Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-11-01

sábado, 7 de novembro de 2009

O day after do The Washington Post


O dia seguinte a um grande evento é sempre difícil para um jornal.
É preciso surpreender, sem esquecer do fato, das análises.
E não se pode passar recibo de incompetência, de ter deixado algo de fora na véspera.
Pois o The Washington Post conseguiu o que queria, ao abordar outra vez a tragédia de quinta-feira, que provocou 13 mortes no Texas.
A história de bastidores do Post é uma reportagem como poucas nos jornais americanos. Recupera o momento do ataque, o clima no campo, a surpresa entre os soldados.
Uma grande matéria.

A volta do ponto sem nexo da Gazeta do Povo


Alguém entende esse ponto?
O alfabeto oferece o "dois pontos" para esse efeito, de colocar um assunto e em seguida dizer o que se quer dele.
Mas a Gazeta do Povo (Curitiba, PR) teima em inventar moda, como vem fazendo nos últimos tempos.
Se um jornal inventa e seu leitor não entende, melhor desistir.
Mas a Gazeta insiste.

O localismo, em defesa do leitor

Os jornais são a cada dia mais locais.
O leitor consegue estar atualizado sobre qualquer lugar do mundo pela TV e pela Internet, mas precisa do jornal da cidade para deixá-lo em dia com os temas locais.
Por isso é muito importante olhar para as esquinas, para os problemas urbanos, para aquilo que afeta a vida do leitor.
Assim fizeram o Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC) com um balanço de mortes em 10 anos na BR-470. Também o Correio Braziliense (Brasília, DF), que segue de perto o crime que abalou a capital há poucos meses. E ainda o Pioneiro (Caxias do Sul, RS), com as gangues que picham a cidade.
O jornalismo moderno é o jornalismo local.




Publicidade de jornais (V)

A propaganda do Ziarul Financiar (Bucarest, Romênia) revela todo amor de um leitor pelo seu jornal.
Virou cult.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

As imagens que garantem a capa

Dois dos principais jornais do mundo hoje exageram na qualidade de suas fotos.
The Globe and Mail (Toronto, Canadá) tem uma imagem de um sutil guarda-chuva vermelho em meio à multidão em Berlim, que comemorava os 20 anos da queda do muro.
Já o The Times (Londres, UK) faz uma homenagem às vítimas de guerra da Inglaterra.
Duas imagens excelentes, que garantem capas de primeira qualidade.





Boa história em Goiânia


O Popular (Goiânia, GO) descobriu uma ótima história: com uma interminável fila nos tribunais e sem tecnologia para digitalizar tudo, os processos no Fórum de Goiânia estão sendo arquivados até nos banheiros do Tribunal.
A foto de capa não deixa dúvidas.

A mesma foto em 118 capas nos EUA

A mesma foto que estampa as capas destes oito importantes jornais americanos está tambám na primeira página de mais 110 diários dos EUA.
É uma foto de Jack Plunkett, da Associated Press, distribuida para a grande maioria dos jornais do mundo.
A foto é boa, sem dúvidas, mas o fato de estar disponível para todos acaba por terminar com a surpresa dos grandes jornais que assim apostaram.
Se o jornal não sabe como dar o algo a mais necessário para a mídia impressa em tempos de velocidade acelerada da informação, melhor não repetir o que todos dão.

















O estranho silêncio de O Globo

O Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, cometeu ontem uma das maiores gafes de sua vida. Em alto e bom som afirmou: "O Rio não é uma cidade violenta".
De posse de tão boa afirmação, os jornais que pensam no leitor imaginaram boas formas de traduzir a bobagem de Beltrame.
O Dia (RJ) brincou com um "marque a resposta certa", onde os dois outros personagens são o Homem-Aranha e o Papai Noel.
O Extra (RJ) também saiu-se bem, com a continuação da frase de Beltrame: "só falta combinar com o tráfico".
Mas estranhamente O Globo (RJ), da mesma empresa que edita o Extra, sonega essa informação na capa. Poderia ter desenvolvido o fato, checando a afirmação, com números. Nenhuma outra notícia teve mais repercussão ontem e hoje no Rio.
Mas O Globo silenciou.
Por que?




