Imprima essa Página Mídia Mundo: 2011-02-20

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A mesma concepção fotográfica de Sul a Norte

As grandes fotos do fim de semana são parecidas.
Juan Barbosa e Fco Fontenele souberam enquadrar pessoas e destacar assentos vazios nas capas de Pioneiro (Caxias do Sul, RS) e O Povo (Fortaleza, CE).
Isto, de Sul a Norte, chama-se jornalismo visual de qualidade.

O Diário da Velhinha


Em Taubaté as pessoas acreditam em Papai Noel.

O Diário de Taubaté (Taubaté, SP) dá em manchete o estudo de uma vereadora, que alega que seu próprio salário está defasado em 22,75%.

Mas o jornal não critica o cálculo, apenas registra, como se estivesse defendendo o reajuste.

Nessa história nem a mítica Velhinha de Taubaté acredita!

Faça como o EM: siga desconfiando

Se ontem o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) deu uma aula de jornalismo investigativo (aliás, há algum jornalismo que não é investigativo???) no caso dos abusos da polícia mineira, hoje o desconfiômetro cai sobre a misteriosa morte de um PM, oficialmente um suicídio.
Mas os argumentos do EM são tão contundentes, que o leitor não tem dúvidas de que suicidaram o cabo. Mais ou menos como o caso Vladimir Herzog, em 1975, que derrubou a alta cúpula do exército.
Na esteira do Estado de Minas, Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG) e O Tempo (Belo Horizonte, MG) tentam correr atrás, mas agora só encontram marola.

Todos iguais no reino do Pará

OK, um juiz acabou com a farra do ônibus grátis aos domingos em Belém.
Até aí é fato.
Mas será que ninguém poderia apostar pelo perfil do magistrado Marco Antonio Castelo Branco (quando foi a última vez que ele andou de ônibus?), pelos interesses que estão em jogo, pelo desespero de quem não tem o valor da passagem para pagar, pelo fim do sonho do programa domingueiro do cidadão?
Não. Todos os jornais foram apenas no fato. O Liberal (Belém, PA), Diário do Pará (Belém, PA) e Amazônia (Belém, PA) estão idênticos.
Pobre leitor, que não encontra criatividade no Pará.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A muleta "já" nas manchetes dos jornalões

"Já" é uma palavra curta, rápida, que deveria servir para informar algo imediato, mas normalmente é utilizada para dar ênfase a frases mornas.
Mas "já" não passa de uma muleta. Como é pequena, ajuda a preencher uma linha, sem espaços em branco.
Pois hoje o "já" pipoca nas manchetes dos três jornalões. Folha de S. Paulo (SP), O Globo (Rio de Janeiro, RJ) e O Estado de S. Paulo (SP) abusam do "já" e nem ligam se o texto fica pouco elegante.
Azar do leitor.

Dica do sempre atento jornalista e amigo Décio Trujilo


Antes de tudo, desconfie


O Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) traz uma ótima história onde apenas praticou o princípio básico do bom jornalismo: desconfiar.

Um indigente morto - o Corpo 134 - apareceu no hospital levado pela Polícia Militar. A versão oficial é que foi atropelado após surto psicótico.

Mas onde há fumaça... Na mesma noite quatro militares mataram dois inocentes, sem maiores explicações. O EM foi atrás das coincidências e descobriu provas que indicam a culpa de sete PMs.

Bom jornalismo é por aí.

Duas visões sobre a mesma pesquisa

Mogi está bem ou está mal?
Depende do jornal que você ler.
O documento Mapa da Violência, divulgado pelo Ministério da Justiça, revelou que Mogi tem a menor taxa de homicídios entre jovens, como observa O Diário de Mogi (Mogi das Cruzes, SP), e também disse que a cidade está entre as líderes em mortes de jovens no trânsito, como preferiu o Mogi News (Mogi das Cruzes, SP).
Tudo depende do ponto de vista.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O bairrismo sem sentido


Observe o escândalo que O Liberal (Belém, PA) publicou hoje como foto principal de capa: candidatas a rainha em um concurso de beleza local visitaram o jornal. Como se isso fosse o assunto mais importante de Belém!

Pior, no meio das beldades, o presidente executivo da empresa, Rômulo Maiorana Jr, não sabe onde colocar o sorriso.

Que coisa mais sem graça.

Belém merece um jornalismo mais sério. E menos bairrista.

De olho nos problemas da cidade


O Popular (Goiânia, GO) não está dando mole para a Infraero.

O jornal decidiu ficar de olho na reforma do aeroporto da cidade. E consegue refletir em suas páginas o caos que os passageiros enfrentam.

Jornal local precisa ficar de olho nos problemas urbanos. E fugir das arapucas de noticiar o que acontece a milhares de quilômetros. Como a Líbia.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Reportagem de rua, a chave do bom jornalismo

Em meio a um turbilhão na longínqua Líbia - que alguns jornais brasileiros teimam em dar de manchete (pobre leitor) - pelo menos dois diários foram às ruas descobrir a grande matéria do dia.
O Dia (Rio de Janeiro, RJ) simplesmente levou um termômetro para uma escola, depois de ter recebido denúncia de que o calor da sala de aula estava acima do limite aceitável. Deu 41
graus Celsius! Enquanto na diretoria, com ar condicionado, o termômetro marcou 28.
A Gazeta (Vitória, ES) visitou o depósito de carros do Detran e descobriu 12 mil carros apreendidos, esperando leilão. Mas a demora da burocracia faz com que os veículos aprodreçam.
Problemas da cidade, matérias na rua. Esse é o fundamento do bom jornalismo.


Na esteira da semanal - Update


Está cada vez mais habitual os jornais buscarem pauta nas revistas semanais e nos programas de TV. É do jogo.
Raro é o que fez o Jornal da Tarde (SP), que suitou (leia nota abaixo) a capa da Veja (SP) e deu manchete ao tema.
A suíte costuma ser matéria secundária.

Update: a redação do JT avisa que foi o jornal - e não a revista Veja - quem levantou o assunto. Ou seja, foi a semanal quem suitou o JT, não contrário.