Imprima essa Página Mídia Mundo: O veneno e a vacina. E jornais do passado

domingo, 23 de maio de 2010

O veneno e a vacina. E jornais do passado

A Folha de S. Paulo (SP) chegou às bancas hoje com novo projeto gráfico e algumas mexidas editoriais.
A julgar pela capa, em que a manchete ganhou peso em bold assemelhando-se ao logo, a mudança é do tipo "mais do mesmo".
O concorrente O Estado de S. Paulo (SP), que também lançou novo projeto gráfico neste ano, preparou-se para este dia e apresentou hoje novo caderno de classificados, bem como uma edição caprichada com várias "iscas" de compra, como o material sobre iPad e um especial no México.
É o veneno da Folha e a vacina do Estadão. Isso é normal em ambientes de concorrência.
O problema é que nem Estadão, nem Folha, mexeram no principal: o conteúdo do jornal.
Quem tem tempo para ler mais de 100 páginas em um domingo?
Para que serve um quilo de papel de jornal no fim de semana? Certamente não para leitura.
Vender 300 mil exemplares em uma cidade como São Paulo - quase 20 milhões de pessoas - não é nada espetacular. Significa que há um enorme espaço aberto de potenciais leitores que não gostam destes jornais.
Mudaram a embalagem, mas o conteúdo segue enferrujado, velho, desnecessário. Folha e Estadão não conseguem se desvincular do DNA tradicional, nem com os apelos da atriz Fernanda Torres na propaganda, que fala em jornal do futuro.
Folha e Estadão são, mais do que nunca, jornais do passado.


4 comentários:

  1. Eduardo,
    li todo o caderno da Folha explicando as mudanças gráficas e até agora não sei quem foi o responsável pelo novo projeto gráfico... Houve um modelo "de fora" ou foi algo, digamos, autóctone?...]
    Mas, aproveitando o conhecimento que vc tem, creio que a mudança merece um novo comentário seu, mais específico e menos generalista.
    O aumento do tamanho das letras em 12% não é uma novidade na imprensa brasileira?
    E a "Ilustríssima" (que substituiu o "Mais!")? Pareceu-me estranho a colocação de cartuns em meio a reportagens sem que eles nada tenham a ver com a dita cuja. Ou seja: o cartum que está no meio das reportagens tem autonomia, não está vinculada à matéria. E ele ainda aparece sinalizado por uma seta que sai da matéria! Algo assim como uma mistura da Reader's Digest com a The New Yorker.
    De todo modo, a mim, leitor numa manhã sonolenta no aeroporto do Recife, a reforma do Estadão ficou com cara de velha depois desta da Folha.

    Vandeck Santiago
    Recife-PE

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  2. caro eduardo, que reforma é essa da folha? me parece apenas que diminuíram, MUITO, os textos, com o aumento da letra (12% só? duvido). o assinante pagará menos pelo jornal com isso? claro que não, a folha simplesmente assalta o leitor. quanto ao caderno ilustríssima, não tem identidade nenhuma, é uma salada geral. pelo menos o arrogante, acadêmico e ininteligível caderno mais acabou.
    ps - vc poderia dar os links dos textos que cita, nos ajudaria mais a partilhar de suas dicas.

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  3. Tive uma grande decepção com essa nova reforma gráfica e editorial da Folha. Achei a parte gráfica de gosto duvidoso e muito confusa.
    Editorialmente, acho que as apostas foram um pouco baixa para um jornal que se diz do futuro. Aliás, que inovação é essa que se preocupa com o impresso e dá uma pequena "garibada" em seu online, não por questões ideológicas mas para não parecer parado no tempo. Ainda, no vídeo-documentário que está no site da folha, temos o novo diretor de redação, Sérgio Dávila, falando sobre o iPad, que o aparelho pode ser bonitinho, porém as pessoas querem o papel. Um pensamento um pouco atrasado para quem quer ser o jornal do futuro. Como leitor, eu ficaria feliz em ter a opção de escolher onde ler o meu jornal diário. Enfim, coisas da Folha.
    Abs

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  4. Caros Vandeck, Zé Augusto e Rodrigo:
    Obrigado pelas mensagens. Essa discussão sobre o novo Projeto Gráfico da Folha - e consequentemente sobre PGs em geral - é super positiva.
    Também esperava mais da Folha. E do Estadão.
    Quem ainda quem um jornal standard? Em uma cidade como São Paulo, em que você perde horas e horas no trânsito ou no metrô, um jornal em formato compacto (berliner ou tablóide) não seria melhor? Ou alguém ainda acha que para ser sério é preciso ser standard?
    O "x" da questão Folha e Estado não é mais o grafismo, mas o conteúdo. Enquanto esses jornais continuarem chatos, publicando notícias e mais notícias como se fossem novidades - e com isso ignorando TV, rádio, Internet e todas as mídias digitais - a situação não vai mudar.
    Prometo avaliar melhor a Folha, Vandeck, mas deixe a reforma gráfica completar mais alguns dias primeiro.
    Abração para todos!

    Eduardo

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