Publicidade de jornais (IV)

Quando a cidade de Melbourne, Austrália, recebeu seu primeiro jornal de domingo, tudo era diferente.
O Newsday chegou em 1969 para quebrar paradigmas: tablóide, quando só havia standards, fotos maiores, textos mais curtos.
A sequência de propagandas para seu lançamento, há 40 anos, é antológica.


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Uma maneira inteligente de apresentar pesquisas


O San Jose Mercury News (San Jose, CA) é um dos jornais mais inovadores do mundo. Talvez por estar em pleno Vale do Silício, onde as grandes idéias se desenvolvem em matéria de tecnologia.
O modo como o SJMN apresentou a pesquisa sobre a forma de se comunicar das pessoas, em 2009, é genial.
Inovador.
Impossível nao ler.

A sensibilidade do Times

Os principais jornais ingleses trazem a mesma história na capa: a morte de cinco soldados ingleses no Afganistão.
The Guardian (Londres, UK) foi pelo jornalístico clássico, a foto do momento, ainda que de longe e fora de foco.
Já o The Times (Londres, UK) ignorou a imagem do ato, mas publicou uma foto de um colete ensaguentado utilizado por uma das vítimas.
Sensibilidade por todos os poros.
Ponto para o Times.



Hoje em Dia revive Bresson

Talvez nem o editor do Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG) tenha se dado conta, mas a foto de Cristiano Couto que está na capa do jornal hoje lembra uma das mais célebres imagens de Henri Cartier-Bresson, provavelmente o maior foto-repórter de todos os tempos.
Bresson fez do salto sobre a água um clássico. A imagem de Cristiano Couto é a melhor foto do dia.





Publicidade de jornais (III)

O anúncio do The Globe and Mail (Toronto, Canadá) mexeu com sua audiência. Rápido, moderno, entendia que a vida passa das páginas do jornal ao site com a agilidade do olho humano.
Há sempre mais vida no Globe.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Muitas imagens, nenhum foco de atenção


Uma capa precisa ter informação na medida certa.
Nem mais, nem menos.
Quando se quer colocar elementos a mais em uma capa, ela não funciona.
Como na primeira página da Folha da Região (Araçatuba, SP) de hoje.
São nove fotos, mais uma chamada a um suplemento, mais publicidade, mais índices, e ainda os foguetes editoriais.
Definitivamente não funciona.
Nesse caso, menos é mais.

A diferença que faz uma boa foto

A repórter-fotográfica Marina Silva, do Correio* (Salvador, BA) é daquelas que não sossega até conseguir A foto. Não uma foto qualquer, mas A definitiva.
Ontem, no enterro do Neguinho do Samba, em Salvador, ela mais uma vez brilhou.
Por absoluta casualidade, o jornal Diário do Pará (Belém, PA) usou as mesmas palavras do Correio* para se despedir do "rei do carimbó".
Mas o "Adeus, Mestre", com a foto de Marina Silva, tem outra qualidade.




Alô Folha de SP! You have a problem!


Alguém consegue imaginar que um só leitor da Folha de S. Paulo (SP) tenha se surpreendido com a manchete de hoje?
Algum leitor da Folha, jornal das classes A, B e C de São Paulo pode ter aberto o jornal hoje sem ter consultado seu site preferido ontem ou sem ter visto algum noticiário de TV à noite?
Difícil, muito difícil.
Então nada explica como o jornal líder do Brasil dar de manchete a morte de Claude Lévi-Strauss, que aconteceu no sábado e foi divulgada ontem. De manhã.
A cobertura da Folha até é boa, mas a manchete é o que há de mais antigo.
Não avança. Não foge da notícia pura e simples. Não ousa. Não convence ninguém a comprar o jornal.
Folha, há algum problema sério no comando dessa nave.

Publicidade de jornais (II)

As propagandas do The Guardian (Londres, UK) são antológicas.
Uma das que mais mexeu com o público é a que fala do fato entendido "por inteiro", não visto apenas por um lado.
Muito criativa.


