O ditador português

O "gajo" da foto chama-se Alberto João Jardim. É o presidente da Ilha da Madeira. Sim, na Madeira quem comanda é presidente, mesmo sendo um estado português.

Jardim foi eleito pela primeira vez em 1978. Desde então é sempre reeleito ao cargo. Sim, na Madeira não há limites para reeleições. Há 35 anos AJJ manda e desmanda na ilha.

Jardim é dono do Jornal da Madeira (Funchal, Portugal), um jornal pequeno e insignificante que recebe TODA a verba publicitária da Ilha da Madeira. Sim, é ele quem decide para onde vai a publicidade.

O JM tem um testa-de-ferro, depois que a Justiça proibiu o presidente de ter o seu jornal. Ah, bom.

Acontece que o jornal mais tradicional da Ilha da Madeira é o concorrente Diário de Notícias (Funchal, Portugal). É o jornal de referência, sério, que pratica jornalismo de verdade.

O JM é uma coleção de releases da "turma do Jardim". O DN é correto, defende os valores da Ilha, muito além dos interesses de um político.

Hoje Jardim conseguiu ir mais além de suas habituais loucuras: passeando pela organização do Rali Vinho da Madeira - competição tradicional da Ilha - o presidente viu o Diário de Notícias sobre uma mesa. Imediatamente, sem dizer os motivos, rasgou o exemplar, para deleite dos fotógrafos.

O ditador da Madeira consegue ser mais feroz que o venezuelano Hugo Chávez ou o cubano Fidel Castro: ao inimigo, bananas.

Tudo isso em um país democrático da Europa: Portugal.

Os inimigos da imprensa estão onde menos se espera.

Cada um vê o que quer

Os americanos não engoliram o asilo político russo ao "espião traidor" Edward Snowden.

The New York Times (Nova York, NY) coloca a foto do visto na capa, para não deixar dúvidas.

Pravda (Moscou, Rússia) prefere batatas e futebol de praia.

Um exemplo de como cada país enxerga o mesmo caso.

A publicidade em benefício da sociedade

Dois exemplos de como as empresas podem contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Ambos na Coreia do Sul.

A propaganda funciona como estimulador de uma relação entre cidadão e empresa. E isso é melhor do que qualquer anúncio divulgando produtos.

Excelente trabalho dos publicitários. Excelente trabalho do marketing. Excelentes exemplos.

PS: via FaceBook de Sílvio Alves e de Evandro Baron

S-Oil HERE balloon por DailyBestVideos

Pauta nota 10, foto nota 5, matéria nota 1

Incrível a chance perdida por Pioneiro (Caxias do Sul, RS) para fazer uma grande matéria.

O aeroporto de Porto Alegre ficou fechado na manhã de ontem e seis voos foram desviados até o acanhado aeroporto de Caxias do Sul. Normalmente a situação é inversa, uma vez que Caxias do Sul fica na Serra Gaúcha, onde a nebulosidade costuma ser alta.

Pauta ótima, o que se espera dessa matéria? Confusão no bar do aeroporto (faltou refrigerante? café? pão de queijo?), falta de táxis na saída, fila de ônibus para levar passageiros a Porto Alegre por via terrestre, confusão na torre de controle, banheiros sujos. Filas, filas, filas. Enfim, tudo o que foge do controle pela situação ser extraordinária.

A foto de capa, porém, mostra apenas três aviões (um pequeno, executivo), não dando ideia da fila anunciada na chamada.

E a matéria é o típico trabalho de quem não se levantou da cadeira na Redação, preferiu usar o telefone e entrevistar a autoridade local, em vez de gastar sola de sapato para ouvir quem realmente é notícia: o usuário do aeroporto, o passageiro que não chegou em Porto Alegre, o concessionário das lojas.

Enfim, uma boa chance perdida pelo Pioneiro.

A história precisa ser contada

Palmas para El País (Madri, Espanha) e ABC (Madri, Espanha).

Os dois jornais conseguiram, oito dias depois do ocorrido, contar a história passo a passo do maior acidente ferroviário da Espanha.

Jornais servem para isso: para contar histórias de uma maneira clara, direta e sem deixar dúvidas. Ainda que o fato tenha ocorrido há mais de uma semana.

Muito bom e muito ruim

No mesmo dia dois grandes jornais conseguiram a proeza de fazer uma ótima edição de capa - e uma péssima.

O Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) pega carona na série de filmes de Alfred Hitchcock para contar os fatos do dia. Isso chama-se planejamento e criatividade. Perfeito!

Já O Globo (Rio de Janeiro, RJ) esquece todo o ótimo trabalho desenvolvido na semana passada - cobertura da visita do Papa Francisco ao Rio - e opta por uma manchete puramente informativa, de um fato ocorrido às 05h30 da manhã de ontem. Ou seja, pelo menos 24 horas antes do exemplar chegar às mãos do leitor.

Ora, O Globo ignora que sua audiência já conhece cada uma das informações da manchete. Não há qualquer fato novo. É a mesma manchete que o jornal carioca faria em 1960, muito antes da invenção das mídias digitais e da popularização da TV.

Sem dúvidas, uma capa para ser esquecida em 2013.

Protesto bem humorado

O Diário da Região (São José do Rio Preto, SP) é seguramente um dos melhores jornais do Interior Paulista.

Hoje a grande aposta é a receita da pizza "a la Tavolaro", ex-procurador municipal envolvido em fraudes em licitação. - que mancham também o prefeito municipal.

Marcando de cima, o jornal dá a receita desta iguaria da "culinária" de Rio Preto.

Muito bom.

O otimista e o pessimista

Incrível como a mesma informação pode ter duas leituras tão antagônicas como as exibidas por O Liberal (Belém, PA) e Diário do Pará (Belém, PA).

Afinal, o IDH do Estado está bom ou ruim?

Será que um jornal apoia o governador e o outro é contra?

Será que alguém pensa no leitor?

A matemática de Taubaté

Taubaté ocupa a posição número 40 entre as 50 cidades com maior IDHM, como diz o Diário de Taubaté (Taubaté, SP). Certo?

Sim, certo.

Só que Taubaté ocuparia a mesma posição se na lista houvesse as 100 maiores cidades.

Coincidência?

E se a relação fosse das 300 cidades? Sim, Taubaté seguiria na mesma posição 40.

Ou seja, que informação inútil dizer que a lista tem 50 cidades!!!

Os gringos e o Brasil

Duas formas de ver o Rio de Janeiro durante a missa do Papa.

Para o The New York Times (Nova York, NY) a graça está no convívio da diferença e a bênção do mar de Copacabana.

Já USA Today (McLean, VA) prefere destacar a massa de gente que "contaminou" Papa Francisco.

Não há certo ou errado. Os brasileiros preferiram, em geral, Francisco já no avião.

Como não dizer nada em uma manchete

Hoje o Jornal da Cidade (Bauru, SP) se superou.

Conseguiu não dizer absolutamente nada de novo - e ainda assumir a pouca informação.

Se ainda há indecisão entre tratar ou sacrificar - ou seja, não se tomou nenhuma decisão - poupe o leitor e tire da manchete!

Jornais informam, ajudam o leitor. O JC não fez uma coisa nem outra.