Imprima essa Página Mídia Mundo: 2010-03-14

sábado, 20 de março de 2010

Outra boa pauta, outra reportagem que ficou devendo


Há algum problema no DIário de Natal (Natal, RN).

Em dois dias o jornal apostou em ótimas histórias, mas não soube desenvolvê-las. Uma boa história só é uma boa história se alguém souber contá-la. Se não é apenas uma ideia.

Andrimana Buyoya é um personagem que renderia um livro. Mas do jeito que o DN fez, não é possível pensar em mais que uma breve.

Sem investir em talento, em criatividade, será difícil colher boas reportagens no DN. Talvez uma oficina de jornalismo melhore o produto.

Jornalismo se faz até com quadrinhos


Boa sacada de O Diário do Norte do Paraná (Maringá, PR).

Para explicar os casos bizarros que ocupam a polícia apelos para quadrinhos e para o bom humor.

Isso é jornalismo puro, da melhor qualidade.

A ousadia australiana

Capas que chamam o leitor têm prioridade absoluta no Mídia Mundo.
The Border Mail (Albury-Wodonga, Austrália) pede ajuda escancarada à ONG Cooinda, que há 34 anos ajuda a comunidade e agora afundou em dívidas. Enquanto isso o Townsville Bulletin (Townsville, Austrália), de olho no mapa do tempo e na ameaça de um ciclone, avisa: apertem os cintos.
Essa criatividade conquista, fideliza. A Austrália já se deu conta.

Criatividade x Mais do mesmo

Mais um exemplo - agora em Belo Horizonte - de como o talento e a criatividade viram uma edição.
A informação chegou ao mesmo tempo às redações de Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) e Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG).
Enquanto o HED tratou-a de forma burocrática, sem interpretá-la, o EM gastou 5 minutos em criatividade e demonstrou, em imagens, a desigualdade.
Show, don't tell.
O leitor que chegar à banca de Belo Horizonte não terá qualquer dúvida sobre qual jornal escolher.

sexta-feira, 19 de março de 2010

História ótima, reportagem nem tanto


O Diário de Natal (Natal, RN) traz uma reportagem que tinha tudo para ser espetacular - mas é apenas um relato sem maiores emoções.

Uma família de franceses ficou à deriva no Atol das Rocas por uma noite inteira, vendo seu veleiro afundar. Até que muitas horas depois a Marinha os resgatou e os levou a Natal.

A reportagem do DN ficou devendo. Não fala das angústias, do medo de morrer, dos peixes, da escuridão.

Tinha todos os elementos para ser a matéria do ano do jornal. Mas não foi.

Direto ao ponto


O congresso americano vai votar as mudanças nas regras dos planos de saúde.

Mais do que o palavreado oficial, o leitor que saber o que está em jogo. Em linguagem clara e objetiva.

Ficou fácil de entender para quem leu o San Jose Mercury News (San Jose, CA) de hoje.

Veja antes que desapareça


A sequência de fotos em um jornal é algo raro hoje em dia. Com o avanço dos sites, o mais normal é que uma boa foto chame a imagem em movimento, o vídeo, no site.

Mas o Toronto Star (Toronto, Canadá) recuperou as imagens de um assalto com tiros em um ônibus urbano, ocorrido há um ano.

O resultado é muito bom.

Talento, a principal virtude do jornalista

Se na era da notícia commodity todos os meios de comunicação recebem a mesma informação ao mesmo tempo, como ser diferente e melhor que a concorrência?
Talento.
É a única saída.
A Bahia ontem foi surpreendida com a prisão de Laudelina de Jesus, 76 anos, que revendia pedras de crack. A notícia chegou a todas as redações quase ao mesmo tempo. Mas foi o talento, a criatividade da edição de capa e da arte, que fez o Correio* (Salvador, BA) brilhar com uma primeira página fantástica, enquanto o concorrente A Tarde (Salvador, BA), sem ousar, usando o piloto-automático, cometeu uma edição burocrática.
O mesmo entre os gaúchos.
A notícia pública é que foram 750 novos automóveis por dia nas ruas em 2009. Para O Sul (Porto Alegre, RS) esse é o início e o fim da informação. Para Zero Hora (Porto Alegre, RS) o simples trabalho de pensar um pouco contextualizou a notícia: se são esses os números, significa que a frota de carros cresceu 3,5 vezes mais que a população.
Talento em avaliar o conteúdo.
Só o talento salva o jornalismo.


