Imprima essa Página Mídia Mundo: 2012-03-18

sábado, 24 de março de 2012

O previsível "enterro" de Chico

Chico Anysio morreu. É preciso tratar bem o assunto.
Todos os jornais que aparecem nesse post foram criativos e homenagearam o humorista.
Mas a morte de Chico não foi surpresa. Com 80 anos, ele estava internado havia 100 dias. Ou seja, a morte era extremamente previsível.
Por que os jornais não homenagearam os mais de 200 personagens em vida? Por que esperar a morte e se confundir com todos os demais?
Quando alguém morre de surpresa, como Elis Regina, os Mamonas Assassinas ou Michael Jackson, por exemplo, é preciso criar sobre o fato ocorrido minutos antes. Mas quando tudo é esperado, por que esperar a morte clínica para lembrar do cidadão?
Seria mais digno falar de Chico para Chico. Agora é tarde.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Jornalismo de qualidade na Serra


Um jornal não deve jamais abandonar suas causas. E precisa revelar segredos, contar aquilo que fica como dúvida na cabeça do leitor.

Quem é aquele menino que apareceu sentado no meio-fio esperando a hora de atravessar a BR, na capa do Pioneiro (Caxias do Sul, RS) de ontem?

É Kelwin, responde o próprio jornal em sua edição de hoje.

O Pioneiro entendeu a força daquela foto e foi atrás do personagem. Nada de abandonar o leitor. Jornal responde, não pergunta.

O jornal da Serra Gaúcha deu uma aula de bom jornalismo.

Diário oficial


A cada dia que passa O Fluminense (Niteroi, RJ) está mais longe de seu leitor.

Hoje, uma vez mais, lá está o prefeito, agora ao lado do secretário de habitação. Imagem desnecessária, absurda, mal acompanhada de outra foto de palanque, mais abaixo. Trata-se de um jornal desnecessário, tanto faz lê-lo ou não.

O mesmo O Fluminense já deu demonstrações de ser imprensa oficial em janeiro duas vezes, em dezembro e em tantas outras vezes.

É por isso que os jornais do Rio estão vendendo bem no outro lado da ponte.

Alguém lê O Fluminense?

Ajuste exagerado

Os programas de edição e paginação permitem tudo. Basta querer e o texto sai em diagonal, com palavras invertidas ou qualquer outra pirotecnia.

A única preocupação deve ser o entendimento do leitor.

Por isso não faz muito sentido a Folha de Londrina (Londrina, PR) condensar tanto a manchete, preferindo a ridícula foto do policial e suas apreensões - imagem idêntica a de 10 entre 10 capturas de drogas.

Manchete em duas colunas - e cinco linhas - deve utilizar palavras que caibam nesse espaço.

O leitor agradece.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A criatividade do The Times





O The Times (Londres, UK) está a cada dia melhor, apesar de já contar mais de 220 anos de existência.

Hoje deu mais uma aula de bom jornalismo ao analisar o plano de cortes nas pensões.

Tendo o The Times na banca, é difícil querer ler os concorrentes The Daily Telegraph (Londres, UK), The Guardian (Londres, UK) e The Independent (Londres, UK).

Jornal precisa cobrar das instituições


Terça-feira a Folha da Região (Araçatuba, SP) comemorava na manchete o desempenho da gestão na prefeitura de Birigui, entre as 10 melhores do país, segundo pesquisa.

Hoje, 48 horas depois, é escândalo de aumento ilegal de salários.

É hora do jornal cobrar, ficar em cima, não dar descanso.

Que gestão premiada é essa?

Se o jornal não questionar o absurdo de estar na frente na pesquisa e liderar um "roubo de galinhas" na cidade, quem vai fazer isso?

A grande foto do dia


A grande foto precisa ser no momento exato, contextualizada, surpreendente.

A imagem de Maicon Damasceno na capa do Pioneiro (Caxias do Sul, RS) tem tudo o que se espera de uma grande foto.

Na esteira da morte de um menino de 11 anos, o flagrante de Damasceno conta tudo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mistério no Espírito Santo


A Firjan divulgou no início do mês uma pesquisa sobre as profissões do futuro.

No dia 5 de março o Jornal Nacional deu a matéria.

Ou seja, há 15 dias.

