Já se sabia o teor do relatório final da CPI da Covid. Os parlamentares foram vazando aos poucos, ou seja, não havia grandes surpresas na votação de ontem.
E é aí que a criatividade jornalística precisa ser ainda maior, como fez o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) no impresso, hoje.
Uma forma nova, diferente, original de mostrar as acusações contra o Presidente da República. Não chega a ser uma obra prima, mas é - de longe - o jornal que melhor trabalha o dia seguinte entre os impressos do Brasil.
O CENP (Conselho Executivo das Normas-Padrão), entidade que cuida da ética e boas práticas na publicidade brasileira, revelou alguns números sobre o mercado anunciante no primeiro semestre de 2021.
A boa notícia é que o valor total (R$ 7,366 bilhões) é 28,7% maior do que no mesmo período de 2020. Ou seja, o mercado está em recuperação. A má notícia é que ainda não alcançou o patamar de 2019 (está 11% abaixo), mas já é um bom sinal.
Muito significativa a divisão de verbas, com um crescimento contínuo do Digital (já alcança 28,2% do total) e queda acentuada dos impressos (1,9% para jornais, 0,4% para revistas). Para comparação, no levantamento do primeiro semestre de 2017, por exemplo, jornais abocanhavam 3,5% do mercado, revistas 2% e o Digital tinha 13,4%.
PS: colaboração do atento colega Cláudio Thomas, a partir de dados compartilhados pelo jovem veterano José Maurício Pires Alves
E enfim o primeiro jornalão rendeu-se ao formato compacto, preferido por 9 entre 10 leitores remanescentes de impressos. O Estado de S. Paulo (SP) chegou aos assinantes com 13 centímetros a menos de altura e faltando uma coluna na largura. Não chega a ser uma enorme mudança, mas para um diário centenário, conservador, com modelo de negócios ainda muito dependente do papel, já é um avanço.
A redução no tamanho não trouxe um novo modelo gráfico, mas uma adaptação do anterior - o que é um risco. Só que ele está bem concebido. Deve funcionar. O jornal parece mais leve, com mais respiro, e será fundamental resistir à tentação de colocar mais e mais conteúdos nos espaços em branco.
A fórmula Estadão continua intacta: Opinião no início, um grande número de editorias e a opção por 3 cadernos diários (mais dois semanais). Possivelmente essa será a primeira armadilha a ser desfeita, nas futuras revisões: cadernos não combinam com formatos compactos. A ideia de que um mesmo impresso é lido ao mesmo tempo por vários membros de uma mesma família não faz qualquer sentido. E as negociações com anunciantes acabam dinamitando as ideias de cadernos.
O Estadão acerta em adotar uma reportagem "a fundo" todos os dias, bem como faz uma boa aposta com a matéria "fora dos padrões" no fechamento do primeiro caderno. Pode dar certo, depende apenas da capacidade editorial de fazer essa reportagem ser interessante sempre.
A redução do tamanho de O Estado de S. Paulo é uma boa - e inevitável - notícia no mundo dos impressos. O movimento ainda foi tímido, poderia ser bem mais ousado, mas é um primeiro passo para a sobrevivência dos impressos.
Os assinantes já receberam, nas bancas de São Paulo ainda se pode encontrar algum exemplar. Trata-se de um documento histórico, o último O Estado de S. Paulo (SP) em formato Standard. Enorme, jornalão, igual a Folha de S. Paulo (SP) e a O Globo (Rio de Janeiro, RJ).
Há 20 anos os primeiros Standards do mundo começaram a diminuir de tamanho. Os ingleses, por exemplo. Pouco a pouco centenas de marcas pelo mundo adotaram a redução - a grande maioria por economia de papel, alguns poucos por entenderem que o leitor prefere um formato compacto, mais cômodo, que pode ser lido em mesa de bar, no ônibus, onde for.
Mas há riscos na alteração de formato. Se não houver um estudo, uma estratégia que impeça a diminuição de receitas, se os clientes - leitores e anunciantes - não forem escutados antes, nada vai funcionar. Outro erro que costuma sepultar as reduções de formato é a adaptação dos modelos gráfico e editorial ao berliner ou tabloide. Não funciona apenas diminuir tudo como se fosse um "zoom-out". A arquitetura informativa é outra, o impacto visual também. É preciso pensar tudo como sendo um novo produto - sem perder o DNA.
Amanhã o leitor vai conhecer o novo Estadão. Se funcionar, não é difícil prever que Folha e O Globo seguirão o mesmo rumo, possivelmente em 2022.
