O Nobel de Bob Dylan

O anúncio do Prêmio Nobel de Literatura para Robert "Bob Dylan" Zimmerman mexeu com a cultura do mundo. Há quem ainda não tenha se recuperado do abalo.

Os jornais aproveitaram para brilhar.

No Brasil só Metro (SP) e Correio Braziliense (Brasília, DF) souberam entender o peso do Nobel.

Nos Estados Unidos, país de Dylan, pouco barulho. Mas o mundo está cheio de capas sensacionais.

Os melhores do ano na Europa

Acaba de ser divulgado o resultado do European Newspaper Award 2010, o prêmio para os melhores da Europa.
Na categoria local o Diário de Notícias (Funchal, Portugal) levou a melhor, em regional o Bergens Tidende (Bergen, Noruega) enquanto o Politiken (Copenhague, Dinamarca) ficou com o prêmio para jornais nacionais.
Fantástica é a façanha do Diário de Notícias. O jornal da Ilha da Madeira luta há muitos anos contra o poder do Presidente da Madeira, Alberto João Jardim. Este político, há mais de 30 anos no poder - como um ditador africano - tem o seu jornal também, ainda que a lei portuguesa não permita. Não importa, ele leva assim mesmo.
Pior, nos últimos 3 anos investiu zero em publicidade no DN e mais de 10 milhões de euros no Jornal da Madeira (o seu, é claro). Um caudilho que daria inveja a Fidel e Chávez, por exemplo.
Ainda assim o Diário investe em jornalismo, com uma equipe competente e um braço executivo e gerencial de primeira qualidade. Dessa forma o reconhecimento do ENA é ainda mais valioso.

PS: coordenei o projeto de novo modelo editorial e gráfico do Diário de Notícias da Madeira em 2007. Esse prêmio, que reconhece o talento do jornal, é a valorização que faltava a esse grande jornal.

Os jornais estão virando revistas diárias

Antigamente a capa era o lugar de publicar a salada de ofertas do jornal. Uma pitada de cada um dos assuntos que seriam encontrados no interior.
É a técnica do vartejo, ou da loja de departamentos. Tudo na vitrine, para aumentar a chance de fisgar o cliente.
Agora é a vez dos jornais-revistas. Uma boa aposta, explícita, para seduzir o leitor. Como uma boutique, que exibe uma única peça chamativa na vitrine para atrair o comprador.
O Aripaev (Tallin, Estônia) é craque em capa-revista.
O Politiken (Copenhague, Dinamarca) também.

Só se fala na Grande Torre

Está na capa de jornais do mundo inteiro - menos dos Estados Unidos.

A Super Torre que espeta o céu de Dubai, a mais alta construção do planeta.

É o orgulho no Gulf News (Dubai, Emirados Árabes), a curiosidade no Politiken (Copenhague, Dinamarca) e segue em destaque na Espanha, Líbano, República Checa, Bulgária, Áustria, Alemanha e Coréia do Sul.

Um ótimo exemplo da Dinamarca

Participação cidadã de verdade foi o que fez o Politiken (Copenhague, Dinamarca).

Convidou aleatoriamente 15 pessoas para reivindicarem alguma coisa aos políticos locais. Caneta na mão, cartaz na mesa e uma foto no jornal.

Os 15 instantâneos, verdadeiros, emotivos, fizeram o Politiken ensinar ao mundo uma forma fácil e inteligente de se fazer uma capa.

Infográfico deve ser claro e direto

A infografia existe para facilitar o entendimento do tema.
Deve, por isso, ser clara e direta.
Quando o autor da infografia coloca elementos que apenas enfeitam a obra, algo está errado.
E quando é preciso perder tempo interpretando os riscos e rabiscos, a info não serve.
O infográfico da capa do Politiken (Copenhague, Dinamarca) pode não ser um espetáculo, mas explica o que pretende em um olhar. A gangorra do apoio aos partidos é extremamente visual.
Já a tentativa de explicar o fluxo migratório do Die Presse (Viena, Áustria) é de uma complexidade absurda. Não se consegue entender o emaranhado de números e flechas.
Info é jornalismo, é informação rápida.

A foto do dia

Não é preciso traduzir a legenda do Politiken (Copenhague, Dinamarca) para entender o que o urso está comendo.

Muito útil

Em tempos de contaminação por Gripe Suína, nada mal o infográfico do Politiken (Copenhague, Dinamarca).
Ensina a lavar as mãos.
Só isso.
Parece óbvio para um jornal?
Parece ridículo?
Errado.
Um jornal precisa aliar o interessante com o importante.
O segredo é ser relevante.
Acabou a ditadura de que só o que é política e economia merece capa.