Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-10-11

sábado, 17 de outubro de 2009

100 dias do Mídia Mundo


100 dias é uma estrada sem volta.

Nesse tempo ocorreram muitos movimentos no mundo das comunicações. Capas antológicas, páginas equivocadas, jornal que abriu, outro que fechou.

A única certeza é que a audiência aumentou - e segue crescendo. Nunca se consumiu tanta informação como hoje. Os meios digitais revolucionaram a forma do cidadão se comunicar.

Obama completou 100 dias já faz tempo. Virou capa da revista Time (EUA). O Mídia Mundo, mais modesto, apenas apresenta um banner comemorativo, lá no alto, obra do meu filho Victor Tessler.

Vida longa ao Mídia Mundo!

Obrigado pela audiência!!!

PS: O Mídia Mundo também está nas redes sociais. A partir de agora é possível seguir as principais atualizações e algumas discussões pelo Twitter. Siga o Mídia Mundo em twitter.com/midiamundo

A opção inteligente no Maranhão

O Maranhão está nas páginas de jornal de todo o mundo.
Não pelas proezas de sua governadora, nem por novos escândalos no Senado.
Agora é o futebol que impressiona o planeta.
Um jogo da segunda divisão local terminou com o singelo placar de 11 a 0.
Além de ser estranho, muito estranho, um placar tão dilatado, pior é que nove gols foram marcados nos últimos nove minutos. E ainda mais cheiro de sujeira aparece quando se vê as imagens, onde os jogadores da equipe perdedora nem tentavam disfarçar a marmelada.
O placar coube sob medida para a equipe vencedora ser promovida à primeira divisão.
É uma grande história. Vergonha local. Escândalo.
O jornal O Imparcial (São Luís, MA) joga todas as fichas no caso, com uma cobertura extensa e completa, além da capa quase monotemática - como deve ser.
Já o concorrente O Estado do Maranhão (São Luís, MA) prefere uma vez mais aplaudir as promessas da governadora Roseana, por sinal da família propietária do jornal. O escândalo do futebol está escondido em três linhas.
Será que há participação dos "amigos do rei" nessa marmelada que tanto repercutiu no mundo?

O novo e o antigo em uma cobertura

São 20 anos do terremoto de Loma Prieta, que devastou a cidade de Santa Cruz, Califórnia, e matou 67 pessoas.
Há mais de uma forma de lembrar o fato.
O mais comum é a maneira antiga, como fizeram The Record (Stockton, CA) e o The Press Democrat (Santa Rosa, CA). Basta lembrar a tragédia, enumerar algumas fotos e buscar a memória de algumas testemunhas sobre aquele dia.
O jornalismo moderno vai mais além.
Pode ser como o San José Mercury News (San Jose, CA), que mostra em um infográfico os novos sistemas para neutralizar os efeitos de um terremoto.
Ou como o Santa Cruz Sentinel (Santa Cruz, CA), jornal do exato local onde a terra tremeu. O diário buscou a personagem daquele tempo, a então prefeita Mardi Whormhoudt. E traça um grande perfil da líder da reconstrução da cidade.


A pérola do sábado


Redundância não é jornalismo.

Se não fosse "integrante" poderia "deixar o governo"?

Dois minutos a mais de raciocínio da direção de redação do Diário do Grande ABC (Santo André, SP) e a manchete seria melhor.

Faltou uma leitura crítica antes de baixar a capa.

O biscoito de Gordon Brown


Pode a dúvida sobre o biscoito preferido do primeiro-ministro virar capa do mais influente jornal da Inglaterra?

Pode, sim.

A história do The Times (Londres, UK) é rica em detalhes e revela detalhes incríveis da personalidade de Gordon Brown.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fotos para encher os olhos

Há fotos que funcionam e outras que são descartáveis.
A imagem do cotidiano que o repóter-fotográfico Gabriel Aponte captou para contar aos leitores do El Espectador (Bogotá, Colômbia) os efeitos da chuva é magnífica.
O leitor quase se sente molhado.
Da mesma forma a sutileza com que o repórter-fotográfico Daniel Ferreira revelou para o Correio Braziliense (Brasília, DF) como vítimas de estupro reconheceram seus agressores (militares, diga-se de passagem) é impressionante.
Duas fotos de encher os olhos.

Trapalhadas no Maranhão


Não bastassem os deslizes de José Sarney no Senado, agora o jornal da família também comete as suas.

O que será que O Estado do Maranhão (São Luís, MA) quis dizer com essa manchete?

Alguma bomba atômica explodiu em São Luís matando 30 mil pessoas e ninguém ficou sabendo?

Algum novo decreto da governadora Roseana para expulsar de habitantes?