O Brasil atingiu ontem a nada invejável marca de 600 mil mortos em decorrência da Covid-19. Um número que assusta, escancara a incompetência federal na prevenção da doença.
Mas parece que a grande imprensa acostumou-se com os números absurdos. O Estado de S. Paulo (SP), por exemplo, sequer citou na capa de hoje essa "façanha". Nada. Nem uma linha.
Os demais jornalões publicaram a informação, mesmo não sendo em manchete. Mas o silêncio, nesse caso, é tratar o caso como se fosse algo normal. E não é.
O momento é de revalorização do impresso, com reportagens profundas, opinião, análise, posicionamento. O Estadão parece querer ir para o lado oposto. Aí não há redução de formato que o manterá vivo.
A notícia do colunista Guilherme Amado, no Metrópoles (Brasília, DF), mexeu com os gestores dos grandes meios impressos do Brasil. O Estado de S. Paulo (SP), mais de 100 anos de história, vai adotar o formato berliner a partir de 17 de outubro.
Não chega a ser uma surpresa gigantesca, uma vez que a mudança para o formato compacto pode reduzir os custos industriais em até 30%. Surpresa é o conservador Estadão virar berliner antes dos demais jornalões. Mas deve ter seus motivos.
Agora é preciso esperar os movimentos do jornal dos Mesquita. Sem dúvidas Folha de S. Paulo (SP) e O Globo (Rio de Janeiro, RJ) vão acabar seguindo o mesmo caminho. Como já fizeram O Popular (Goiânia, GO), Correio* (Salvador, BA) e tantos outros, no Brasil e no mundo.
Só que a redução no formato não é coisa para amadores. Não basta cortar papel. Sem uma estratégia e um desenho adequado, a tentativa fracassa.
Um impresso, como se sabe, deve agregar valor à informação. Pode ser crítico, desde identificado com a audiência. Pode até ter opinião. Mas não deve ficar sobre o muro - ou torna-se supérfluo.
O discurso do presidente da República na ONU foi uma oportunidade fantástica para os impressos brilharem - até pela facilidade do tempo (o evento foi pela manhã, horário brasileiro). Mas não foi o que se viu, na prática.
Os jornalões foram "mais do mesmo". Difícil entender.
Brilhou o Extra (Rio de Janeiro, RJ), com a capa que escancara as mentiras do presidente. E o destaque negativo foi o outrora crítico Correio Braziliense (Brasília, DF), com a manchete mais chapa-branca do dia.
A Fadiga de Notícias, a perigosa novidade que veio do estudo do Instituto Reuters, novo artigo para o Meio & Mensagem (SP).
PodcastThe Coffee Americano, do mexicano Mauricio Cabrera. Ótima conversa que tivemos sobre jornalismo na América Latina.
Jornalismo é ir mais além da notícia. Está na entrevista que acaba de sair em A Tribuna (Santos, SP).
Vídeo da entrevista que dei a El Mercurio (Cuenca, Equador) sobre futuro dos meios de comunicação e também sobre a realidade política do Brasil.
Entrevista que dei ao Infobae (Buenos Aires, Argentina) conta um pouco do que está acontecendo (e do que vai acontecer) com o jornalismo e com as empresas de comunicação. Vale a leitura.
mentoria: ideias para mudar de verdade
Mídia Mundo inova mais uma vez. Agora é o Projeto Mentoria, um apoio estratégico às empresas de comunicação para resolver problemas pontuais. Rápido e certeiro.
Com a identificação do problema-chave, Mídia Mundo auxilia na busca imediata de soluções. E constroi alternativas para o crescimento sustentável.
O Projeto Mentoria é uma ótima opção para orçamentos reduzidos, uma vez que muito do trabalho é desenvolvido em remoto, aproveitando as ferramentas tecnológicas hoje disponíveis a todos.
Só nos primeiros seis meses do ano, a Mentoria Mídia Mundo vem atuando em uma empresa do eixo Rio-São Paulo, no México, na América Central e no Interior do Rio Grande do Sul. tessler@midiamundo.com
novidade: direção por tempo determinado
Se há algo que tira o sono das empresas de comunicação é a falta de capacidade dos líderes em promover mudanças pesadas. Pessoas de alto valor, mas que não conseguem mudar a lógica de trabalho.
Isso é natural. E não diminui o talento desses líderes.
A solução é trazer um apoio externo, por tempo determinado, para que execute as mudanças complicadas, carregando o peso negativo que qualquer transformação provoca.
Mídia Mundo desempenhou tal papel em uma empresa paulista em 2011, em outra fora do eixo Rio-SP em 2015 e ainda no ano passado na Argentina. Com enorme sucesso.