes o novo está na forma de se trabalhar o tema.
É preciso saber enxergar o que os leitores gostariam de receber.
E ter coragem para fazer, como diria alguém que virou notícia.


















Lições de bom jornalismo

A dica é do blog Innovations in Newspapers, de Juan Antonio Giner.
Mas as lições vêm do blog do jornalista e designer finlandês Jussi Tuulensuu.
São apenas 8 princípios para o bom jornalismo:

Como fazer:
1. Baseado no seu conhecimento sobre o que interessa aos leitores, decida o que você quer dizer a eles e então diga exatamente isto.
2. O formato segue a informação. Mostre, não conte.
3. Interessante é o novo conceito de importante.

Notícias:
1. A vida é muito curta para ler jornais chatos. Graças à Internet, as pessoas já conhecem as notícias.
2. A mídia não está em crise, o jornalismo sim.


Soluções:
1. Pare de reempacotar notícias. Comece a criá-las.
2. Edite mais. Crie melhores conceitos. Arreviste os jornais.
3. Nosso negócio é vender histórias interessantes, não apenas colorir fibras de madeira processadas. De grandes jornais com site a grandes sites com grandes jornais.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Propaganda enganosa

O Pará lidera casos de gripe suína.... na região Norte.
Mas para o leitor, parece a liderança do País.


O principal na manchete

Nada mais importante em Saint Paul do que a perda de postos de trabalho.
É a aposta - vencedora - do Pioneer Press (Saint Paul, Minnesota).
E há escolas de jornalismo que dizem que manchete não se faz assim.



Infográfico de comida sempre rende

Os alimentos servem sempre para bons infográficos.
É o que ensinam o Lawrence Journal-World (Lawrence, Kansas) e o The Bulletin (Bend, Oregon).
Capas de bom gosto para assuntos, às vezes, indigestos.



A boa foto salva a capa

O editor de arte deve ter sensibilidade e ótima cultura visual.
Para, por exemplo, entender que o corte exagerado de uma foto normal de corrida renderia uma excelente capa, como fez o Die Tageszeitung (Berlim, Alemanha).
Ou para pescar em meio a uma imagem cheia a pureza da menina levando água no corpo do The Times-Reporter (Dover, Ohio).




Nem tudo está perdido

A criatividade não tem fronteiras.
Há inteligência criativa na Lituânia, nos Estados Unidos e na Letônia.









Planejamento é fundamental

Se há algo que todo gaúcho já sabia ontem é que o Ministério Público pediria o afastamento da governadora Yeda Crusius, aquela envolvida em escândalos no Sul.

Até Yeda já sabia, tanto que refugiou-se na casa da Serra.

Mas parece que os jornais não se deram conta, exceto os do Grupo Sinos.

O Jornal VS (São Leopoldo), Jornal NH (Novo Hamburgo ) e Diário de Canoas (Canoas) prepararam-se com uma ótima arte na capa, que bem retrata o pedido de afastamento da governadora.

Os jornais da RBS parece que foram surpreendidos pelo fato.

Zero Hora (Porto Alegre), Pioneiro (Caxias do Sul) e Diário de Santa Maria (Santa Maria) deram em manchete, é claro, mas trataram o tema com distanciamento, como se o assunto fosse de outro mundo. Correio do Povo (Porto Alegre) e Diário Popular (Pelotas) também.

O Diário Gaúcho, popular da RBS, pelo menos buscou ser criativo.

Um tema como esse merecia um planejamento específico, gráfico e editorial. Se o MP pede o afastamento da governadora, é hora de saber o que acontece com o Estado, quais os próximos passos. Indiciamento do chefe do executivo não acontece todos os dias.

Pior foi A Razão (Santa Maria) que nem trouxe o fato em manchete.

Parece que os jornais têm medo de falar da governadora.

Ou por pudor, ou por temor. Temor de perder algo em troca.