Imprima essa Página Mídia Mundo: 2020-01-26

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O piloto-automático e o pensar


O jornal A Tarde (Salvador, BA) está dando provas diárias de que as coisas não estão bem pelos lados soteropolitanos. Hoje aposta em manchete pelo coronavírus, mas ilustra com uma péssima foto, de release, do Ministro da Saúde em coletiva.

A quem interessa essa foto? Talvez à mãe do Ministro, ao Presidente da República e ao próprio Ministro. Mas não ao leitor. Tudo o quer o leitor não quer é gente engravatada em volta de uma mesa.

O Estado de S. Paulo (SP), por exemplo, até escorrega em uma "pegadinha", mas pensou bem antes de definir a capa. O assunto é o mesmo, só que as imagens são de três testemunhas na China (não são os casos anunciados em manchete, evidentemente).

Bastou pensar. E praticar jornalismo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Folha não se intimida e enfrenta o governo


Não bastaram as ameaças de cortes de verbas, retaliações e até o presidente da república se negar a responder perguntas do jornal. Folha de S. Paulo (SP) segue firme buscando moralizar o que ainda é possível pelos lados de Brasília.

O escândalo moral do Secretário de Comunicação Social (Secom) do governo, de ser sócio de uma empresa de lobby e de assessoria de imprensa ao mesmo tempo em que divide verbas para grandes meios, só piora. A Folha revela hoje que (surpresa?) os clientes do Secretário foram, por casualidade, beneficiados com a distribuição de campanhas no ano passado. Ou seja, "me pague aqui que eu devolvo lá".

O papel da Folha é fundamental para que a democracia siga dominando o quadro político brasileiro.

Como não se deve fazer uma capa


Nem bem começa o ano e Zero Hora (Porto Alegre, RS) já dá sinais de que será mais um período de segundas-feiras de capas medíocres - como tem sido nos últimos tempos. A primeira preocupação é "equilibrar" notas de Grêmio e de Inter, equipes gaúchas que dividem a torcida. E isso não faz o menor sentido em 2020.

Pior, o tal "equilíbrio" faz com que o obvio apareça na capa. Ou o que dizer dos títulos "3 pontos fora" e "3 pontos em casa"? Um jogou fora, o outro jogou em casa. Os dois venceram. E então? Por que o resultado do jogo - e número de pontos - e a chamada principal?

O veículo gaúcho é de uma falta de criatividade tamanha que nem chega a ensaiar algo mais criativo. Já deu-se por vencido. É ruim a chamada, ninguém duvida, mas não se gasta tempo pensando em algo melhor.

Previsão triste para 2020: a circulação do impresso seguirá em queda (hoje são cerca de 70 mil exemplares/dia) e o crescimento dos assinantes digitais não compensará essa redução.