Imprensa inglesa desdenha o Mundial de Futebol

Apesar do entusiasmo da torcida do Fluminense, os ingleses dão pouca (quase nenhuma) importância ao Mundial, que se disputa na Arábia Saudita - mesmo com o Manchester City na final.

Hoje The Daily Telegraph (Londres, UK) e The Guardian (Londres, UK) dedicam a imagem de capa a Mary Earps, jogadora que ganhou o troféu de atleta do ano em terras inglesas. Enquanto os esportivos Daily Express (Londres, UK) e Star Sport (Londres, UK) até falam da vitória do City ontem, mas o destaque é o empare do Chelsea pela Copa da Inglaterra.

O Mundial só interessa aos latinos.

 

Pelé foi poupado do vexame

 

O Santos caiu para a Série B.

Foi um fiasco, piorado pela baderna que a torcida fez na cidade depois de consumado o rebaixamento.

A Tribuna (Santos, SP) soube traduzir o sentimento da torcida - o que é muito mais significativo do que o desespero dos jogadores.

O Rei Pelé, falecido há quase um ano, não assistiu à tragédia. Pelo menos isso, em respeito ao maior de todos os tempos.

Jornal gaúcho fecha posição contra veto de Lula à desoneração

O Jornal NH (Novo Hamburgo, RS) publicou editorial de capa pedindo que os deputados derrubem o veto do presidente Lula à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. Segundo o jornal, se os benefícios fiscais desaparecerem, pelo menos 20 mil empregos do setor calçadista - fundamental na região gaúcha - estarão ameaçados.

Trata-se de uma posição política, alinhada com a oposição e com as propostas da direita. A direita, aliás, costuma ter sucesso na região calçadista.

Cabe ao Jornal NH agora explicar os custos da cadeia produtiva que fazem o preço do calçado subir ou cair. Por exemplo, a matéria-prima, o câmbio, a estrutura, o valor agregado, e, por fim, o material humano. Quanto do preço final de um calçado depende do custo da folha de pagamento? O que, realmente, impacta?

Comprar a versão dos empresários não é correto com os leitores. Jornalismo significa investigar, mostrar em números o que há de verdade. Da maneira como foi publicado hoje, o NH apenas repete o argumento do empresariado e posiciona-se contra uma medida que, segundo versão oficial, apenas equilibra a política fiscal para todos os setores, sem beneficiar este ou aquele. E ajuda a abater o déficit, o que também parece ser importante para o país.

Agora a tarefa de esmiuçar o assunto está nas mãos do Jornal NH. Aliás, o próprio NH é beneficiado pela desoneração, já que um dos 17 setores beneficiados é o das comunicações.

Luisito é capa no Uruguai também

O maior jornal do Uruguai - El País (Montevidéu, Uruguai) - precisou se render às evidências. Luis Suárez, o principal jogador de futebol do Grêmio e talvez o maior craque do Brasileirão, deixou sua marca ontem no Rio de Janeiro. Fez três gols no líder Botafogo e reabriu a competição.

Um gênio da bola. Que anda afastado da Seleção Uruguaia, por decisão do treinador argentino Marcelo Bielsa.

Agora não há mais desculpas. El País correu contra o tempo e colocou Suárez como foto principal de capa. Bielsa vai ter que chamar Luisito.

A força de uma capa faz toda diferença.

O mais antigo

O Diário de Pernambuco (Recife, PE) está de aniversário - mais um!

Os 198 anos merecem aplausos. É o mais antigo veículo em atividade na América Latina. Entre altos e baixo, segue a caminhada aos 200 anos.

Parabéns, DP.

A foto que conta a história

Quando a imagem conta tudo, nem é preciso legenda.

É o que acontece hoje na capa da Folha de S. Paulo (SP).

Show, don`t tell.

Mais fácil e melhor

O USA Today (McLean, VA) dá uma prova de que não é preciso inventar ou complicar para informar com talento. O gráfico de mortos e feridos na guerra Israel-Hamas é simples e direto. O único elemento externo, para comparação de tamanho proporcional, é um campo de futebol americano.

Mais nada.

Traços, informação, associação direta.

Estado de Minas entendeu o novo sentido de uma capa

1. Impressos são distribuídos muito mais por assinaturas do que por venda em banca ou na rua;

2. A capa é o primeiro contato com o assinante e, portanto, precisa surpreender;

Assumindo essas duas premissas, o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) está se destacando no cenário nacional. Sem brigar com a notícia, o EM oferece um respiro às guerras, ao futebol, à política e lembra os 100 anos de Fernando Sabino, simulando a capa de um livro do autor mineiro.

Dessa forma reforça o novo perfil de um impresso, na era digital. Muito bom!

Folha acerta em cheio com mapa comparativo

 

Quando um conflito acontece a milhares de quilômetros da audiência de um veículo, é fundamental traduzir as informações em uma linguagem que todos entendam.

Foi o que fez a Folha de S. Paulo (SP) ao replicar o tamanho da Faixa de Gaza dentro do território de São Paulo. Trazendo essa comparação ao mundo real dos paulistanos, ficou mais fácil entender o conflito.

Excelente ideia da Folha - matéria de Dani Avelar e Cristina Sano. Para isso serve o bom jornalismo.

25 anos de Google

 

Google faz 25 anos.

O Doodle está em festa.

