Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-08-16

sábado, 22 de agosto de 2009

O grafismo trabalha a favor

Se há algum elemento gráfico que possa ser destacado, nada melhor do que apostar.
Foi o que fez A Tribuna (Vitória, ES) com os métodos para viver 100 anos.
Também o The Niagara Falls Review (Niagara, Canadá) com os $ 302.000.
E o Contra Costa Times (Walnut Creek, CA) com o gráfico do desemprego.
E ainda o San Jose Mercury News (San Jose, CA) com a feira.
Simples e eficiente.


Manchete assim, melhor nem publicar

O jornal Hoje (Cascavel, PR) provavelmente não tinha nenhum assunto forte ontem.
Pelo menos é o que revela a manchete vazia de hoje.
Segundo o jornal a nova gripe não aumentou.
Os cuidados continuam.
Ou seja, não há novas informações.
Então por que dar em manchete?

Grande pauta, leitura obrigatória

Os repórteres do The Vancouver Sun (Vancouver, Canadá) saíram às ruas para medir a capacidade dos copos de cerveja dos bares.
A medida padrão, o pint, deve conter 473,17ml.
Nos 15 bares verificados o copo tinha capacidade menor.
Isso também é jornalismo.
Leitura obrigatória.

Jornalões paulistas insistem em notícias velhas

Está explicado o porquê da queda acentuada de circulação dos dois grandes jornais de São Paulo.
Segundo o IVC de Junho/09, Folha de S. Paulo (SP) caiu 5,02% em seis meses, enquanto seu rival O Estado de S. Paulo (SP) despencou 17,88% no mesmo período.
Números que não deixam dúvidas.
E derrubam qualquer diretor de circulação.
A explicação é simples: os dois jornais insistem em publicar notícias velhas.
As manchetes das edições de hoje dos dois são até semelhantes. Fala do recuo do senador Mercadante.
Um fato importante, sem dúvidas.
Mas o discurso do senador aconteceu na manhã de sexta-feira.
Basta olhar o site do Estadão para encontrar a notícia às 11h05 de sexta.
Ou seja, ela chega às mãos do leitor com quase 24 horas de velhice.
Notícia velha não vende jornal.
Não adianta investir alto no online, como fazem Folha e Estado, se a direção não entende a mídia digital como complemento do papel.
Instantâneo. Ágil.
Desse jeito os próximos levantamentos do IVC vão revelar novas surpresas.
Surpresas desagradáveis.



São 2, 3 ou 4 mortos?

O jornalismo no Pará está caprichando na imprecisão.
A chacina em um campo de futebol de Belém confundiu repórteres e editores.
O Diário do Pará garante que são 3 mortos.
O Amazônia Hoje aposta em 4 mortos.
Mas o site do mesmo Diário do Pará, em matéria atualizada hoje às 8h25, fala em 2 mortos.
As informações desencontradas provocam um descrédito nos jornais.
Assim não há leitor que aguente.



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A foto que garante a capa

O editor que tiver uma grande foto na mão pode dormir tranquilo.
A capa está salva.
Seja no Morgenavisen Jyllands-Posten (Viby, Dinamarca), no Aripaev (Tallin, Estônia) ou no Daily News-Miner (Fairbanks, Alasca).

Boa sacada

A diferença de estatura dos jogadores do Guarani impressiona.
Por isso a capa do Diário do Povo (Campinas, SP) funciona.

A mesma idéia

Os dois principais jornais italianos são Corriere della Sera (Milão) e La Repubblica (Roma).
Os dois disputam espaço nas mesas de políticos e empresários, mas são respeitados por todos.
É comum ambos saírem com a mesma manchete.
Mas apostar no mesmo estilo de foto, como hoje, já não é tão habitual assim.

Limites para publicidade

A publicidade sustenta os jornais.
Nenhuma dúvida disso.
Mas os anúncios só chegam a um jornal porque há leitura, há leitores.
E se a qualidade do jornal cai, os leitores se vão.
Por isso anúncios como os que acabam com as capas dos jornais Economic Daily Paper (Taiwan) e Macau Daily Times (Macau) deveriam ser proibidos.
Mais ainda quando o departamento comercial oferece vantagens a anunciantes que optam por tijolões como esses.
Nos Estados Unidos utilza-se hoje o limitador de 20% de ocupação publicitária na capa.
E, salvo raríssimas exceções, o anúncio deverá estar colocado na parte baixa da página.