Texto-legenda na capa. E nada mais


Muitos diretores de jornais teimam em dizer que se um assunto está na capa deve ter complemento nas páginas internas.

Segundo eles, a capa é para chamar leitores, que "exigem" maior profundidade dentro da edição.

Tsc, tsc, bobagem que morreu no século passado.

Uma boa foto pode trazer a informação unicamente em sua legenda e esgotar-se na capa.

Ou será que o The Washington Post (Washington, DC) está errado?

Está na hora de os diretores revisarem seus conceitos. Ou ficarão perdidos no tempo.

O fato e a história

Por longas cinco horas o mundo acompanhou o vôo de um balão pelos céus do Colorado imaginando que o menino Falcon Heene, 6 anos, estivesse a bordo. O desespero de seus pais não deixava dúvidas.
Mas na verdade Falcon esteve o tempo todo em sua casa, brincando, enquanto as televisões em rede nacional assistiam ao desepero da polícia tentando resgatar o balão.
O drama só acabou quando o balão caiu.
A grande diferença entre jornais que apenas seguem atrás de notícias e os que buscam diferenciais está na forma de contar histórias.
O jornal da cidade de Falcon, Fort Collins Coloradoan (Fort Collins, CO) faz uma cobertura correta e totalmente jornalística. Mas com conceitos de fato e notícias unicamente.
O Denver Post (Denver, CO), grande jornal da região, também investe na notícia, da maneira mais antiga que se conhece.
A grande cobertura veio do Canadá. O Toronto Star (Toronto, Canadá) conta a história do menino Falcon. As suas cinco horas, enquanto o mundo assistia ao vôo de um balão qualquer.
A cara de sapeca na capa é um convite à leitura.

A aposta certeira do Diário


Um temporal de granizo destruiu boa parte da cidade de Curitibanos (SC). Mais uma desgraça natural para os catarinenses.

O Diário Catarinense (Florianópolis, SC) conseguiu fugir do lugar-comum e contar uma história.

Os repórteres Pablo Gomes e Alvarélio Kurossu encontraram Vinícius e seu sonho desfeito em apenas 10 minutos.

O DC teve coragem de investir na história muito mais que no fato. O resultado é uma edição antológica para o jornal catarinense, que se completa com um vídeo no site (que apesar da baixa qualidade da imagem vale a pena ser visto).

Foi uma excelente maneira de situar os leitores catarinenses dentro do real problema.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O laptop do futuro

A tecnologia evolui com tanta rapidez que não será surpresa se esse modelo estiver no mercado antes de que a gente se dê conta.

As histórias que alimentam o bom jornalismo


O Las Vegas Sun (Las Vegas, NV) publica hoje uma história digna das melhores reportagens do ano.

A pintura que domina o hall principal do Teatro Judy Bayley, da Universidade de Las Vegas, tem a assinatura do artista Frank Stella. Esta na parede há 10 anos, provocando suspiros.

Pois a pintura é falsa!

Mais: Stella decidiu que o quadro deve ser destruído imediatamente. Queimado.

A reportagem é sensacional e merece ser lida.

Uma maneira inteligente de falar de eleições


Cobrir eleições é um drama em muitos jornais.

Como ser "neutro", não pender para um ou outro lado na cobertura?

Invariavelmente alguém reclama.

Em geral, o derrotado.

O jornal La Tribune (Sherbrooke, Canadá) foi criativo para publicar entrevistas com os 5 candidatos à prefeitura.

Internamente cada um está em uma página.

Mesmo espaço, mesmas perguntas.

Só falta alguém reclamar.

Surpresa x Informação

As capas dos maiores jornais de São Paulo provocam uma reflexão muito interessante para a atualidade.
O que interessa mais: A surpresa? A informação?
A melhor definição para essa incógnita é que o interessante e o importante devem ser relevantes.
A Folha de S. Paulo (SP) traz a surpreendente foto de Lula e Dilma pescando no Rio São Francisco. Não é uma imagem que se obtém todos os dias. É curiosa, revela um olhar diferente do presidente e ainda permite a brincadeira do título: conversa de pescadores.
O Estado de S. Paulo (SP) prefere a informação. Lula posando com 3 fortes candidatos à presidência. Para piorar a plasticidade da imagem, o grupo está abanando, com uma falsidade digna de uma escritura de um terreno no céu.
Quem está certo?
Os dois.
O jornalismo moderno prefere a opção da Folha, mas é impossível dizer que o Estado errou.
Foi menos surpreendente, mas não errou. Apenas foi conservador.

