Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-11-29

sábado, 5 de dezembro de 2009

Só o JT foi mais além no sorteio da Copa


Grupo da morte? Bobagem.
Estreia contra a Coreia do Norte? É velho.
Jogo contra Portugal na primeira fase? O leitor já sabe.
De toda grande imprensa brasileira, só o Jornal da Tarde (SP) avançou um pouquinho nesse tema. Com uma pitada de imaginação e futurologia, desenhou o caminho do Brasil até o hexa. Adversário a adversário.
Para isso serve um jornal.
O resto é repetição de informações antigas.

E O Sul perdeu o norte


Sorteio da copa, chuvas, política, economia, decisão do Brasileirão.
Nada seduz o jornal O Sul (Porto Alegre, RS) que rasga na capa uma reunião de governo...do Nepal.
É curioso, é verdade, mas a relevância do fato para os leitores do jornal gaúcho é igual a zero.
Impressionante a falta de sintoinia.
Pelo menos não foi outra pose infeliz da governadora Yeda.

A Razão perdeu a razão

O jornal A Razão (Santa Maria, RS) precisa olhar um pouco mais para seu próprio arquivo, recuperar a memória editorial.
Segunda-feira falou que o título do Brasileirão dependia "dos pés" do Grêmio.
Hoje, sem nada melhor, repete: "Nos pés do Grêmio".
Fica difícil de entender tamanha falta de imaginação.

Para que serve um jornal?

A Innovation Media Consulting costuma dizer que o dever ético número 1 de um jornal é ganhar dinheiro. Ganhar com a atividade jornal, é claro. Só o sucesso financeiro de um jornal garante sua independência e sua qualidade.
Isso vale para qualquer empresa jornalística. Mas não vale para jornais cujo objetivo é divulgar feitos em uma sociedade sem acesso à informação.
O Granma (Havana, Cuba), por exemplo.
Do ponto de vista puramente jornalístico, o jornal é um caos. Notícias apenas do presidente e suas visitas, dicromia (preto e vermelho), desenho antiquado, repetição de palavras, títulos muito condensados prejudicando a leitura. Tudo errado.
Mas o Granma serve para isso mesmo. Comunicar aos cubanos os feitos do governo e do Partido Comunista. Em regimes absolutistas, isso ainda existe.


A

O

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A chuvarada e os paulistas

Com tanto aguaceiro em São Paulo, é impossível não falar disso nos jornais paulistanos.
O desafio é como falar de mortes, engarrafamentos, transtornos, problemas da cidade.
Além da cobertura é preciso ter a imagem certa. Não uma foto, mas a foto.
O Estado de S. Paulo (SP) tem a foto. A imagem captada por Ernersto Rodrigues na Rua Pompéia é o drama que todo paulistano viveu ontem. Fazer acrobacias para se molhar menos. Só que o Estadão foi quem menos valorizou a imagem. Não mexeu no template de capa e a imagem acaba injustamente disputando atenção com as pernas de Cláudia Raia.
O Diário de S. Paulo (SP) viveu situação oposta: não tinha uma grande foto - os ônibus não impressionam como as pessoas como personagens - mas rasgou como nunca. Merecia uma imagem melhor, que chocasse no primeiro olhar.
Já a Folha de S. Paulo (SP) foi quem melhor resolveu a capa de chuvas. A foto de Flávio Florido é boa, principalmente pela cor da roupa e pela saia levantada pela senhora encharcada. E a edição é ótima, com o destaque que merece o fato e a imagem.
O desafio da Folha hoje é encontrar essa senhora e fazer o seu perfil. Essa seria a grande história do dia.

Jornais que ajudam o leitor

Quando o escândalo do roubo das provas do Enem veio à tona, foram páginas e páginas de todos os jornais brasileiros.
O tempo passou. Amanhã, finalmente, é a prova.
A grande maioria dos jornais brasileiros, porém, esqueceu a agenda.
Ótimo trabalho fizeram o Diário de Pernambuco (Recife, PE) e o Jornal NH (Novo Hamburgo, RS), que prepararam um material de auxílio de última hora aos estudantes.
Dicas. É tudo o que se faz necessário agora.

Como ter bom gosto em temas pesados


Não é preciso mostrar mais que um pé de um chinelo de dedos para contar a história do menino atropelado na beira da estrada.

A sutileza da imagem do foto-repórter Cléber Gomes é incrível.

Parabéns à equipe de A Notícia (Joinville, SC) pela capa dramática de hoje que inquieta, emociona e faz pensar.

