Imprima essa Página Mídia Mundo: 2010-05-23

sábado, 29 de maio de 2010

A bola e a bola da Folha


Corra os olhos para o meio da capa, onde a palavra BOLA aparece em destaque.

Esse quadro na Folha de S. Paulo (SP) revela toda a inteligência editorial do jornal.

Há uma relação entre a Folhinha e o Esporte, ou seja, o conjunto editorial dos produtos da Folha.

Ótima sacada. Pena uma manchete tão ultrapassada como essa.

Pela foto e pela pauta

Duas grandes matérias que merecem atenção:
O National Post (Toronto, Canadá) levanta a história de Kandahar City, fortaleza talibã. Só a foto já valeria a matéria.
Já o The Denver Post (Denver, CO) - que aos sábados até muda de nome - traz uma matéria de comportamento local, os viciados em pinball. Os jogos eletrônicos dos anos 70 voltaram com tudo.

As capas gráficas de sábado

Elegante, clara e ótima para um sábado. Essa é a primeira página do De Standaard (Bruxelas, Bélgica).
Informativa, chamativa e provocativa. Essa é a capa do The Anniston Star (Anniston, AL).

Os 100 anos de uma grande cidade

Caxias do Sul é uma das maiores e mais importantes cidades da Região Sul. Pólo industrial de qualidade, ainda exibe um marcante acento italiano. Hoje, a cidade comemora 100 anos.
O centenário não é uma data qualquer. Merece festa.
Curiosamente os dois jornais da cidade apostaram na mesma estratégia. O diário Pioneiro (Caxias do Sul, RS) encontrou uma maravihosa foto da chegada do trem em 1910. Já o semanário O Caxiense (Caxias do Sul, RS) mostrou a evolução de um dos pontos típicos da cidade, com a previsível chamada Caxias 100 anos.
Os dois cumpriram a missão de comemorar o centenário, mesmo sem o algo a mais que eleva um jornal da categoria de útil para a de necessário.
O Pioneiro quase chegou lá. A escolha de produzir a capa em preto e branco foi acertadíssima. Chama a atenção do leitor imediatamente. Talvez a manchete tenha deixado um pouco a desejar. A Caxias de 1910 pode ser um subtítulo, não a chamada principal. Bastava encontrar uma expressão da época, até mesmo no dialeto ítalo-gaúcho, e publicá-la com a graphia da época, que a capa seria guardada como um presente a todos os caxienses.
Parabéns a Caxias do Sul.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

No dia seguinte o impacto é menor


Ontem o Diário Catarinense (Florianópolis, SC) publicou uma maravilhosa capa, com a foto do mar destruindo uma casa na Praia da Armação.

Brilhante.

Hoje o concorrente Notícias do Dia (Florianópolis, SC) traz a mesma casa - evidentemente em estado maior de destruição - até que, na sequência, é derrubada pelo mar.

Uma boa ideia, sim, mas com 24 horas de atraso.

Depois da capa definitiva do DC, a primeira página do ND de hoje ficou sem graça.

Havaianas em pés yankees


Olha aí um dos principais produtos de exportação do Brasil, depois dos livros de Paulo Coelho.

Não são as legítimas, mas estão na capa do Daily Press (Hampton Roads, VA).

É tudo verde ou amarelo

O clima da Copa do Mundo começa a contagiar a imprensa brasileira.
Na TV a publicidade já é toda sobre o Mundial.
Com a chegada da Seleção à África do Sul os jornais começam a dar mais espaço ao futebol e menos à política.
Mas nem tudo é consenso na imprensa brasileira.
Em O Estado de S. Paulo (SP) a grama por onde os jogadores brasileiros correm é verde. Já na Folha de S. Paulo (SP) é amarela. Questão de regulagem da câmera do fotógrafo e de acerto de tratamento de imagem nos jornais.
Pelo menos são as cores do Brasil.
Mas há unanimidades - infelizes - entre os jornalões. Por exemplo, na manchete. Hillary e Hillary. Aí não tem verde ao amarelo. É tudo igual.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A foto que resolveu a capa