Nada de crise, estamos na Copa

Em Honduras, por um dia não importa mais a crise política.
Nenhum problema se o presidente deposto está abrigado na Embaixada Brasileira.
Também tanto faz se o presidente em exercício resolve a crise ou não.
O que interessa é que Honduras se classificou para o Mundial 2010.
O feito mereceu capa e contracapa monotemática do jornal El Heraldo (Tegucigalpa, Honduras).
E tome festa!

Alívio na Argentina


Maradona classificou a Argentina para a Copa 2010 e soltou o verbo:

- $#%&*!!! $%*&*$#!$***$%$#!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Como diz o diário Olé (Buenos Aires, Argentina), quem não chora não mama.

Diego chorou.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A elegância ao extremo


E quem deixaria apenas as marcas estilizadas de pneus de um caminhão ilustrando a capa?

O Guelph Mercury (Guelph, Canadá), um dos jornais mais elegantes do mundo, não teve qualquer dúvida.

Simplesmente genial


A melhor forma de contar como serão as transformações de uma cidade é com ilustrações.

Quanto mais rápido for o entendimento, melhor.

E se o traço for bem feito, bonito, não tem erro.

Foi assim que o popular Hora de Santa Catarina (Florianópolis, SC) apresentou as mudanças no trânsito da cidade.

Não há como não ler. Os traços do artista gráfico (que lamentavelmente não recebeu crédito e cuja assinatura ficou difícil de decifrar) são geniais.

Os bons exemplos de Virginia

O estado americano de Virginia está se transformando em vanguarda do design americano.
O The Virginia-Pilot é referência em desenho e está fazendo escola.
Hoje, para lembrar que amanhã se decide o nome da nova equipe de beisebol de Richmond, o Richmond Times-Dispatch (Richmond, VA) faz uma interessante brincadeira com os cinco candidatos lançando mascotes para cada um. É um convite ao voto, que por sinal se faz no site do próprio jornal.
Enquanto isso o Daily Press (Hampton Roads, VA) questiona os investimentos do Departamento de Defesa na própria cidade, com um infográfico estilo "show, don't tell".

O Canadá aposta, a Folha não


Para que se entenda o que significa 126.040 painés de captação de sol é preciso rasgar uma foto.

A referência do tamanho das três pessoas é fundamental para o impacto da imagem.

Por isso o Toronto Star (Toronto, Canadá) não teve medo de dar toda a largura da capa à foto.

Mas a Folha de S. Paulo (SP) ontem, com um caso muito semelhante, "economizou" uma coluna.

Por que, Folha, por que prejudicar o leitor?

Não havia nada mais empolgante?

A capa, como se sabe, é onde entra o "filé mignon" da edição do dia.
Fotos bem cuidadas, textos da melhor qualidade, infográficos inteligentes.
Será que não havia nenhuma oferta melhor que o Mundial de Futebol Sub-20 em Curitiba e em Salvador?
Os jornais Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e Correio* (Salvador, BA) apostaram firme em um tema que não empolga leitores.
E hoje é dia da seleção principal com Kaká em Campo Grande, de Maradona,...





É Palermo e mais 10


Hoje a Argentina pega o Uruguai em Montevidéu pelas eliminatórias da Copa 2010.

Quem vencer está na África. Quem perder terá que rezar para disputar a repescagem.

Depois do gol milagroso aos 48 do segundo tempo, o veterano atacante Martin Palermo é a esperança argentina.

Pelo menos é o que diz o diário esportivo Olé (Buenos Aires, Argentina).

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Por que o i é o jornal mais surpreendente da Europa?


Basta ver a capa de hoje do i (Lisboa, Portugal) para saber a resposta.

Sem medo de ousar, sem depender da agenda oficial.

Todo poder à reportagem


O suicídio virou mania na Irlanda.

Isso preocupa a população.

Tanto que o Irish Examiner (Cork, Irlanda) preparou um dossiê sobre o tema. Hoje o jornal lança 20 páginas, amanhã mais 32 páginas.

Um trabalho de coragem que busca causas e traz recomendações para que o drama desapareça no país.

Direto ao ponto


Um infográfico deve informar de maneira clara, rápida e certeira algum assunto.

É a linguagem visual em seu apogeu.

Não precisa ser rebuscado, enfeitado, com elementos desnecessários. Quanto mais fácil, melhor.

Assim fez o The Times (Gainesville, GA) com o infográfico que mostra a profundidade do Lago Lanier, que banha a cidade e que andou bem mais baixo do que deveria.

Faltou capricho na redação da manchete

Se a capa é o cartão de visitas de um jornal, a manchete é seu elemento principal.
Ali não se admite erro.
A idéia deve ser clara e certeira.
E é preciso cuidar para não repetir palavras, preposições ou qualquer coisa que deixe sua leitura prejudicada.
É o caso de hoje em dois jornais brasileiros.
O Diário de Natal (Natal, RN) repete "em" de uma forma acintosa. Dois minutos mais de pensamento e seria evitado.
Enquanto isso Zero Hora (Porto Alegre, RS) ataca de "no" e "nas".
O pecado não é tão grande como no jornal potiguar, mas uma prévia releitura atenta da manchete faria ZH rever essa repetição que soa tão mal aos ouvidos.