O infográfico que cumpre seu papel


A infografia funciona quando ela substitui palavras e imagens e conta uma ideia completa.

A infografia de capa do Kurier (Viena, Áustria) consegue contar ao leitor, em um só olhar, o posicionamento dos países em relação à conferência sobre o clima.

Simples e inteligente.

A imprecisão dos mineiros

A imprensa mineira precisa checar melhor seus dados. Ou o leitor enlouquece.
Ontem fora presos alguns policiais envolvidos com jogos.
Alguns?
Sim, alguns, pois lendo os jornais de Belo Horizonte (MG) não é possível saber quando são.
O Estado de Minas diz que são 15 pessoas, entre as quais 9 policiais e mais 1 militar.
O Tempo fala em 10 policiais, sendo 8 da Civil e 2 PMs, mesmo cálculo do Super Notícia.
Já o Hoje em Dia crava 9 policiais, sendo 7 civis e 2 militares.
Assim fica difícil saber ao certo.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

No ar, Times Skimmer


Há algo novo na websfera jornalística.

O Times Skimmer, nova maneira de receber o conteúdo online do The New York Times, é diferente de tudo o que existe hoje. A lógica de navegação é outra. Mais moderna.

Parece feita sob medida para a geração iPhone.

Facebook também é notícia


O San Jose Mercury News (San Jose, CA) é um jornal que gosta de inovar, talvez influenciado pelo ambiente do Vale do Silício.

Hoje publica uma excelente reportagem sobre as novas manias de games no Facebook, a maior rede social da Internet.

Exagero? Que nada. Só no Farm Ville, o jogo líder do Facebook, são quase 70 milhões de pessoas jogando por mês!

Essas são as pautas que mais interessam o leitor hoje. E são tão raras na imprensa brasileira.

Festa e coincidência no Equador

A Liga Desportiva Universitária (LDU) levou 3 a 0 do Fluminense ontem, mas mesmo assim ganhou a Copa Sulamericana.
Festa no Equador.
Curiosamente, a mesma manchete em dois jornais: Liga, Rei de Copas.

Os dois grandes, frente a frente

Poucas vezes se viu isso.
The New York Times (Nova York, NY) e The Washington Post (Washington, DC) com a mesma imagem na capa, mas com ângulos invertidos.
O rosto de Hillary Clinton - e seu staff - explicando o reforço nas tropas do Afeganistão pode agora ser visto pelos dois lados.
Os dois jornais mais influentes na política americana hoje estão se complementando.

Quem não respeita a imagem perde a ideia

Aconteceu na capa de A Razão (Santa Maria, RS).
A imagem principal de capa é de alto valor informativo, o agricultor tentando salvar o que resta de seu terreno, jogando água para fora em vão.
Quem é esse homem? Qual sua história? Para que faz isso? O que aconteceu depois?
Nada disso está em A Razão. Pior, a foto está poluída por duas pequenas imagens de outros locais da região de Santa Maria, em uma clara tentativa de "não deixar nada de fora". Não se respeitou a foto.
A decisão do jornal gaúcho acabou prejudicando quem quer ver a imagem principal, pois o olhar corre às imagens pequenas, e ainda impedindo uma visualização das demais imagens, de tão pequenas que são.
Errou feio A Razão.
Já o concorrente Diário de Santa Maria (Santa Maria, RS) não inventou. Com a foto da ponte caída, apostou firme nessa imagem. Faltou contar a história dos meninos que ainda brincam na ponte caída, é verdade, mas pelo menos saiu-se bem melhor que A Razão.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A imagem que conta tudo


Não é fácil explicar o que acontece no universo do futebol do Rio Grande do Sul. O Inter torce para o Grêmio domingo, mas o Grêmio prefere perder para o Flamengo para não ver o título ficar com o rival.

Um caos, uma novela mexicana, um conto de Cortázar.

Todas as linhas escritas até agora não conseguem traduzir tão bem o espírito do absurdo como a foto que aparece em Zero Hora (Porto Alegre, RS) hoje, do foto-repórter Diego Vara.

O rosto triste e desesperançoso da colorada Débora em meio à torcida gremista é o resumo perfeito da semana em Porto Alegre.

Perfeito!

O info confuso do Globe


O The Globe and Mail (Toronto, Canadá) costuma ser claro e objetivo.

Hoje explica a decisão de Barack Obama em enviar mais 30 mil soldados americanos ao Afeganistão com um infográfico, bem ao estilo do que normalmente publica.

Só que o Globe errou. Na adição dos 30 mil ao grupo atual, tudo certo. Mas ao querer comparar o efetivo com numerosos grupos de soldados em outros fronts, o info acaba por informar mal e confundir.

