Casamento Real - O day after no Brasil

Bingo!

Dois dos mais criativos jornais brasileiros acertaram em cheio como ser diferente - com planejamento, é claro - no dia seguinte a um fato esperado.

O Diário de S. Paulo (SP) descobriu um William paulista casando no mesmo dia do príncipe. E em um castelo. De posse desse ouro puro para a edição de hoje, não teve qualquer dúvida em ignorar a foto do casamento real - aquela que saiu em 10 de cada 10 jornais do mundo - e bancou o "nosso" William.

O Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) teve a mesma ideia, mas conseguiu além de um Willian (com "n") mineiro também uma Catarina local.

Isso é jornalismo puro.

Da melhor qualidade.

No jornalismo da preguiça, que contamina 90% das redações brasileiras, essas maravilhosas matérias não aparecem.

Que bom que há 10% dos jornais vacinados contra a acomodação.

Bom jornalismo dá trabalho. Mas vale a pena.

Casamento Real - O day after

Os ingleses sabem buscar o diferente.

The Independent (Londres, UK) ignorou todo arsenal fotográfico que chegou à redação a deu uma suave interpretação gráfica ao beijo real.

The Times (Londres, UK) foi de "recém casados", mostrando o carro de costas, como em qualquer casamento. Mas lançou um completíssimo caderno histórico sobre o evento.

The Daily Telegraph (Londres, UK) preferiu não dar manchete. Apenas a imagem do beijo.

E The Guardian (Londres, UK) brincou com o fato de não ter sido apenas um beijo. Mas dois.

Nos quatro exemplos há algo por trás: inteligência criativa.

Lições de um Casamento Real - V

São 19h e o site Globo.com dá como manchete que Príncipe William e "plebeia" Kate se casam em Londres.

O casamento foi há 10 horas. A cerimônia começou há 12 horas.

Que falta de agilidade do Globo.com.

Para isso serve um site de notícias?

Lições de um Casamento Real - IV

O Evening Standard (Londres, UK) hoje teve vantagens em ser vespertino.

Foi o primeiro jornal do planeta a sair na capa com a foto dos noivos na Abadia de Westminster.

Lições de um Casamento Real - III

Prova de qual é o assunto do dia, quase esquecido pelos jornais brasileiros: basta olhar os principais sites do país, que há 12 horas só falam do Casamento Real.
Globo.com, UOL. IG e Terra, por exemplo.

Lições de um Casamento Real - II

No Reino Unido, terra dos noivos, a criatividade apareceu.
Destaques para a capa do The Independent (Londres, UK), sem qualquer manchete. Só imagens que contam tudo.
E para a manchete do The Guardian (Londres, UK): Duas pessoas vão casar hoje - com 2 bilhões de pessoas assistindo.
Genial!

Lições de um Casamento Real - I

Quando há um grande e esperado fato na agenda pública, os jornais precisam planejar. Pensar, criar, ousar. E não podem se isentar.
Folha de S. Paulo (SP) ignorou solenemente o Casamento Real na capa. Deu um pequeno "tijolinho" azul, que se confunde com outras chamadinhas. Deu mais espaço a um atentado em Marrakesh e à cantora soul Janelle Monáe. Mas nem sinal da imagem da linda Kate.
O Estado de S. Paulo (SP) deu a foto da nova princesa de sorriso contagiante, mas sem muitas emoções. O espaço mais inglês das capas dos dois jornais é a publicidade de uma marca de automóveis, bem embaixo.
O Globo (Rio de Janeiro, RJ) cedeu aos encantos de Kate. Só que colocou-a abaixo da dobra.
Faltou aos jornais brasileiros um pouco de imaginação. Desde o início da manhã milhares de brasileiros grudaram os olhos na TV - com vários canais passando ao vivo - para ver a cerimônia. Os jornais não podem ficar sem o tema do dia.
Era dia de ser criativo sobre o assunto comum.

A alta qualidade do jornalismo inglês

O viewspaper The Independent (Londres, UK) apronta mais uma das suas e crava uma fantástica reportagem sobre o dia que os EUA perderam o sentido.

O outrora conservador The Times (Londres, UK) anuncia uma forma de se acompanhar o casamento real com o gadget do momento, o iPad.

Os dois jornais têm um formato berliner, algo entre os tabloides gaúchos e catarinenses e o enorme standard dos jornalões de Rio e São Paulo.

Mas o desenho de capa é quase de revista: uma aposta forte, decidida, que domina pelo menos 70% do espaço da capa e no máximo uma segunda chamada forte.

No Brasil os jornais que adotaram formatos reduzidos ainda teimam em desenhar capas como se fosse um standard. E os standards lotam suas capas como se tivessem o dobro do tamanho.

