Imprima essa Página Mídia Mundo: 2010-03-07

sábado, 13 de março de 2010

Site do Estadão, mais do mesmo


Fora o azul dominante, o novo site do Estadão é mais do mesmo. Não há nada que faça alguém deixar sua preferência na web para optar pelo Estadão.

Uma ocasião jogada fora. Muito barulho por nada.

Que o redesenho do jornal traga alguma novidade neste domingo.

A Folha brilhou também com o vazio


Além do JT, a Folha de S. Paulo (SP) fez uma homenagem maravilhosa e emocionante ao cartunista Glauco.

Na edição de hoje, sábado, não há desenhos, ilustrações ou cartoons.

Em cada espaço reservado para a arte, um buraco em branco.

Midia Mundo, para não repetir a lembrança da Folha, publica uma de suas últimas charges (via site da Folha).

A ousadia genial do JT


O Jornal da Tarde (SP) é uma estrela quase apagada na constelação Grupo Estado. Mas o brilho que ainda sobra acaba surpreendendo.

A capa de hoje é genial. Não há homenagem melhor e mais positiva ao cartunista Glauco do que a ilustração do personagem Geraldão espiando pela fechadura da porta do céu (desenho de Novaes).

Glauco era um agente do bom humor. É preciso manter esse nível mesmo em sua trágica morte.

Parabéns ao JT, que consegue superar em talento o "irmão mais velho" Estadão com muita frequência.

Hein?


O jornal O Sul (Porto Alegre, RS) rasga uma foto de um navio no Porto de Santos.

Santos, para quem está perdido, fica no litoral paulista, cerca de mil quilômetros da capital gaúcha.

Alguém precisa dizer à direção de O Sul que fotos como essa só ocupam espaço e não têm nenhum interesse a um gaúcho.

Como não está no IVC não se conhece a circulação deste jornal. Mas pelo jeito deve ser quase clandestina.

Sem vergonha de fazer campanha


O jornal O Dia (Rio de Janeiro, RJ) está fazendo campanha pelo governador do Estado?

Não, está defendendo o Rio.

Se o jornal entende que o Estado foi prejudicado na nova divisão de rendimentos do pré-sal, nenhuma vergonha em defender seus valores.

Valores do Rio.

Valores do seu leitor.

A história do ídolo machucado


Marc Savard é um desconhecido no Brasil, mas um ídolo no Canadá.

Jogador de hóquei no gelo, disputa a liga dos EUA.

Disputava.

Semana passada Marc levou uma tacada na cabeça no jogo entre o seu Boston Bruins contra os Pittsburg Penguins.

Talvez Marc não volte a jogar nunca mais.

O drama de Marc está nas páginas do The Globe and Mail (Toronto, Canadá), em uma reportagem sensacional.

Histórias de vida, vida real.

Estadão muda mas não muda


Amanhã (domingo) O Estado de S. Paulo (SP) vai às bancas de cara nova. Um novo projeto gráfico e algumas novidades.

A primeira delas é o caderno Sabático, que já pega carona na edição de hoje do Estadão. Na estreia uma entrevista exclusiva com o escritor italiano Umberto Eco, leitura obrigatória.

Mas o que o Estadão precisa mudar, não muda.

Como explicar a "notícia" capa que o cartunista Glauco foi assassinado? O crime aconteceu mais de 24 horas antes de o jornal sair às ruas.

Esse é o critério que deveria mudar, entender que jornal não serve mais para dar notícias em primeira mão. Mas isso não mudou. O Estadão segue sendo o Estadão.

PS: o novo site do Estadão estava anuncado para hoje, mas até agora (10h30min de sábado) nada de novo na web.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O curioso, o importante e o relevante

É fato: a terra tremeu outra vez no Chile durante a cerimônia de posse do novo presidente. O sismo assustou, é verdade, mas ninguém ficou ferido e Sebastián Piñera é o novo presidente.
O que é relevante? Que Piñera assumiu e de cara sobrevoou as áreas destruídas, como mostra Las Últimas Notícias (Santiago, Chile).
O que é importante? Que Piñera anunciou um período de transição, com um futuro de oportunidades mais iguais, como destacou El Mercurio (Santiago, Chile).
O que é curioso? Que durante a cerimônia houve um sismo, como atesta Zero Hora (Porto Alegre, RS).
Só que o curioso dificilmente é manchete, se não for relevante. E o "tom dramático" anunciado pelo jornal gaúcho não foi visto em nenhum outro lugar.
Isso chama-se esquentar a manchete fria.