Como explicar que a mesma pesquisa sirva de apoio às manchetes dos concorrentes A Tribuna (Vitória, ES) e A Gazeta (Vitória, ES) hoje?

Difícil de entender.

De novo a mesma foto?


Ontem foi na França, hoje no México.

A mesma foto de capa na Folha de S. Paulo (SP) e em O Estado de S. Paulo (SP).

A foto de agência circula.

Jornal serve para dizer algo surpreendente


Um cidadão ficou preso por engano por 30 dias.

O que se espera que ele diga? Que foi uma maravilha? Que fez novos amigos? Que aproveitou para pensar na vida?

Quando se aposta em frases-de-efeito-sem-qualquer-efeito, como "Foi um inferno", do Jornal da Cidade (Bauru, SP), o leitor começa a se perguntar se ainda há sentido ler jornais (esse tipo de jornal, que se considera dono da informação).

É o mesmo que o repórter perguntar ao consumidor: o que você achou do aumento dos combustíveis?

Procura-se alguém que tenha gostado, fora os donos dos postos. Aí sim haverá manchete.

Quem gosta de coisa velha é museu


Inexplicável a atitude da Folha da Manhã (Passos, MG) de publicar a pesquisa divulgada segunda-feira, com ampla repercussão terça, apenas hoje - e em manchete.

Os jornais já largam em desvantagem contra as mídias eletrônicas pelo tempo de maturação. Agora, decidir voluntariamente sentar em uma pauta e dar como novidade no dia seguinte?

Por essas e outras que os jornais perdem circulação. E colocam a culpa nos novos hábitos de leitura.

Francamente... 

terça-feira, 20 de março de 2012

Folha, Estadão e vários outros jornais

Os leitores da Folha de S. Paulo (SP) levaram um susto hoje ao encontrarem a mesma foto de capa na primeira página de O Estado de S. Paulo (SP).

Isso acontece quando as fotos chegam por agência. É uma coincidência e mostra que os dois jornais buscam a melhor imagem.

Para quem não gostou, outros bons jornais do mundo também publicaram a mesma (ou quase) foto. Até o The New York Times (Nova York, NY) e o El País (Madri, Espanha).

É só conferir.





A capa definitiva do Libé


Não é preciso qualquer linha fina para esclarecer a capa antológica do irreverente Libération (Paris, França).

Como interpretar uma pesquisa


O jornalismo permite tudo - menos a mentira.

A maneira como os fatos são interpretados revelam os valores de cada jornal. Uma pesquisa, por exemplo, tem mais de mil maneiras de ser interpretada, sempre dependendo do que se quer contar.

A pesquisa da Firjan divulgada ontem, sobre gestão pública e financeira das cidades brasileiras, permitiu todo o tipo de leitura.

A Folha da Região (Araçatuba, SP) preferiu destacar o sucesso de Birigui (responsável por 10% de sua circulação) do que o fracasso de Araçatuba (mais de 80% de seus exemplares).

Enquanto isso O Diário (Mogi das Cruzes, SP) comemora a posição 54 de Mogi das Cruzes. Só esquece de dizer: isso é bom ou é ruim?

O posicionamento editorial de um veículo de comunicação perante um fato revela o perfil da publicação. É isso que vai trazer mais ou menos leitura, mais ou menos fidelização.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O uso exagerado de templates


Template (maquete de página) é uma conquista que dinamizou o design de jornais pelo mundo. Bons jornais têm uma biblioteca de páginas pré-desenhadas, o que agiliza a construção de cada uma, seguindo à risca o projeto gráfico estabelecido.

Mas jornais precisam ter, pelo menos, 20% de páginas criadas a partir da matéria pela equipe de desenho (padrão definido pelo The Washington Post).

Capa, aberturas de editorias e matérias especiais precisam ter um cuidado especial da arte. Mas não é o que acontece com pelo menos três jornais brasileiros, que costumam exagerar nos templates - principalmente na capa.

Correio de Uberlândia (Uberlândia, MG), Diário do Grande ABC (Santo André, SP) e O Popular (Goiânia, GO) estão repetindo demais as fórmulas gráficas. Assim se parecem iguais todos os dias.

Um jornal precisa trazer surpresa na capa. Esses três seguem tanto o manual gráfico que esquecem as novidades gráficas.

Merecem um novo projeto gráfico. Urgente.