A utilidade do gráfico animado

Os sites brasileiros ainda estão engatinhando quado se fala em gráficos animados.
A grande maioria parece uma apresentação de powerpoint.
É o momento da arte brilhar e explicar à audiência um fato que, por palavras e imagens sem movimento, demoraria várias telas, uma eternidade.
O infografista espanhol Chiqui Esteban, do site lainformacion.com e consultor da Innovation, demonstra em uma simples comparação o novo recorde de Usain Bolt nos 200 metros rasos.
Basta ter a idéia e executá-la.
Com bom gosto.


Desliguem o piloto-automático

O "importante" continua seduzindo os editores.
Basta as agências e os sites descarregarem notícias sobre o Planalto para os jornais jogarem tudo para a manchete.
O resultado é inócuo, vazio, não convence ninguém a comprar jornais.
Ou se evolui, ou será preciso muitas orações para conquistar novos leitores.
Três grandes jornais brasileiros pecam - de novo - por apenas reproduzir notícias, sem avançar.
Se O Tempo (Belo Horizonte, MG) e O Popular (Goiânia, GO) já nem disfarçam a escolha conservadora, o Correio Braziliense (Brasília, DF) pelo menos aproveita o potencial de seu projeto gráfico e oferece também aos leitores uma foto sensacional - parece pintura - de uma matéria de leitura obrigatória.
Histórias de vida sim, notícias commodity não.



A volta dos clones

A distância entre Taubaté e Porto Alegre é de cerca de mil quilômetros.
Mas isso não impediu que os jornais O Sul (Porto Alegre, RS) e Diário de Taubaté (Taubaté, SP) cometessem a mesma manchete infeliz.
Até as aspas são iguais.
Esses jornais estão na contramão do jornalismo moderno.
Manchetes ruins, de temas que não conseguem sair do fato em si.
E depois ninguém entende os motivos da queda de circulação.


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Extra, extra! Thelondonpaper vai fechar

O mais irreverente e bem desenhado gratuito de Londres vai deixar de circular em, no máximo, um mês.
Thelondonpaper nasceu em agosto de 2006 e seus 500 mil exemplares diários são distribuídos de segunda a sexta na área central de Londres.
A News International, dona do jornal e de outras marcas como The Times e The Sun, comunicou que as perdas anuais de 15 milhões de euros (mais de R$ 30 milhões) obrigam a empresa de Rupert Murdoch a repensar seu futuro.
Hoje 40 jornalistas trabalham por lá.
Não há data marcada para a última edição, mas deverá ser antes de 15 de setembro.


Sem medo de errar

O The Globe and Mail (Toronto, Canadá) sabe apostar.
Pode perder a aposta, mas não deixa de arriscar.
Como hoje, quando joga todas as fichas na eleição do Afeganistão.
O leitor pode até não se interessar pelo assunto, mas basta uma rápida olhada para entender onde o atual presidente falhou.

A falta de coragem dos editores

Os editores dos jornais Folha da Região (Araçatuba, SP) e Diário da Região (São José do Rio Preto, SP) ganharam o bilhete premiado ontem.
Na Folha apareceu uma foto fantástica: fez-se a noite em pleno dia.
Foto de concurso, do repórter-fotográfico Valdivo Pereira.
Mas aí faltou coragem ao editor da capa, que preferiu dividir espaço da foto surpreendente com imagens mais habituais dos efeitos da chuva.
Perdeu a chance de brilhar nas bancas.
Já o Diário tem uma bela matéria, o uso de um terreno público por um vereador, como depósito de sua loja.
É o tema do dia nos cafés de São José do Rio Preto, mas o editor dedicou menos espaço na capa do que o impacto da notícia.
Ou seja, não valorizou a bomba que tinha.
No jornalismo, casos como esses significam falta de coragem dos editores ou erro de avaliação jornalística.