As grandes ideias vêm dos EUA

San Jose Mercury News (San Jose, CA) e The Boston Globe (Boston, MA).
Escolha qualquer um e saia lendo. Você vai encontrar jornalismo de qualidade. No San Jose uma visão mais moderna, no Boston a atenção ao que interessa ao leitor.
Hoje o SJMN traz uma bem humorada reportagem sobre como as cidades americanas estão disputando palmo a palmo a rede de fibra ótica do Google.
Já o BG mostra um mapa do centro da cidade com os projetos planejados - e alguns abandonados. Show, don't tell.

As histórias de gente da terra


A ótima história de Joe Serrano está na capa do The Dispatch (Casa Grande, AZ), com uma arte simples e de primeira (as luvas de boxe em forma de coração).

Serrano é empresário de boxe, nativo de Casa Grande, e domingo um de seus pugilistas estará em Berlim (Alemanha) lutando para subir no ranking.

As histórias de gente da terra sempre agradam. São pessoas como qualquer leitor. Por isso merecem atenção especial e lugar de destaque, como fez o The Dispatch.

Um jornal não pode ser previsível

Em tempos de velocidade da informação e de notícias commodities, um jornal deve fazer de tudo para surpreender o leitor, para manter-se necessário.
Ou a morte baterá à porta das redações.
Tudo o que não se pode adotar é o perfil de previsível.
O Estado de S. Paulo (SP) e Folha de S. Paulo (SP) estão previsíveis.
Desde que o índice do PIB foi divulgado ontem, apostar nessa manchete para os dois jornalões paulistas era uma das maiores barbadas das mesas de adivinhações de capas dos jornais.
Assim não dá.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A pauta que provoca a pauta


Está na manchete do Diário da Região (São José do Rio Preto, SP). O índice de médicos por habitante é excelente.

OK, um número para se comemorar.

E a vida real? Não há filas nos postos de saúde? Não há espera para consultas com especialistas?

A grande matéria é o confronto entre a informação que conforta e a realidade que incomoda. Como ter médicos e não ter serviço eficiente? De quem é a culpa? Qual a saída? Onde está o gargalo?

Essa o Diário da Região ficou devendo.

A foto que conta a história


A imagem do repórter-fotográfico Daniel Castellano conta tudo o que o leitor da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) precisa saber.

Uma foto que informa e faz pensar.

Tem boi na linha no ABC


A informação é: Santo André terá um hospital, São Bernardo um metro. Promessas dos prefeitos.

Na interpretação do Diário do Grande ABC (Santo André, SP) o sujeito da ação são os prefeitos, com seus nomes na manchete.

Isso só serve para popularizar os políticos.

Ou para conquistar publicidade em troca do favorecimento.

O mistério do taco de hóquei


Um simples taco de hóquei é a aposta principal do The Globe and Mail (Toronto, Canadá)?

Sim, jornais de qualidade podem falar das aventuras de um objeto de desejo, aquele que serviu para o ponto definitivo do Canadá na final dos Jogos de Vancouver. O taco da medalha de ouro, que estava desaparecido.

Ontem revelou-se o mistério: está no Hall da Fama de Saint Petersburg (Rússia), em uma sucessão de trapalhadas e coincidências.

Que grande história.

Os extremos na Bahia


O jornal Correio* (Salvador, BA) conseguiu em uma mesma edição transitar entre o jornalismo de qualidade e um exemplo explícito de bairrismo fora de moda.

A reportagem da capa, do repórter Alexandre Lyrio, é de extrema sensibilidade e inteligência. O drama da busca de corpos no IML está claro nas expressões de Elisângela, captadas pela lente atenta do repórter-fotográfico Robson Mendes, na capa do jornal.

Ao mesmo tempo o Correio* dedica quase três páginas à festa de 25 anos da TV Bahia, com direito a mosaico de fotos de executivos da Rede Bahia. Um espaço equivalente à toda cobertura de Bahia e Vitória juntos (confira aqui).