quinta-feira, 18 de março de 2010

Informação e criatividade

Os jornais cariocas estão fazendo um barulhão para tentar derrubar a lei que redivide os benefícios do Pré-Sal. Mas pouca gente entende o que é, na verdade, que está sendo modificado.
A Gazeta (Vitória, ES) traduziu a dúvida em informação. Em cinco pontos, claros e precisos, dá um panorama do que se pretende retirar do Estado com a nova lei.
Já o Diário de S. Paulo (SP) foi muito feliz em informar que o valor das multas para o barulho urbano foi reduzido. O "psiu" virou um "psiuzinho".
É com páginas como essas que um jornal conquista a fidelidade de seu leitor.


As imagens que dizem tudo

A foto da capa do The Boston Globe (Boston, MA) é uma das imagens mais fantásticas do jornalismo contemporâneo, sem ser um flagrante, um acidente, uma imagem bizarra. A foto traduz emoção ao primeiro olhar.
Também acertou em cheio o San Jose Mercury News (San Jose, CA), com uma ilustração sobre a China digna de prêmio.
As imagens quando transmitem informação devem ganhar lugar de destaque.

As maneiras inteligentes de editar

O fato é o mesmo: a alemã Angela Merckel encontrou seu opositor Guido Westerwelle. Ponto.
Se para o Bremer Nachrichten (Bremen, Alemanha) é preciso dar a foto do encontro - a maneira tradicional de se editar - para o Frankfurter Allgemeine (Frankfurt, Alemanha) bastam as mãos, simbolizando que tudo está OK entre situação e oposição.
Já para o Augsburger Allgemeine (Augsburg, Alemanha) interessa é o que está na bolsa de Merckel, ou seja, seus planos, suas ideias.

Pesquisa só é manchete para quem não tem critérios editoriais sérios


Há algo errado no reino de O Liberal (Belém, PA).

Uma pesquisa de intenção de voto virou manchete do jornal.

É prematuro demais bancar uma pesquisa pública, divulgada a todos os meios de comunicação na véspera, como principal aposta do jornal.

Se em março O Liberal faz isso, o que fará até outubro?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Boas histórias pelo Brasil

Duas boas histórias estão no Diário da Borborema (Campina Grande, PB) e no Comércio da Franca (Franca, SP).
O piercing que salvou a menina e as compras de Kelly.
Vale a leitura.

Surpresa e decepção com fundo preto

Extra (Rio de Janeiro, RJ) e Correio Braziliense (Brasília, DF) adotaram o fundo preto para cobrir de luto seus temas do dia. Muito bem.
Extra surpreendeu, com a decisão inteligente de abraçar a causa do Rio contra a nova divisão de fundos do Pré-Sal, pedindo que seus leitores enviem e-mails ao autor da nova lei.
Já o CB, que ficou famoso pela sua ousadia criativa desde a década de 90, foi tímida ao noticiar a cassação do governador Arruda. O leitor queria mais.


Um projeto gráfico é pouco


O Estado de S. Paulo (SP) voltou a ser mais Estadão do que nunca.

Não adiantou a reforma gráfica e todo o carnval montado em torno do relançamento.

Quando um jornal prefere destacar a crise Israel-EUA do temas locais, algo não funciona.

O Estadão perdeu uma ótima chance de se reinventar. Agora é tarde.

