Os jornais impressos gaúchos estão se esforçando para espantar os poucos leitores que ainda restam.
A edição por piloto-automático vai acabar por encerrar as edições - ou, pelo menos, tirar completamente a importância da primeira página.
Sempre que há campeonato de futebol, diz uma regra arcaica do Sul, é preciso dar o mesmo peso a Grêmio e a Internacional na capa. Quem foi o "gênio" que implementou tal lei é uma incógnita - possivelmente não trabalha mais em jornalismo, foi vencido pelo tempo.
Acontece que cada equipe é uma equipe. Que a importância de cada partida é diferente. Que a posição no campeonato é outra. E, mais ainda, que o dia de realização de cada jogo é também algo que deveria dar dois pesos diferentes às equipes.
O Grêmio jogou sábado. Empatou com o São Paulo na capital paulista. E está no meio da tabela. Assunto velho, que se esgotou na noite de sábado ou no início da manhã de domingo.
O Internacional jogou ontem, no fim da tarde. Venceu o Vasco da Gama e assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro.
Ou seja, a grandeza dos jogos, o momento de realização e as consequências não são comparáveis. Jornalisticamente o Internacional é sensação, é notícia da segunda-feira. O Grêmio, uma breve.
Mas hoje três jornais gaúchos trazem rigorosamente a mesma estratégia editorial no que se refere ao futebol. E erram juntos.
Zero Hora (Porto Alegre, RS) divide a capa em espaços iguais para as partidas de Grêmio e de Internacional. Correio do Povo (Porto Alegre, RS) copia a ideia infeliz e faz o mesmo. Diário Gaúcho (Porto Alegre, RS) é outro que erra também pelo mesmo motivo.
É lamentável. Uma prova de que falta inteligência criativa por trás dos impressos gaúchos. E, dessa forma, o futuro não é nada promissor.