A coluna da direita, na comparação dos efetivos no Afeganistão, na Guerra do Golfo e no Iraque, não tem relação com as cinco colunas da esquerda. Toda informação da esquerda se transforma em 10 soldadinhos no alto da direita.

Quando um infográfico precisa de explicação, ele não funciona.

Errou o Globe.

Correio Braziliense muda o foco para proteger Arruda


O Correio Braziliense (Brasília, DF) abriu seu voto: que José Roberto Arruda reeleito para o governo do Distrito Federal.

Arruda é o mesmo que há cinco dias enfrenta um terremoto de acusações de propina, aparece em vídeos recebendo dinheiro ilícito e está presente em capas de jornais do Brasil inteiro como o líder da bandidagem da Capital Federal.

Mas na capa do CB de hoje Arruda posa de vítima. O jornal demorou três dias até falar do caso com destaque. E agora surpreende seus leitores com uma entrevista "exclusiva" de Arruda disparando contra o ex-governador Joaquim Roriz (que responde a processos por grilagem no período em que governos o DF).

Dessa forma o CB desviou o foco principal do caso, a corrupção no governo Arruda. Protege po governador e ainda abre seu voto para 2010.

Que saudade do Correio Braziliense da virada do milênio!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sem hierarquização só tem confusão


Os elementos que formam uma página de jornal têm ordem de interesse. Ou seja, tal matéria, tal foto, é potencialmente mais importante, relevante ou interessante que outra.

Isso é edição. Editar é decidir o que deve estar mais à mostra. É avaliar e definir o tamanho, o corte, o desenho de cada elemento.

O problema é que muitos diretores e editores adoram fugir dessa responsabilidade, para evitar riscos.

Quando um jornal publica duas fotos exatamente com o mesmo corte, com elementos semelhantes, mas de asuntos totalmente diferentes, isso revela um projeto gráfico mal concebido e o medo de seu diretor.

A capa do Jornal de Limeira (Limeira, SP), com duas fotos absurdamente iguais e que se confundem, é exemplo de como não se deve fazer a primeira página.

Arte em dois tempos

A arte está virando protagonista do bom jornalismo.
O Post Register (Idaho Falls, ID) teve o cuidado de esculpir em uma batata para chamar atenção sobre o tema da manchete. Um trabalho de artista - e de paciência.
Enquanto isso o The Times (Londres, UK) ilustra o drama da guerra do Afeganistão com uma maravilhosa obra de Arabella Dorman, artista que foi até o front em Sangin há poucos meses.
Mais obras de Arabella Dorman sobre a guerra estão no site do The Times.


Os gaúchos só olham para o passado

O jornalismo moderno é que o antecipa, prevê, analisa, alerta.
Passado é notícia. Balanço é notícia. Estatística é notícia. Inteligência editorial é partir dessa notícia para fazer uma reportagem, agregar valor à informação pura e simples. Só isso justifica a compra de um exemplar. Repetir a notícia não convence. Não soma.
Os três jornais de informação geral Porto Alegre (RS) conseguiram sair na mesma linha hoje.
Todos noticiam o balanço das chuvas, a informação que vem pronta de fora para dentro da redação.
Nenhum deles usa a criatividade para dar uma linha a mais do que as TVs, rádios e sites deram na véspera.
Nada.
Correio do Povo, Zero Hora e O Sul não falam se vai chover mais ou menos em dezembro. Não preparam o leitor para o verão. Também não explicam os motivos de tanta chuva em Porto Alegre em suas capas.
Apenas acomodam-se com a informação de que foi o novembro mais chuvoso em 100 anos.
Impressionante.
Depois ainda vão procurar explicações para a queda de circulação.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Correio Braziliense está poupando o governador


Pode ser dinheiro, pode ser amizade, pode ser qualquer coisa que o bom jornalismo não explica.

Mas a atitude do Correio Braziliense (Brasília, DF) de poupar o governador José Roberto Arruda chega a ser uma punhalada na confiança que o leitor tem para com o seu jornal.

Pelo terceiro dia consecutivo o CB fala do asunto na capa, mas esquece de citar Arruda.

Não há nada mais importante hoje em Brasília do que o eventual impeachment do governador por corrupção. E o jornal finge que é só com outras pessoas.

Assim os leitores somem.

A humanização de uma matéria


O The Anniston Star (Anniston, AL) tinha uma pauta interessante: os 25 anos do sopão da cidade, que alimenta os moradores de rua e outros esfomeados sem condições de pagar pela comida.