O fato: um delegado foi assassinado enquanto dava uma entrevista para uma rádio baiana (ouça o áudio via Globo.com).
O crime chocou a Bahia e o Brasil e já à noite dois suspeitos foram presos.
Como trabalhar essa barbárie nos jornais de hoje?
Correio* (Salvador, BA) e Tribuna da Bahia (Salvador, BA) foram na mesma linha, repetindo o apelo dramático da viúva ao ver o delegado baleado. A Tarde (Salvador, BA) preferiu a pós-notícia, mancheteando a prisão dos suspeitos.
Quem foi melhor?
A consequência é, via de regra, melhor que o fato para os jornais do dia seguinte. Mas em um caso como esse, o impacto do crime é tamanho que uma edição de revista - bem resolvida - é a melhor solução. A prisão, como A Tarde publica, passa a ser um fato menor diante do crime.
Entre o Correio* e a Tribuna há uma diferença fundamental: a qualidade e a sutileza da imagem do repórter-fotográfico Almiro Lopes, que clicou os pés da vítima, é digna de prêmio.
Na soma o Correio* foi melhor.

A pacata cidade dos titãs


Lorain, Ohaio, é uma cidade tão tranquila que poucas vezes seus quase 70 mil habitantes se surpreendem com algo fora das normas.

Por isso o diário The Morning Journal (Lorain, OH) resolveu dar capa monotemática ao novo mascote da sua High School, orgulho local.

O titã com o escudo exibindo o "L" da cidade, escolhido ontem como novo símbolo da escola, ganhou a capa.

Mais uma capa gráfica de qualidade


De novo o The Globe and Mail (Toronto, Canadá) apresenta uma capa gráfica sensacional.

Infográfico simples e direto.

Perfeito e de bom gosto.

Confiança da Austrália na Copa: nenhuma


A Áustrália foi a primeira seleção a desembarcar na Áfica do Sul, ontem, um dia antes do Brasil.

A edição de hoje do principal jornal australiano, The Sydney Morning Herald (Sydney, Austrália), revela a importância do fato e do Mundial para o país dos cangurus.

Na capa o único esporte que aparece é o rugbi.

Nem uma só linha para a Copa da África.

Pelo jeito a seleção australiana vai só fazer turismo no Mundial. Nem a imprensa local confia em algo a mais.

A grande foto do dia


É de autoria do repórter-fotográfico Guto Kuerten e está na capa do Diário Catarinense (Florianópolis, SC).

Essa foto é tão viva, que parece ter movimento. Dá para sentir a angústia dos moradores da casa.

Poderia ser publicada em qualquer jornal do mundo.

Nota 10 para Kuerten e também pera o jornal, que não poupou espaço em sua página mais nobre.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A boa edição faz toda a diferença

O evento era rigorosamente o mesmo. A informação - pública - também.
Mas a edição é o grande diferencial entre o Diário de Pernambuco (Recife, PE) e O Popular (Goiânia, GO).
O jornal pernambucano pinçou o que há de melhor em cada um dos candidatos, enquanto o goiano preferiu encontrar uma manchete única para o evento, no mais tradicional estilo de jornalismo.
Acertou o Diário de Pernambuco.

Um jornal muito louco


Os holandeses são diferentes, desencanados, vivem de bem com a vida.

Mas a capa do Het Parool (Amsterdã, Holanda) com o strip-tease organizado pelo Greenpeace é de chamar a atenção.

Longa vida aos jornais holandeses e seu humor de dar inveja.

Repetição deixa de surpreender

O Diário da Borborema (Campina Grande, PB) fez ontem uma de suas melhores edições do ano, com uma capa chamativa, abusando do grafismo sem utilizar imagens.
A ideia surpreendeu. Deu certo.
Talvez ainda afetada pelo sucesso, a direção decidiu repetir a fórmula hoje (capa da direita). Só que o Diário esqueceu que a repetição da surpresa deixa de ser surpresa, passa a ser fato conhecido, como uma notícia velha.
Todo o impacto de ontem desapareceu. Parece a mesma capa.
Errou feio o jornal paraibano.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Show, don't tell ao extremo


Só poderia vir do The Independent (Londres, UK), o mais irreverente e visual diário do Reino Unido.