O caso Sarney-PT e os jornais (IV)

Além de trabalhar o next, os jornais ainda precisam trazer o assunto para a sua região.
É preciso repercutir, entender como o fato nacional afeta o local.
Os paranaenses ganharam o fato novo no colo: o senador Flávio Arns, revoltado com a posição do partido, anunciou que vai deixar o PT.
É a consequência perfeita, o localismo ideal.
Mas estranhamente só O Estado do Paraná (Curitiba) entendeu assim.
A Folha de Londrina (Londrina) trouxe a manchete com o fato velho, a opção do mais antigo.
E o líder Gazeta do Povo (Curitiba) escondeu o fato na terceira chamada da capa em nível hierárquico, colocando Arns no mesmo patamar de Marina Silva, que não é parananese e anunciou sua saída do partido antes das decisões do Conselho de Ética do Senado.
Fica difícil de entender.

O caso Sarney-PT e os jornais (III)

O jornalismo moderno vai além da notícia.
Entende que seu público já conhece o fato da véspera e busca o diferente.
Explica, interpreta, traz a novidade.
Entre os principais jornais brasileiros, apenas dois justificam o investimento em um exemplar: Correio Braziliense (Brasília, DF) e Diário do Comércio (São Paulo, SP).
Há inteligência. Há criatividade.
Há ousadia.
A estrela estilhaçou, o PT pegou fogo.
Esse é o jornalismo dos jornais de papel para o Século XXI.


O caso Sarney-PT e os jornais (II)

O segundo tipo de abordagem é típica dos jornalões.
Não compromete.
Adota o modelo híbrido de causa e consequência.
Fala da notícia, ao estilo anos 70, e avança pouco no que ela provocou, como nos anos 90.
É o que demonstram a Folha de S. Paulo (SP), O Globo (Rio, RJ), O Estado de S. Paulo (SP), O Povo (Fortaleza, CE) e o Jornal do Commércio (Recife, PE)
De todo modo, ainda é jornalismo do Século XX.
Antigo.
Sem ousadia.



O caso Sarney-PT e os jornais (I)

A decisão do Conselho de Ética do Senado, que arquivou as denúncias contra o presidente da casa José Sarney, desencadeou consequências políticas.
E jornalísticas também.
O voto pelo arquivamento, dado pelos representantes do PT, provocou a maior crise do ano no partido que detém a Presidência da República.
Um jornal precisa pensar o futuro, o next.
Falar do arquivamento é a notícia pura, óbvia, velha.
Falar da crise do PT é o next.
E trazer a crise para os representantes do partido na sua região, seria o must.
Os exemplos de O Popular (Goiânia, GO), O Estado do Maranhão (São Luís, MA) e do Diário de Taubaté (Taubaté, SP) mostram o que não interessa, o que representa a informação antiga, que todos já sabem, a preguiça editorial.
Curioso é ainda querer cobrar do leitor para ler notícia velha...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Os cinco motivos de Bill Wyman


O jornalista Bill Wyman (que nada tem a ver com o homônimo ex-baixista dos Rolling Stones), ex-editor de arte da salon.com, hoje editor do blog Hitsville, fez um brilhante artigo que tenta explicar os motivos da queda dos jornais em geral.

O original do artigo já teve versão simplificada e abreviada em um blog do The New York Times.

Qualquer uma delas - ou as duas - vale a leitura.

Em resumo, são cinco os motivos:

1. O consumidor (leitor, audiência) não paga por notícias. Nem mesmo antes da invenção da Internet.

2. Os jornais praticam um pensamento monopolista. Monopólio dos interesse dos anunciantes, não dos leitores.

3. Como agregadores de informações, os jornais são tímidos.

4. Jornalistas e executivos de jornais são avessos às mudanças.

5. Os websites dos jornais são muito ruins.

Surpreender sempre

Zumbis na capa?
Sim, essa é a aposta vencedora do sempre surpreendente San Jose Mercury News (San Jose, CA).
Os mais céticos dirão que isso não é jornalismo sério.
Engano deles.
Jornalismo sério é o que conduz à leitura, com uma linha editorial séria.
A foto de capa pode servir para provocar.
Para surpreender.
Como também fez o The Telegraph (Alton, IL), que não quis publicar apenas uma foto de volta às aulas.
O repórter fotográfico esclheu o ângulo inusitado.
O diretor comprou a idéia.
O resultado é a boa surpresa.



Quando a foto faz a diferença

A boa foto merece capa.
Ainda que seu tema não seja o grande assunto do dia, a boa foto garante a capa.
Jornais como o The New York Times ainda resistem a abrir as imagens, mesmo dedicando espaço nobre como hoje.
Mas basta comparar o NYT com os outros cinco jornais para entender que esse conservadorismo tem dias contados.