Sorte de quem vive na Inglaterra, onde o jornalismo já chegou ao Século XXI.

Reação espanhola

A imprensa esportiva espanhola é o melhor exemplo de como vestir a camisa e falar a língua do leitor mais exaltado. Os jornais torcem, se posicionam, e por isso vendem como água.

Depois do passeio de Messi & Cia pelo Estádio Santiago Bernabeu, os jornais da capital Marca (Madri, Espanha) e As (Madri, Espanha) só conseguem repetir as palavras do treinador do Real Madrid, José Mourinho: Por que?

Já os diários da Catalunha Mundo Deportivo (Barcelona, Espanha) e Sport (Barcelona, Espanha) comemoram com a equipe em campo e já colocam o Barça na final de Wembley.

Esporte é emoção, muito mais que resultado.

É vibração. E reação.

Mag+, uma revista-conceito

O vídeo de apresentação da Mag+, revista-conceito do futuro desenvolvida pela Bonnier, é muito interessante para levantar ideias.
Em tempos de acerto-e-erro em tentativas de redesenhar produtos para tablets, o estudo da Mag+ é bastante esclarecedor.
Via blog Conectados, do jornal argentino La Nación

Mag+ from Bonnier on Vimeo.

Dia de clássico na Espanha. E só dá Guardiola

Hoje tem Real Madrid x Barcelona, pela Copa dos Campeões da Europa.

A imprensa deixou de lado os craques para focar nos técnicos.

Curioso é que todos os jornais fazem exatamente a mesma coisa. Pep Guardiola.

Culpa da "ditadura" das coletivas.

Como está fácil pautar um jornal.

A escola de capa dos Associados

O Correio Braziliense (Brasília, DF) começou a usar a imaginação criativa para fazer boas capas (confira exemplos aqui e aqui).

Agora o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG), seu parceiro de Diários Associados, segue a mesma linha.

O espírito de revista, com o conteúdo de jornal, é a fórmula correta que os jornais dos Associados encontraram.

Ganham os leitores.

O localismo invadiu a informação

A manchete do Comércio da Franca (Franca, SP) chega a ser bairrista.

Por acaso a metade dos paulistas e dos brasileiros também não têm mais 4 dias para entregar a declaração de ajuste do Imposto de Renda?

Parece que só em Franca o prazo termina sexta-feira.

Manchete infeliz em Caxias do Sul

Há algo fora de sintonia na serra gaúcha.

Enquanto toda imprensa brasileira lamenta o caos no trânsito e o genocídio das estradas, o jornal Pioneiro (Caxias do Sul, RS) comemora o que considera "saldo positivo nas estradas".

Foram 28 mortes nas estradas gaúchas - uma das quais na região - e a dramaticidade da foto de capa (mais uma vez de Daniela Xu) não deixa dúvidas: nada pior do que trafegar pelas estradas na volta do feriadão.

Mas o jornal gúcho fala em "saldo positivo".

Positivo para quem, Pioneiro? Tente explicar isso para a família das vítimas.

Uma segunda-feira para ser esquecida em Caxias do Sul.

A solução para uma segunda-feira morna

O drama dos editores aos domingo é sempre o mesmo: em que apostar para a capa de segunda?

Em geral a fuga previsível é futebol, alguma pesquisa econômica ou uma especial costurada durante a semana anterior.

O Correio Braziliense (Brasília, DF) fez um cozidão bem temperado que, apoiado na arte de primeira, funciona muito bem. Traz os principais tema da semana que começa e chama a atenção do leitor para o menu.

Uma ótima solução para evitar os clichês de segunda-feira.

Na lista dos mais influentes, Dilma está na lanterna

Na lista anual da Time Magazine (Nova York, NY) das pessoas mais influentes do mundo, a presidente Dilma Rousseff ocupa apenas a posição 189, no voto dos leitores.

Quem é Rain?

Um pop-star coreano que lidera a relação, seguido do diretor tailandês Jay Chou e da cantora inglesa Susan Boyle.

O primeiro político da lista da Time é o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, em quarto lugar.

Barack Obama (46) está atrás de sua mulher Michelle (32) e bem longe da cantora Lady Gaga (12).

Na lista editorializada da Time, Dilma está sim entre os 100. Seu perfil, inclusive, foi escrito pela ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet.

A Folha, enfim, abriu os olhos

O Aeroporto de Cumbica é o pior do mundo.

O Diário de S. Paulo (SP) já disse isso. O Jornal da Tarde (SP) também. Mas a Folha de S. Paulo (SP) vinha relutando.

Hoje, finalmente, o jornal mais influente do Brasil abre a manchete para as péssimas condições da principal porta de entrada e de saída de São Paulo.

Ufa.

Talvez agora, com o eco que a Folha provoca, os burocratas da Infraero se mexam.