A capa da edição de hoje é simplesmente fantástica.

A dívida, os cortes, o que vem por aí.

Tudo em um olhar.

Nada de textos longos, nada de fotos que só ocupam espaço em vez de informar.

Dica do colega Chiqui Esteban

Bons jornais têm boas ideias

As grandes ideias não aparecem do nada. É preciso ter um time qualificado para que elas surjam.
The Guardian (Londres, UK) vem hoje com um perfeito humor britânico, ao mostrar uma estação de Metrô e "apresentá-la" aos ministros. É a consequência da decisão do novo premier David Cameron, que anunciou corte nas mordomias - como o carro - para seu gabinete.
Já o USA Today (McLean, VA), jornal de maior circulação dos Estados Unidos, joga suas fichas no Twitter, avaliando a mudança de perfil de uma das ferramentas mais usadas da Internet.
Quem investe em inteligência editorial colhe grandes ideias. Isso é o que faz um jornal ter qualidade.

Foto tapando o logo é, sim, permitido


Os donos de jornais odeiam quando a redação decide cobrir o logo. Dizem que o logo é sagrado, que nada pode ser maior e mais visível.

Grande bobagem.

Por acaso algum leitor habitual não entendeu que a capa ao lado trata-se do The Virginian-Pilot (Norfolk, VA)?

A licença gráfica, mesmo sobre o logo, pode acontecer, sempre que for por algum bom motivo.

Já é tempo de ser moderno.

Aposta certeira no grafismo

Não há foto no mundo que transmita melhor as informações que o Diário de Pernambuco (Recife, PE) e o Diário da Borborema (Campina Grande, PB) querem dar.
Por isso foi acertadíssima a decisão de publicar capas gráficas, onde o talento do editor de arte garante a clareza das ideias.
Ponto - com louvor - para os dois diários nordestinos.

O moderno e o antigo

A reabertura do Teatro Colón, um orgulho de Buenos Aires, revelou as faces editoriais dos principais jornais do país hermano.
O Clarín (Buenos Aires, Argentina), moderno, destacou a reabertura, com uma foto aérea e ainda cutucou a presidente Cristina Kirchner, que não se fez presente.
Já o La Nación (Buenos Aires, Argentina), tradicional, chamou para os 200 anos (isso é novidade?) e, de graça, publicou uma foto da presidente Kirchner ao lado do selo comemorativo.
Também na Argentina há jornais que esqueceram de entrar no Terceiro Milênio.

10 de julho, um ano de Mídia Mundo

São mais de 1500 posts e 2000 capas de jornais e revistas. São quase 50 vídeos e otras 50 reproduções de websites.
Mídia Mundo nasceu em 10 de julho de 2009 e jamais ficou um só dia sem ser atualizado.
Agora o blog vai virar evento. Para comemorar um ano de busca do que há de melhor no jornalismo mundial, Mídia Mundo vai visitar empresas de comunicação e universidades, em seminários in-house para redescobrir a criatividade guardada e escondida dentro de cada redação.
Entre em contato: tessler@midiamundo.com
Nos vemos em breve!

Eduardo Tessler
Editor

A foto da Folha é a melhor

Em dia de foto obrigatória, vence a batalha quem souber ser mais criativo.
Todos os jornais de São Paulo quiseram registrar o início das operações da Linha Amarela do Metrô, fundamental para desafogar o tráfego.
Sem público - a abertura aconteceu hoje - e sem um infográfico matador e definitivo - que seria a aposta mais acertada hoje - os jornais foram pela foto do interior, do desconhecido.
No desejo de criar algo diferente quando se vê apenas trilhos e vagões, a Folha de S. Paulo (SP) saiu-se melhor. A imagem de Moacyr Lopes Junior revela as diagonais do metrô, linhas infinitas que compõem uma imagem. Verdade que a foto da atriz Francine Missaka, clicada por Rodrigo Capote logo abaixo, rouba a capa, mas isso é outra história.
A foto de O Estado de S. Paulo (SP) é curiosa, o túnel rumo ao desconhecido das catracas, mas não revela impacto. Já as imagens do Diário de S. Paulo (SP) e do Jornal da Tarde (SP) são mais comportadas (aliás, o que fazem os vigilante posando na capa do JT?) e passam sem chamar a atenção.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um infográfico que não deixa dúvidas


O Smart Meter é um aparelho que ajudar o homem moderno a entender e controlar sua vida.