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Não se pode acreditar em tudo



O Estado do Paraná (Curitiba, PR) precisa praticar a lição básica do jornalismo: desconfiar.
A manchete de hoje é a versão otimista de um sindicato - que tem claros interesses no tema - para uma lei aprovada na semana passada.
O jornal não desconfiou de nada, acreditou em tudo. Pela versão do sindicato - e do jornal - a lei do inquilinato ficará tão boa que até o valor dos aluguéis vai baixar.
Ou seja, diminui a burocracia, dispensa fiador e ainda cai o valor.
Impressionante.

Falando a língua do leitor


O The Times (Londres, UK) entende o leitor.
Na esquina mais movimentada da Europa, o Oxford Circus, em Londres, a prefeitura pintou um enorme "X" para facilitar a vida do pedestre.
Deu certo? Melhorou? Piorou?
A reportagem multimídia do Times é tudo o que o leitor fiel do jornal deseja.

A Folha não conhece economia de mercado


Há algo de muito errado com os especialistas em economia da Folha de S. Paulo (SP).
A manchete de hoje é uma aula de desconhecimento das leis da economia de mercado, a velha lei da oferta e da procura.
O preço das passagens aéreas no Brasil é praticamente desregulado. Ou seja, as empresas estipulam um preço máximo, a chamada tarifa cheia, e depois praticam descontos conforme seus interesses em encher aviões e em dar uma rasteira na concorrência.
Por isso é possível ir de Porto Alegre a São Paulo pagando R$ 100 ou R$ 500 dentro do mesmo avião.
Se a economia é regulada pelo mercado, o preço sobe e desce conforme a procura. Isso significa que no final do ano, quando todos querem viajar para passar as festas de férias ou com parentes de outras cidades, o preço dispara.
Todos sabem disso.
Do presidente da TAM ao mecânico da Azul.
Só a Folha não sabe.

Publicidade de jornais (I)

O lançamento - ou relançamento - de um jornal precisa, necessariamente, vir acompanhado de uma boa campanha de publicidade e de marketing.
O risco de ficar calado é promover um relançamento "clandestino": ninguém fica sabendo. Aí o jornal não melhora sua circulação, demora muito mais tempo para crescer, para que o leitor entenda o que se fez.
Uma das melhores campanhas de relançamento de um jornal aconteceu na Grécia, na revolução que aconteceu com o jornal Eleftheros Tipos (Atenas, Grécia).
O jornal estava morto, com menos de mil cópias vendidas por dia. Não aparecia no top ten das bancas. Desnecessário total.
A profunda mexida foi uma revolução. O ET saltou para a vice-liderança do país, alcançando a ponta em alguns domingos. Genial.
A campanha da Ogilvy soube entender o conceito da mudança.




PS1: A revolução do ET foi coordenada pela Innovation Media Consulting. Tive o prazer de fazer parte deste grupo que mexeu com a imprensa grega. O desenho do jornal, do espanhol Javier Errea, ganhou todos os prêmio de design da SND.

PS2: Lamentavelmente os acionistas do jornal decidiram fechá-lo na metade deste ano. Não por problemas econômicos, mas pelos interesses políticos. Uma pena.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A invenção jogou contra


A idéia do Pioneiro (Caxias do Sul, RS) até tem fundamento: o calor que dominou o fim de semana no sul é digno de verão, mesmo antes da temporada oficial, aquela do calendário.
Mas aí o jornal gaúcho pecou por querer inventar demais, fugir do correto: o verbo estrear não combina com veraneio.
Seria muito mais fácil e lógico "Começa o veraneio". Não seria a melhor manchete do mundo, mas pelo menos seria mais correta.
"Estreia", nesse caso, dói no ouvido.

Duas maneiras inteligentes de se falar em eleições

Os americanos vão escolher alguns prefeitos e governadores amanhã.
Os jornais sempre têm dificuldades em cobrir eleições, ora por prepararem coberturas chatas, que não interessam ao leitor, ora por escorregarem em favorecimentos a um ou outro candidato.
O The Detroit News (Detroit, MI) e o The Virginian-Pilot (Norfolk, VA) souberam inovar na véspera da escolha.
O The Detroit News escolhe os cinco maiores problemas da cidade e, em uma frase para cada um deles, mostra a preocupação do eleitor com a situação. O jornal, é claro, pede providências imediatas.
Já o The Virginian-Pilot, com muito humor, apresenta o principal instrumento com que o novo governador da Virginia terá que trabalhar: um machado. É que o corte nos custos deverá ser radical, ou o Estado viverá nos mesmos problemas de orçamento.
Assim os jornais conquistam leitores.