E o que interessa ao leitor essa festa?

quarta-feira, 10 de março de 2010

História de vida sempre interessa


Está na capa, com enorme destaque, no Times Daily (Florence, AL).

Duas jovens estudantes, uma do Kosovo, outra do Sri Lanka. Elas estão na University of North Alabama.

As histórias de Njomza e de Harshani servem para levantar o grande problema das vítimas de guerra do mundo.

Essa é o tipo de reportagem que sempre interessa ao leitor, mas que os jornais teimam em deixar de lado.

Impasse ou incompetência?


Em Santa Catarina a incompetência administrativa é chamada de impasse, pelo menos no Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC).

São 260 alunos que esperam um novo local para as aulas de artes, enquanto Fundação e Secretaria de Educação empurram o problema com a barriga.

Não há como disfarçar: isso chama-se incompetência da Prefeitura.

Quanto mais claro for o termo, mais fácil para os leitores entenderem.

No Brasil você não vê isso


Se fosse no Brasil alguém diria que esqueceram da foto ou da ilustração.

Está na capa do Frankfurter Allgemeine (Frankfurt, Alemanha), um dos mais tradicionais jornais da Europa.

Aplicação mal feita


Os erros de aplicação de texto sobre foto não acontecem apenas no Brasil.

No The Dispatch (Casa Grande, AZ) o editor de arte deve estar de férias.

Espiões nas redações

Houve um tempo em que os jornais tinham espiões nas redações concorrentes, para evitar grandes furos. No fechamento alguém telefonava e passava as principais apostas para o jornal inimigo.
Mas hoje, ao que se sabe, esse fenômeno acabou.
Tem dias, porém, que bate uma desconfiança de que tudo está valendo outra vez.
Basta ver as coincidências impressionantes entre as capas dos concorrentes Diário de Pernambuco (Recife, PE) e Jornal do Commercio (Recife, PE) e ainda de A Tribuna (Vitória, ES) e Notícia Agora (Vitória, ES).
Na dúvida, convém prestar atenção aos "traíras".

terça-feira, 9 de março de 2010

Caras e bocas


O Die Presse (Viena, Áustria) sabe chamar a atenção.

Dia atípico, capa atípica


Nevou como nunca em Barcelona ontem.

As Ramblas branquearam.

O metrô parou. O aeroporto fechou. A cidade parou.

Em um dia de exceção, uma capa diferente, monotemática, para La Vanguardia (Barcelona, Espanha).

Investigação e confirmação

O bom jornalismo está por todos os lados - lamentavelmente, aparece pouco nos jornais brasileiros.
O The Sydney Morning Herald (Sydney, Austrália) fez uma devassa nas prestações de contas dos militares e descobriu um buraco negro. O resultado dessa exclusiva está também no site, com a lista dos 750 mil contratos que a Defesa austraiana fez desde 1997. Um escândalo.
Enquanto isso o The Bakersfield Californian (Bakersfield, CA) escancara a opção do senador Roy Ashburn, representante da região na Câmara Alta.

O governador deve ter adorado


Não bastou uma foto ruim, de políticos, na capa do Correio de Uberlândia (Uberlândia, MG).

O jornal da cidade publicou duas fotos juntas do governador Aécio Neves, cortando fita e discursando.

Aécio deve ter adorado.

Os leitores devem ter odiado.

É o tipo de imagem que não interessa a ninguém.

Só ao governador, sua família e ao assessor de imprensa do governo mineiro.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Para perder as mulheres leitoras

Se hoje as edições são especiais para as mulheres, significa que nos demais 364 dias do ano são feitas para homens?
Nada mais ultrajante que falar em "Só para elas", como A Notícia (Joinville, SC), cavovar uma manchete sem nexo, como na Folha de Londrina (Londrina, PR) ou, ainda pior, falar em homenagem para "elas", como no Notícias do Dia (Joinville, SC).
Ou se constrói edições inteligentes, ou melhor esquecer o Dia da Mulher.

Em Minas, outra vez a agenda oficial

De novo as manchetes de O Tempo (Belo Horizonte, MG) e de Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG) seguiram o release e a agenda oficial.
Preguiça e falta de planejamento para ter uma manchete forte e diferente.