Mede desde a temperatura da casa até as contas de consumo.

É tão interessante que mereceu capa do Contra Costa Times (Walnut Creek, CA).

E o infográfico, mesmo não sendo de muito requinte, é bastante esclarecedor. Ou seja, cumpre sua missão.

O novo site do Correio*


Demorou, mas enfim está no ar o novo site do Correio* (Salvador, BA).

O relançamento do jornal aconteceu em agosto de 2008 e desde então se esperava um site à altura do produto em papel.

O novo site está bem construído, com desenho moderno, e tem tudo para fazer sucesso.

Depois do fato, o porquê


Acertou em cheio o Correio Braziliense (Brasília, DF).

O naufrágio de um barco no Lago Paranoá aconteceu no sábado, com a morte de duas irmãs.

Hoje é segunda-feira. O fato é antigo. É preciso explicar, explicar, explicar.

A pergunta que todos querem conhecer a resposta é "como é possível?"

A capa do CB, turbinada pela fantástica foto do pai das irmãs, é perfeita.

domingo, 23 de maio de 2010

Boa pauta no Ceará


O jornal O Povo (Fortaleza, CE) encontrou uma excelente pauta para o seu domingo: a inquisição no Ceará.

Boa edição, boa matéria.

Excelente para um domingo.

Projeto gráfico, urgente


É bom o jornal O Liberal (Belém, PA) acelerar o passo para lançar um novo projeto gráfico.

A quantidade de cores que a capa deste domingo está apresentando parece um pássaro da Amazônia.

É preciso ser mais elegante, limitar a paleta de cores e pensar no leitor.

Duas grandes ideias made in USA

A grande aposta do San Jose Mercury News (San Jose, CA) é sobre a amizade. A grande sacada é a ilustração, adaptada da capa do album Sargent Peppers, dos Beatles. Excelente.
Já o The Tampa Tribune (Tampa, FL) acerta em cheio quando fala que antes as crianças carregavam livros para ler histórias. Hoje basta um iPad.

E deu Inter


Para deleite de La Gazzetta dello Sport (Milão, Itália) e dos italianos.

O veneno e a vacina. E jornais do passado

A Folha de S. Paulo (SP) chegou às bancas hoje com novo projeto gráfico e algumas mexidas editoriais.
A julgar pela capa, em que a manchete ganhou peso em bold assemelhando-se ao logo, a mudança é do tipo "mais do mesmo".
O concorrente O Estado de S. Paulo (SP), que também lançou novo projeto gráfico neste ano, preparou-se para este dia e apresentou hoje novo caderno de classificados, bem como uma edição caprichada com várias "iscas" de compra, como o material sobre iPad e um especial no México.
É o veneno da Folha e a vacina do Estadão. Isso é normal em ambientes de concorrência.
O problema é que nem Estadão, nem Folha, mexeram no principal: o conteúdo do jornal.
Quem tem tempo para ler mais de 100 páginas em um domingo?
Para que serve um quilo de papel de jornal no fim de semana? Certamente não para leitura.
Vender 300 mil exemplares em uma cidade como São Paulo - quase 20 milhões de pessoas - não é nada espetacular. Significa que há um enorme espaço aberto de potenciais leitores que não gostam destes jornais.
Mudaram a embalagem, mas o conteúdo segue enferrujado, velho, desnecessário. Folha e Estadão não conseguem se desvincular do DNA tradicional, nem com os apelos da atriz Fernanda Torres na propaganda, que fala em jornal do futuro.
Folha e Estadão são, mais do que nunca, jornais do passado.