O desenho equivocado do Diário do Grande ABC


Às vezes é pressa, outras vezes é a pouca experiência. Os erros em capas são os menos perdoáveis. Por isso a primeira página precisa - sempre - ser lida e relida por mais de uma pessoa.
O Diário do Grande ABC (Santo André, SP) comete hoje um típico erro de atenção, culpa de um desenho ultrapassado que só atrapalha o leitor.
A manchete tem ligação apenas com o texto à direita, não com a foto. Mas para um leitor comum a foto, sem qualquer barra divisória, é parte integrante da manchete.
No caso de hoje a infelicidade é brutal: Consórcio chama 108 vereadores" e lá está um exército de futuras mamães com as barrigas de fora.
Não há qualquer dúvida: os vereadores chamados pelo consórcio são aqueles que hoje ainda repousam nas barrigas das grávidas.
Lamentável.

Um rápido olhar sobre o Asahi Shimbum



O segundo maior jornal do Japão e do Mundo é o Asahi Shimbum (Tóquio, Japão).
Apesar do sucesso, o AS está pensando no futuro e não deixa nunca de se modernizar.
Alguns números e curiosidades:
* 12 milhões de exemplares por dia (8 milhões pela manhã, 4 milhões à tarde);
* Edições em japonês e em inglês;
* 77 mil distribuidores;
* 5 mil funcionários, dos quais 2,5 mil jornalistas;
* Custo de uma página de anúncio no jornal: R$ 800 mil para uma publicação;
* Custo de um banner em destaque na página web: R$ 40 mil por semana;
* Receita proveniente apenas dos meios digitais: R$ 80 milhões por ano;

Apesar da realidade do momento apontar para o papel, dado o tamanho do negócio, no Asahi Shimbum só se fala de meios digitais. Essa é a aposta, para lá vão os investimentos.
Afinal, o país tem 130 milhões de habitantes e 110 milhões de telefones celulares, com mais de 100 milhões de pessoas conectadas à Internet.

Se o Asahi Shimbum pensa digital, como é que a grande maioria dos jornais brasileiros resiste à idéia de investir em multimídia?

Dica do colega Miguel Angel Jimeno.

domingo, 1 de novembro de 2009

O filé mignon do domingo


O jornal La Stampa (Turim, Itália) costuma dar não menos que 15 informações na capa, bem ao estilo de todos os jornais italianos.
Mas hoje o diário cujo principal acionista é a Fiat ousou.
Apostou no aniversário da eleição de Barack Obama.
Bem lembrado. Bem editado. Bem apostado.
O La Stampa é o filé mignon deste domingo.

Os quadrinhos solucionam problemas


Até o pequeno DoluthNews Tribune (Duluth, MN) entendeu que não há dogmas quando objetivo é comunicar.
O quadrinho da capa de domingo ficou exemplar e de bom gosto.

As histórias dominicais dos EUA

Os americanos sabem que o jornal de domingo é diferente.
Hoje três deles mostram como a criatividade por aparecer nos menores detalhes.
O St. Petersburg Times (St. Petersburg, FL) revela uma grande história sobre Ron Hubbard, o fundador da Igreja da Cientologia. Acusado de pilantra por uns e de gênio por outros, como o ator Tom Hanks, Hubbard está preocupado com os ex-fiéis que saíram da Igreja e hoje podem revelar seus segredos.
Já o Record-Journal (Meriden, CT) e o Cape Cod Times (Hyannis, MA) resgataram boas histórias do passado, mas trazendo-as ao presente (o que sempre é uma boa fonte de criatividade).





Domingo é dia de boas histórias


O hábito de leitura de domingo é diferente dos outros dias da semana.
Há mais tempo disponível e menor interesse por notícias.
Cresce a necessidade de boas histórias.
Como a que o Correio Braziliense (Brasília, DF) traz de Raul Faustino, 90 anos, um dos homens que ajudou a construir Brasília.
É a melhor história publicada pelos principais jornais do Brasil neste domingo.