A aposta na grande imagem


Não há qualquer dúvida que o diário The Guardian (Londres, UK) apresenta amelhor edição fotográfica do mundo.

Mesmo quando o tema não é tão relevante, a certeza de que a força da imagem está no DNA do jornal faz com que 10 de cada 10 fotógrafos ingleses queiram trabalhar no Guardian.

Os jornais brasileiros deveriam tomar alguns "banhos" de The Guardian.

Os olhos dos leitores agradeceriam.

A grande foto das cinzas

A imagem captada pelo repórter-fotográfico Moacyr Lopes Junior é fantástica.
A mãe que carrega seus dois filhos no colo e caminha sobre as cinzas do que um dia foi favela, na capa da Folha de S. Paulo (SP), dispensa legendas e explicações.
Se o jornal paulista fosse um pouco mais ousado daria a sexta coluna da capa também à foto.
A intensidade da imagem bem que merecia.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Aposta sem medo


O jornal O Povo (Fortaleza, CE) sabe que para se diferenciar precisa correr riscos.

Apostar, acreditar no seu material, planejar.

Assim o jornal joga tudo em uma capa extremamente criativa, lembrando livros infantis.

Pega o mote do Dia da Criança e não economiza espaço editorial.

Um brilhante ato de coragem, raro no Brasil e no mundo.

Não funcionou


A idéia do Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) é boa: para falar do clássico da cidade neste 12 de outubro, duas crianças.

Mas a imagem é tão desprovida de emoções que não funciona.

Quando a fotografia não corresponde ao que se quer é preciso recriar a página, pegar algum detalhe. Ou mesmo apelar à arte.

Bola fora do EM.

Público e Público

Dois jornais que estão mexendo com os jovens da Península Ibérica têm o mesmo nome, casualmente.
Público (Lisboa, Portugal) nasceu antes, como uma tentativa de fazer o semanário Expresso (Lisboa, Portugal) todos os dias.
Público (Madri, Espanha) é deste milênio e se desenvolve a partir de blogs. Mas logo toma partido e hoje está bem alinhado com o partido socialista PSOE.
Mas há algo que ambos não descuidam: a capa.
Sempre tentam surpreender, chamar a atenção.
Como hoje, quando o português vai de "pôster" para analisar as eleições e o espanhol ataca de pesquisa de opinião política.

Um jornal do Século XIX

O jornal Correio do Povo (Porto Alegre, RS) foi fundado em 1895.
Acaba de completar 114 anos.
E pelo jeito segue nos mesmos padrões do Século XIX, ignorando a existência de outras formas de comunicação mais ágeis como rádio, TV, Internet, SMS, etc.
Ou como explicar que na capa de sua edição de segunda-feira apareçam com enorme destaque jogos de futebol ocorridos no sábado?
Algum editor de sã consciência pode acreditar que torcedores de Grêmio ou Internacional não saibam como suas equipes saíram-se nas partidas ocorridas 36 horas antes de o jornal ir para as ruas?
Isto chama-se subestimar a capacidade informativa do leitor.
Em pleno século XXI os gaúchos têm um jornal que permanece no Século XIX.

O melhor dos iguais

O Círio de Nazaré passou por Belém e não serviu para babrir a cabeça criativa dos jornais.
No domingo, os três diários amanheceram completamente iguais.
Hoje O Liberal, Diário do Pará e Amazônia Hoje se parecem de novo.
Mas o DDP consegue ser o melhor dos iguais.
O cuidado de publicar várias fotos de gente em torno à imagem central da procissão fez toda a diferença.


domingo, 11 de outubro de 2009

Duas grandes capas de domingo

A concepção da capa é o desafio diário de um diretor.
A responsabilidade da escolha editorial e gráfica é dele. Só dele.
Os editores de conteúdo e de arte devem dar apoio, sugestões.
Mas o resultado final depende do diretor.
Por isso é estranho quando capas mal planejadas, péssimamente executadas, chegam às bancas.
E é digo de aplaudo quando boas idéias aparecem em primeiras páginas.
Como hoje em O Povo (Fortaleza, CE) e Correio Braziliense (Brasília, DF).
Capas inteligentes, antes de mais nada.

Na Argentina, só dá Palermo

O atacante Palermo devolveu, aos 48 minutos do segundo tempo, a esperança de uma nação louca por futebol de ir à Copa 2010.

Nada disse é exagero.