O Iraque, como NÃO se deve


Está cada vez mais claro o motivo principal da queda de vendas de O Estado de S. Paulo (SP).

A desconexão com o leitor chega tão longe que a manchete vai para um fato esperado e desinteressante (violência nas eleições do longínquo Iraque), acompanhado de uma foto sem expressão.

A sorte do Estadão é ter uma edição com mais de 90% de assinantes, não é preciso vender em bancas.

Na reforma anunciada para o próximo domingo tomara que o Estadão venha com outra estratégia editorial, mais do que uma reforma gráfica.

O Iraque, como se deve

Nada simboliza tanto as eleições no Iraque do que o dedo pintado dos eleitores.
Mas é preciso ter sensibilidade, como o The Times (Londres, UK) e o El País (Madri, Espanha) para chamar a atenção ao fato.

A exceção virou regra em A Gazeta


Na quarta-feira a manchete de A Gazeta (Vitória, ES) estava em seis linhas.

Houve quem dissesse ao Mídia Mundo que tratava-se de uma exceção, que o normal não era ter manchetes que mais parecem um tijolo colocado em pé.

Hoje o jornal capixaba repete a dose.

Virou regra.

Esperar ou não o Oscar?

Alguns jornais brasileiros fizeram plantão na madrugada de domingo para segunda-feira para publicar o resultado do Oscar.
A Tarde (Salvador, BA), por exemplo.
Mas o anúncio de melhor filme ocorreu às 02h30min, horário em que habitualmente os jornais brasileiros estão na rotativa, com pelo menos meia edição rodada.
Não se pode ir contra a atualização das notícias, é claro. O leitor agradece quando a informação está no jornal.
Mas em tempos de Internet e SMS, sem qualquer brasileiro concorrendo à estatueta mais cobiçada do cinema, talvez seja mais adequado levar o leitor aos meios digitais, como fez o Atlanta Journal-Constitution (Atlanta, GA).
Os atrasos de rodagem provocam atrasos de distribuição também.
Pior que um jornal sem Oscar é um leitor sem jornal.

domingo, 7 de março de 2010

Dois furos. Duas pauladas no governo Lula


Por essa o presidente Lula não esperava.
No mesmo domingo as manchetes de Folha de S. Paulo (SP) e de O Estado de S. Paulo (SP) são golpes de taco de beisebol no seu governo, já tonto com o soco forte da capa de Veja (SP) no sábado.
Agora é esperar pelas suítes.
Isso é jornalismo.

Boa pauta, sem receio


Está no News & Record (Greensboro, NC).

Como uma empresa como o Google pode fazer sua cidade trabalhar melhor?

Uma ótima pauta, atual, sem temer a bronca do departamento comercial, que alegará que trata-se de propaganda grátis.

Isso é jornalismo, conexão com os jovens, ligação direta com o Século XXI.

Faltou a força da imagem


Se a matéria é sobre a sujeira urbana dos fios cruzados e desorganizados, como o Diário do Nordeste (Fortaleza, CE) nao rasgou a foto de capa?

A foto em seis colunas traduziria tudo o que as linhas de textos querem dizer - e não disseram.

Em três colunas a foto morreu.

A matéria, assim, não existe.

Jornalismo de primeira qualidade


O jornal El Mundo (Madri, Espanha) conta hoje uma história de pura reprtagem.

Veselin Vlahovic, assassino sanguinario da guerra da Bósnia, mais de 100 crimes no currículo, vivia tranquilamente em uma pacata cidade espanhola.

Foi descoberto.

A reação dos vizinhos, dos amigos, do povo de Altea.

E um título que é um achado: "Os 100 assassinatos do vizinho ao lado".

Genial.

A mesma pesquisa, a mesma manchete


Apareceu nas redações mineiras uma pesquisa sobre o comportamento das mulheres na hora das compras.
Amanhã é dia internacional da mulher.
Bingo, dois jornais foram pautados pela pesquisa.
O Tempo (Belo Horizonte, MG) e Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG) saíram às bancas hoje rigorosamente iguais.
A mesma pesquisa, a mesma chamada.
Na época do piloto-automático, da preguiça das redações, isso acontece.