Mas o jornal não "sentou" na pauta ou tratou-a de modo burocrático: foi buscar personagens, histórias, pessoas interessantes, como a menina Kelena Amos, que acabou na capa do jornal em uma foto fantástica.

Uma boa lição de criatidade do Star.

Nas mãos ou nos pés?

Os chavões desqualificam um texto. São deselegantes. Mas às vezes resolvem.
O Campeonato Brasileiro de Futebol será decidido na última rodada. Para ter chances, o Internacional precisa que o rival Grêmio tire pontos do Flamengo.
Uma situação inusitada, sem dúvidas.
Os jornais gaúchos misturaram chavão e informação e o resultado é uma salada de membros.
Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Jornal NH (Novo Hamburgo, RS) dizem que o Inter está na mão (ou nas mãos) do Grêmio. É um modo de dizer.
Diário Gaúcho (Porto Alegre, RS) e A Razão (Santa Maria, RS) afirmam que o Colorado depende dos pés do tricolor. É informação literal.
Segundo o músico Itamar Assumpção, morto há pouco mais de 5 anos, "chavão abre porta grande".


domingo, 29 de novembro de 2009

Os melhores do domingo

Que grande matéria da Folha de S. Paulo (SP) no domingo!
É uma reportagem que nasce da inteligência e da criatividade de sua equipe. A "criação" de uma igreja, pelo repórter Hélio Schwartsman, é uma das maiores sacadas do ano no jornalismo nacional.
A reportagem sobre as crianças de Acará, de O Liberal (Belém, PA), já seria um grande achado, mas a foto de Fernando Araújo é de arrepiar. O olhar do menino já conta exatamente o drama de Acará.
E o Comércio da Franca (Franca, SP) traz uma ótima reportagem com Ricardo Alberto Aidar, 32 anos, que vive há 5 em um hospital. Um dia depois de tropeçar em uma efeméride, a manchete do jornal está perfeita, impossível não entrar na matéria. Mas aí a curiosidade do leitor leva um soco no estômago: cadê a foto de Ricardo? Se estamos falando de alguém, uma pessoa, seria mais que recomendável mostrar que esse personagem interessantíssimo da cidade existe. E se a ética do jornal manda não dar a imagem de Ricardo, pela distrofia muscular, bastaria uma foto em contraluz ou levemente desfocada.


Boas ideias do exterior

O domingo sempre traz boas ideias editoriais.
Vem do Lubbok Avalanche-Journal (Lubbok, TX) um balanço sobre o avanço do vírus HIV na região onde circula o jornal. O título é muito mais que o óbvio jornalístico. Se 99% dos jornais titulariam "Vírus da AIDS avança em Lubbok", o LAJ apenas disse "Saiba disso".
O Statesman Journal (Salem, OR) fez uma comparação entre dois rivais no futebol americano escolar da região, que disputam o título da temporada. A "guerra civil" é uma inteligente agenda de comparações.
Já o Greeley Tribune (Greeley, CO) publica com o maior destaque a foto vencedora do concurso promovido pelo jornal junto aos seus leitores. Sem medo de dar bem grande.
Pequenos jornais, grandes idéias.

O Correio Braziliense aliviou de novo

Neste domingo O Globo (Rio de Janeiro, RJ) parece um jornal de Brasília, enquanto o Correio Braziliense (Brasília, DF) poderia ser de qualquer lugar, menos da Capital Federal.
O governador do DF foi pego "com a mão na massa". Há imagens (que estão em O Globo). Haverá processo. Arruda corre sério risco de perder o mandato. E o CB prefere investir na campanha contra o crack.
O principal jornal do DF aliviou. De novo.

Design que não funciona

Dois exemplos dos EUA de desenhos de capas equivocados.
O West Hawaii Today (Kailua Kona, HW) tinha ótimas fotos para compor sua primeira página. Mas resolveu publicá-las todas juntas, acreditando que os "espaços mortos" das imagens servem para aplicação de informação. Ficou horrível. Melhor se tivesse apostado bem em uma só. Assim ficou uma enorme confusão visual.
Já o The Rock Island Argus (Rock Island, IL) pretendeu vender seus conteúdos internos com uma enorme coluna à esquerda, como se fosse um catálogo de supermercado. Não funcionou. Roubou a atenção das matérias principais, poluiu o visual e ainda prejudicou quem quis enxergar as pequenas chamadas, uma vez que fotos com muitos elementos foram reduzidas a uma coluna.
Nem só de bom design vive a imprensa americana.