Há quem acredite em bicho-papão e Papai Noel

No Interior gaúcho se acredita em tudo. Até na governadora que recebeu a pior avaliação entre os maiores Estados do Brasil.
Uma visita eleitoreira, cheia de promessas, não pode mais ser vista como notícia pela imprensa séria. Mas os jornais A Razão (Santa Maria, RS) e Diário de Santa Maria (Santa Maria, RS) seguem a cartilha de acreditar apenas nas fontes oficiais. E não gastam tempo com pesquisas ou reportagens sérias.
Bastaria ir ao arquivo e conferir quantas vezes se anunciou a mesma obra. Ou qual o volume de dinheiro investido na região desde o início deste governo. Bastaria isso, um pouco de desconfiança e senso jornalístico.
Em situações de "jornalismo-preguiça" fala mais alto a versão oficial. E assim o cidadão de Santa Maria está sendo ludibriado outra vez. Pelos seus dois jornais.
Venceu a assessoria de imprensa do governo gaúcho.

Outra vez a arte salva a capa


Está no Reading Eagle (Reading, PA).

Não fosse a arte a capa seria apenas mais uma.

O banho de criatividade do Diário de Pernambuco

A informação é a mesma nos dois jornais: a prisão de Delma Freire por participação no assassinato de sua nora.
Só que o Jornal do Commercio (Recife, PE) trata o fato como uma notícia qualquer, editada como se fosse a vitória do Sport sobre o Santa Cruz ou um anúncio do governador Eduardo Campos.
Já o Diário de Pernambuco (Recife, PE) jogou pitadas de criatividade e talento para interpretar a prisão. E em mais uma página surpreendente conta a história de Delma e de sua metamorfose em 30 dias.
Isso é jornalismo da melhor qualidade.

terça-feira, 16 de março de 2010

A ousadia que funciona


Não é de hoje que o Diário de Pernambuco (Recife, PE) vem fazendo tremer as bancas do Nordeste.

O sentido de impacto, surpresa nas capas, sem perder jamais o foco na informação, garantem uma legião de admiradores.

A ideia da capa de hoje já seria ótima só pela aposta de pôster para o Caso Jennifer. Mas a ousadia de puxar a foto ao máximo, fazer o pivô da farsa olhar para o leitor, fez com que o resultado ficasse genial.

Excelente.

O info de bom gosto na capa


A lição de show, don't tell veio do The Fayetteville Observer (Fayetteville, NC).

Um infográfico simples, limpo e que traduz a informação no primeiro olhar.

A escola das seis linhas


A escola A Gazeta de fazer manchete em seis linhas ultrapassou divisas. Saiu do Espírito Santo e ancorou no Paraná.

Agora O Estado do Paraná (Curitiba, PR) imita o exagero do jornal capixaba.

O basquete e o rendimento na escola

O basquete como motivador do aproveitamento escolar é tema do dia na Florida, como se vê no The Tampa Tribune (Tampa, FL) e no St. Petersburg Times (Saint Petersburg, FL).

Ops, alguém comeu mosca em Araçatuba


A capa de hoje da Folha da Região (Araçatuba, SP) é daquelas que todos olham espantados e ninguém sabe quem errou.

A foto principal de capa, por algum motivo que os anjos do jornalismo desconhecem, foi publicada duas vezes. A segunda em um local absurdo, fora da caixa de imagens, debaixo da manchete e do logo.

Isso não é erro jornalístico, é "babada". Possivelmente o controle de qualidade da Folha está muito frágil.

O arquivo definitivo da capa deve ser visto por: editor-chefe, editor de arte, revisor de plantão, secretário gráfico, responsável pela rotativa.

Se qualquer um desses tivesse ligado o sinal amarelo teria evitado a tragédia.

Mas a capa já está nas ruas. Agora paciência.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O gráfico que conta uma história


Não é preciso nada além do gráfico que rasga a capa do Las Vegas Sun (Las Vegas, NV).

