Imprima essa Página Mídia Mundo: 2012-10-14

sábado, 20 de outubro de 2012

Cinco lições de quem conhece

Não chame o espanhol Juan Antonio Giner de professor. Apesar de passar a vida ensinando, sua carreira acadêmica foi meteórica. Giner é jornalista puro-sangue, que gosta cada dia mais do que faz. Hoje é presidente da Innovation Media Consulting Group, vive em redações do mundo inteiro, provoca os melhores executivos de mídia do planeta e costuma exibir seu talento em concorridas palestras - verdadeiros shows.


Na entrevista publicada hoje pelo site La Información (Madri, Espanha) Giner - com sua acidez peculiar - se posiciona sobre muitos dos males do jornalismo contemporâneo e ensaia algumas soluções.

Cinco lições que ficam da entrevista:

1. "A melhor estratégia (para as empresas de comunicação) é investir em talento jornalístico. Não se faz chocolate sem cacau".

2. "Os jornalistas estão sofrendo mais do que o razoável em muitas empresas governadas e geridas por autênticos incompetentes".

3. "Só conseguirão trabalho os (jornalistas) melhor preparados, que tenham a cabeça melhor mobiliada, dominem as novas narrativas multimídia, não sejam monoglotas e, sobretudo, estejam dispostos a comer o mundo. É uma profissão para gente apaixonada".

4. "Há jornais escandalosos que vendem milhões de exemplares e sites sem nenhuma credibilidade que acumulam muitíssimo tráfico, mas isso é confundir quantidade com qualidade. Tudo isso não é jornalismo. (...) Me preocupa que jornalistas pensem que isso é jornalismo, quando se trata de lixo ou pornomiséria".

5. "Eu só creio em jornalismo profissional. Prefiro os médicos profissionais que os curandeiros".

Vale a pena ler na íntegra (em espanhol).

PS: Tenho o prazer de trabalhar com Juan Antonio Giner desde o ano 2000. Dirijo a Innovation no Brasil e trabalho como consultor internacional da empresa em projetos pelo mundo, onde - invariavelmente - cruzo com o bom humor inteligente de Giner.

As melhores fotos de sábado


Dois exemplos de como tratar temas duríssimos com alguma poesia.

As fotos de Olga Leiria na capa da Folha de Londrina (Londrina, PR) e de F. L. Piton em A Cidade (Ribeirão Preto, SP).

A imagem precisa inquietar, emocionar e fazer pensar.

Bravo!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Um protesto necessário


Um jornal serve para traduzir sentimentos dos leitores. Deve defender a comunidade, levantar bandeiras pelo bem da cidade.

A capa de A Tribuna (Vitória, ES) é um exemplo bem acabado de como de posicionar defendendo os direitos do cidadão.

Simples, fácil, emocionante.

Parabéns à coragem editorial de A Tribuna.

Ataque de provincianismo


O jornal A Tarde (Salvador, BA) completou 100 anos, mas parece que ainda não conseguiu se livrar do espírito de província.

Com a fantástica foto de Marco Aurélio Martins nas mãos - o ônibus pendurado no abismo - A Tarde destaca uma homenagem da Assembleia Legislativa ao aniversário do jornal na metade superior da capa.

Como se algum leitor estivesse interessado nisso.

Como?



O departamento de psicologia do Diário de S. Paulo (SP) já diagnosticou: Fernando de Gouveia é esquizofrênico.

Não é preciso avaliação da Polícia ou da Justiça. O popular paulistano já cravou isso em manchete.

A imprensa já viveu dias melhores.

Ah, tá!


Ufa, que bom que o Diário do Pará (Belém, PA) avisou: pistoleiros executam a tiros.

Já pensou se o pistoleiro executasse a machadadas? Facadas? Estrangulamento?

Francamente...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Inquieta, emociona e faz pensar


A capa de A Cidade (Ribeirão Preto, SP) de hoje reúne tudo aquilo que se espera de uma primeira página.

A foto de Matheus Urenha é excelente. A manchete, então, perfeita. Não é preciso explicar nada.

A criatividade do novo editor-executivo do jornal, Thiago Roque, deu um sabor especial ao ótimo trabalho que A Cidade já vem praticando, sob o comando de Josué Suzuki.

É, possivelmente, o melhor jornalismo do interior de São Paulo na atualidade.