A inovação está em seu DNA.

Duas visões sobre um mesmo calor

Quando o fato do dia grita pelas redações não é hora de inventar moda.

Ontem foi o dia mais quente da história de Belo Horizonte. Ou seja, nunca a cidade havia vivido um dia assim.

Nos impressos de hoje só há duas opções: destacar o fato - como fez o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) - ou prever se hoje pode ser ainda pior. Qualquer tentativa de poesia soa falsa ou obvia, como a capa de O Tempo (Belo Horizonte, MG).

A lista das maiores temperaturas, no alto da foto do EM, merecia um gráfico, mas agora é tarde.

 

Novo modelo gráfico na Argentina

O Clarín (Buenos Aires, Argentina) lançou hoje um novo projeto gráfico (capa à direita). Poucas mudanças, mais cosmético do que nova maneira de se posicionar.

É muito curioso que meios como o Clarín, líder absoluto de assinaturas digitais na América Latina, não invistam ainda em fazer o impresso ser um complemento ao Digital. Seguem como veículos de breaking news.

Um dia vai acontecer.

Estado de Minas agora é tabloide

Mais um tradicional standard virou tabloide. Agora foi o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG), tradicional impresso mineiro, com 95 anos de estrada.

Segundo a carta do Diretor-Presidente Josemar Gimenez, na capa de hoje, trata-se de uma mudança para deixar o produto mais amigável. Pode até ser. Mas na prática as empresas que optam pelo formato compacto estão tentando reduzir custos de produção, em primeiro lugar.

Sorte ao EM!

PS: foto de Leandro Couri/EM, copiada do site do EM

 

Botero visto pela Colômbia

Fernando Botero, morto ontem aos 91 anos, é - possivelmente - o maior artista colombiano dos últimos tempos. Por isso sua morte chocou a Colômbia.

El Colombiano (Medellín, Colômbia), da cidade natal do artista, recuperou uma pintura sobre capa do jornal, feita há alguns anos, e republicou na contracapa.

Mas o país está em luto. E os impressos souberam refletir isso.

 

Brasil na capa, sem muito orgulho

O assassino fugitivo de uma cadeia nos EUA foi recapturado, em uma operação que durou duas semanas e movimentou as comunidades próximas ao local da fuga.

Hoje o brasileiro Danilo está na capa do Pittsburgh Post-Gazette (Pittsburgh, PA).

Publicidade cresce e Digital se aproxima do líder TV Aberta

A informação é do CENP-Meios - Forum da Autorregulação do Mercado Publicitário, segundo pesquisa com 319 agências. A publicidade em meios digitais no primeiro semestre de 2023 já significa 36,9% do bolo, chegando perto dos 43% da TV Aberta.

A boa notícia é o crescimento de 10,28% no total, chegando a R$ 9,144 bilhões.

PS: do FaceBook de Sérgio Cunha e José Maurício Pires Alves

Tragédia gaúcha nos impressos

Quando a tragédia grita, é preciso dar um passo atrás no planejamento, arregaçar as mangas e trabalhar tudo de novo. Assim é o jornalismo. Assim funcionam os impressos. Ou deveriam funcionar.

A enxurrada que devastou cidades e mais cidades do Rio Grande do Sul já matou 5 pessoas. Muita gente perdeu tudo. Um caos.

Os impressos locais bem que tentaram. Correio do Povo (Porto Alegre, RS) publica um fotaço, mas resolve manter outra imagem na capa sobre uma premiação menor. Zero Hora (Porto Alegre, RS) aposta em uma ponte que ruiu, mas dedica manchete a outro assunto. O mesmo que o Jornal NH (Novo Hamburgo, RS), que ainda tenta contemplar outras cidades publicando um mosaico de minúsculas fotos - e tira a atenção do principal.

Curiosamente Folha de S. Paulo (SP) e O Estado de S. Paulo (SP) fazem o bê-a-bá e destacam a tragédia na parte alta, sem deixar dúvidas de qual é a aposta do dia.

 

Aposta no que ninguém viu

Quando um fato é tão grande que aparece nas principais capas do mundo todo - a foto de Donald Trump preso - é preciso buscar algo diferente, para se destacar.

Foi o que fez o The Atlanta Journal-Constitution (Atlanta, GA), jornal da cidade em que Trump acabou no xilindró. O AJC cobriu a baderna do lado de fora do presídio, entre apoiadores de Trump e críticos ao seu governo. E essa acabou sendo a matéria principal, fugindo do obvio.

Excelente trabalho do impresso.

 

A qualidade como marca

Uma propaganda não precisa ser apelativa, mal feita ou que tente "empurrar" produtos a quem assiste.

O novo anúncio do conhaque Hennessy X.O., produzido pela DDB Paris e dirigido pelo oscarizado Damien Chazelle (Whiplash e La La Land, entre outros), é uma aula de como ser interessante e convencer sem apelar. Levou três anos para ficar pronto.

Vale cada segundo dos 7 minutos.

No es lo mismo, pero es igual

O dia é de festa na Espanha.

A Seleção Feminina de futebol despachou a poderosa Inglaterra e sagrou-se campeã mundial - 13 anos depois da façanha da masculina na África do Sul.

Até aí tudo bem, mas por que todos os impressos espanhois saem iguais hoje?

Não seria possível ser um pouco mais criativo?