Quando Folha, Estadão ou Globo fizerem algo parecido o jornalismo impresso brasileiro terá dado, enfim, o primeiro passo no Século XXI.

Quem resiste ao olhar do cão?


Só o The Guardian (Londres, UK) para ter coragem assim.

A maravilhosa foto do cão apenas anuncia que acabou a feira de Birmingham. E que não houve problemas de saúde nos cães.

Genial.

E quem diz que isso não é tema de capa?

Novo Estadão, o day after


Apareceu uma das novidades anunciadas por O Estado de S. Paulo (SP), que havia sido esquecida no dia da virada: a foto principal ganhou destaque.

Há, agora, uma clara aposta pela melhor imagem na capa. A capa está mais organizada.

É um bom sinal. Não chega a ser uma revolução, mas é sim um bom sinal.

domingo, 14 de março de 2010

Por que a mexida do Estadão não vai dar certo - II

Há dois problemas gigantes em O Estado de S. Paulo que não foram atendidos pelas mudanças:

1) Formato - Não há mais nenhum motivo para um jornal como o Estadão circular em formato standard. Se tivesse mudado de formato (e isso chegou a ser estudado) o jornal sairia na frente em uma mudança que, mais cedo ou mais tarde, todos os jornais vão acabar adotando. Perde tempo o Estadão. E perde leitores.

2) Cobertura de São Paulo - Por melhor que seja a cobertura do Iêmem (está na capa de hoje), de Honduras ou do Haiti, se o Estadão não souber identificar os problemas e soluções da cidade de São Paulo vai se tornar um jornal desnecessário. E o caderno Metrópole é a pedra no sapato do Estadão. Três páginas de Rodoanel anunciando que tudo vai melhorar é um exagero, quando a vida real aponta o trânsito caótico da cidade. Gente. Pessoas. Histórias.
Há duas boas matérias em Metrópole hoje: as histórias do Metrô (com um desenho de página de luxo) e o perfil do garoto que mais atualizou o verbete São Paulo no Wikipedia. Mas elas estão escondidas. Ou seja, nem o caderno Metrópole aposta nelas.


Por que a mexida do Estadão não vai dar certo - I


O Estado de S. Paulo (SP) lançou seu novo projeto gráfico. Um redesenho e pouquíssima coisa mais. É o mesmo que inventar um novo rótulo para o refrigerante cujo sabor não agrada. Muda a forma, não o conteúdo.

A melhor coisa da mudança foi a forma inteligente de comunicá-la: com uma capa falsa (é preciso comprar um exemplar para ver).

Nessa peça promocional anuncia-se seis mudanças. São elas:
* Novo cabeçalho - Mais alto, com destaque ao ex-libris. Qual a diferença para o leitor?
* Nova barra de destaques - Acima da manchete. Isso é utilizado pela concorrência há 30 anos.
* Nova tipografia exclusiva - É bonita, mas muda pouco.
* Colunas mais arejadas - Isso realmente é melhor. Aqui o Estadão acertou.
* Fotos mais valorizadas - Valorizadas? Na primeira capa pós-mudança a foto de Pelé é acanhada, sem ser grande aposta.
* Valorização dos articulistas - Outro ponto a favor do Estadão.

Ficou devendo uma mudança de verdade.

Surpreenda-se!

Imagine ir até a banca e encontrar o Die Presse (Viena, Áustria) ou o Star Bulletin (Honolulu, HW).
Uma agradável suspresa.

O Tempo tem um domingo de Super Notícia

Quem tem a manchete mais popular, o "quality" O Tempo (Belo Horizonte, MG) ou o popular Super Notícia (Belo Horizonte, MG), ambos do mesmo grupo?
Por um dia, o jornal nobre do grupo apelou para o sangue barato e roubou o perfil de seu irmão mais jovem - por sinal, um sucesso em vendas.