As muitas visões de uma pesquisa


Em Goiás os jornais se deleitaram com os dados do IBGE.

O Popular (Goiânia, GO) desenhou a família típica, que aparece no levantamento. A ideia foi ótima, a execução nem tanto. Quando se opta por um quadro como o da capa não é preciso repetir em cada personagem tudo o que já foi dito no anterior. É redundância.

O Hoje (Goiânia, GO) foi atrás de um personagem que justificasse a afirmação que as mulheres é que mandam nas casas.

Uma pesquisa sempre permite inúmeras interpretações.

Manchete errada é um tiro no pé


O Jornal da Paraíba (João Pessoa, PB) comete um daqueles equívocos típicos do "eu queria dizer que...". Mas não disse.

Sem dúvidas o levantamento do IBGE não diz que 55,9% dos casais optam por morar juntos. Provavelmente 99,9% dos casais optam por morar juntos. Assinando papeis ou não.

Morar separado é que é diferente. Se os 44,1% restantes dos casais optassem por morar em casas separadas seria um recorde. Um manchetaço. Uma matéria para o The New York Times (Nova York, NY).

Erro grosseiro do JP.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dia da irrelevância


O que acontece com um dos principais jornais brasileiros?

Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) quis repercutir o tema das cotas para ingresso nas universidades e entrevistou alunos da rede pública - os beneficiados pela lei.

Adivinhe o que eles disseram?

Se são os favorecidos pela nova normativa, que outra resposta apareceria se não a óbvia aprovação? Esse jornalismo é irrelevante e não agrega valor. É o mesmo que perguntar a um cidadão o que ele acha do aumento de impostos. Pergunta irrelevante, resposta cretina.

O jornalismo, principalmente mídia impressa, serve para ir além da informação, trazendo informações relevantes. Se é para dizer o que todo o mundo já sabe, melhor nem sair da rotativa. 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O mesmo fato, duas visões bem diferentes


Impressionante a diferença de contextualização e posicionamento entre os dois jornalões paulistanos no caso do Mensalão.

A Folha de S. Paulo (SP) dá um jeito de incluir o ex-presidente na manchete. O Estado de S. Paulo (SP) limita-se aos fatos do dia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O centenário merecia algo mais


A frase está na linha fina de A Tarde (Salvador, BA), que hoje completa 100 anos: "São poucos os títulos no Brasil com tal longevidade". Uma verdade absoluta.

O centenário de um jornal é algo para ser bem comemorado. É um atestado de competência, 36.500 fechamentos! Em meio a um Brasil que virou de lado algumas vezes - e a imprensa sempre leva a pior.

Pois a edição comemorativa de A Tarde de hoje ficou devendo. Se houve uma pesquisa com leitores sobre a manchete dos sonhos, por que não publicá-la em um dia especial como hoje? Ou será que o fim do analfabetismo não é melhor que a proibição da venda de acarajé?

A história de José Aureliano Barbosa, 100 anos como o jornal, é sensacional. Já a foto do onipresente Carlinhos Brown na capa não faz muito sentido.

Hoje era dia de A Tarde ter repetido o grafismo da histórica capa da primeira edição (à direita, em baixa definição), mas com assuntos de 2012. Seria um arraso.

Mas ganhou o acarajé de Aldo Rabelo.

O centenário de A Tarde merecia muito mais.

Quem é Xi Jinping?


Se ninguém conhece o novo presidente da China, a revista mais influente do planeta explica.

É fundamental apresentar ao leitor da Time (Nova York, NY) quem é Xi Jinping.

E avisar a todos, com uma capa que fala por si, o que vem dentro da revista.

Para cobrar a promessa


A Rota do Sol é a estrada que une a Serra gaúcha com o Litoral. Um caminho muito bonito, mas que costuma ser esquecido pelos órgãos de manutenção viária.

O Pioneiro (Caxias do Sul, RS) está sempre de olho nas condições da estrada, mais ainda agora, às vésperas do veraneio, quando milhares de habitantes de Caxias e região pretendem utilizar a rodovia.

Por isso é excelente a iniciativa do jornal de pontilhar a afirmação do governador, que promete recuperar a Rota até o verão.

Um jornal precisa cobrar sempre dos governantes.

E se a estrada não estiver OK até o Natal, será necessário lembrar e relembrar dessa promessa não cumprida.